PADRE LUIZ CARLOS DOM RAYMUNDO E DOM FRÉ |
“Cristo Ressuscitado em nosso meio”
O jeito de seguir Jesus
A comunidade, que “era assídua no ensinamento dos Apóstolos, na união fraterna, no partir do pão e nas orações”, questionava-se sobre a ausência de Jesus em seu meio, como tiveram os apóstolos depois da Ressurreição. Os discípulos temiam ainda o terror imposto pelas perseguições, como aconteceu aos apóstolos que se sentiam perdidos sem Jesus. Diriam como nós diríamos: Ah! Se tivéssemos a presença de Jesus ressuscitado, seria tudo tão diferente! Este evangelho de hoje nos garante que Ele está presente. Nós não O vimos mas acreditamos mesmo sem tocá-lo com as mãos, como queria Tomé.
Profissão de fé, quem acolhe o testemunho dos que viram o Senhor, proclama sua presença. A presença do Ressuscitado garante a resposta da fé. Como eles, ficamos alegres. O Ressuscitado vem sempre e está sempre presente. Ele é o mesmo, por isso mostra a mãos e o lado, sinais de sua morte. Em nossas celebrações temos a mesma presença de Jesus e com a mesma força. Ele continua a dar o Espírito e a enviar para a missão de reconciliação (Jo 20,21-23). Por isso recebemos de Jesus a afirmação: “Bem-aventurados os que creram sem ter visto” . E como Tomé podemos fazer a maior profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus”! (Jo 20,27-29). Comunidade, presença do Ressuscitado
A aparição de Jesus ao grupo reunido, depois da ressurreição, acontece no domingo. A comunidade fraterna que parte o pão, ora, ouve a Palavra é o lugar privilegiado da presença de Jesus. “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles” (Mt, 18,20). A comunidade se fundamenta na união do amor que a fé produz. Tomé é exortado a crer sem ver, pois a fé é dom do Espírito que é dado à comunidade para a reconciliação. Pelo Espírito mantemos viva a fé que é a condição para a paz, o Shalom de Deus. O Batismo nos conduz à herança, mesmo em meio às provações. A fé é vivida na comunidade. Os que haviam abraçado a fé viviam unidos. A comunidade só será testemunho da presença do Ressuscitado quando estiver na unidade, tendo tudo em comum, assíduos na escuta da Palavra de Deus, na fraternidade, participando da celebração e dedicada à oração. O mistério cristão será uma bênção e um anúncio para o mundo na medida em que o Ressuscitado transparece através de nossa vida. Assim poderemos testemunhar a fé que levará outros a crerem que Ele está vivo, sem precisar tocar.
Assim como Pai me enviou
A aparição de Jesus não é somente um conforto aos assustados discípulos que estavam com as portas fechadas, mas é uma missão. Ele os envia, como Ele próprio foi enviado. Por isso dá o Espírito Santo. É o tempo do Espírito. Agora somos nós os enviados. É o mistério da redenção que continua sua ação, aquela mesma que realizou Jesus, com o mesmo vigor de salvação. Jesus sopra sobre os discípulos: sopro que cria o homem, cura, ressuscita os mortos, como em Ezequiel, faz dos discípulos novas criaturas. O Espírito é sopro de vida que cria o homem novo feito à imagem de Cristo. Somos enviados para a reconciliação e para o perdão. Esta é a grande realização de Deus com a humanidade. O Evangelho não se refere só a uma comunidade na terra, mas que continua na posse da herança incorruptível nos céus (1Pd 1,4). Nossa missão é mostrar a esperança que nos anima e a alegria de saber que Jesus está entre nós.
Leituras: Atos 2,42-47; Salmo 117;1Pedro 1,3-9; João 20,19-31
Ficha nº 1018 - Homilia do 2º Domingo da Páscoa (01.05.2011)
1.A comunidade sentia a ausência de Jesus em seu meio, como tiveram os apóstolos. Os apóstolos, na perseguição, passaram por essa experiência de ausência. Entendem que sua presença não é para ser tocada fisicamente, mas crida fielmente. Nas celebrações temos a mesma presença de Jesus que dá o Espírito e envia para a missão de reconciliação.
2.A presença do Ressuscitado acontece no domingo. A comunidade é o lugar privilegiado da presença de Jesus. Ela se fundamenta no amor que a fé produz. A comunidade só será testemunha do Ressuscitado se viver na unidade, na oração, na escuta da Palavra e na fraternidade.
3.A aparição não é só conforto. Ele os envia, como Ele próprio foi enviado. Vivemos o tempo do Espírito. O mistério da redenção continua sua ação com o mesmo vigor. Somos enviados para a reconciliação e para o perdão.
Plantado em quatro pés
A comunidade dos primeiros seguidores de Jesus sabia que Ele estava presente no meio deles. De onde lhes veio essa certeza? Essa é a garantia que Ele está presente no meio deles. Ela os tornava unidos, ouvindo o ensinamento dos apóstolo, rezando e celebrando a eucaristia que chamavam de partir o pão. Só Jesus podia fazer esse milagre.
No começo estavam inseguros porque não tocavam Jesus como os apóstolos tinham tocado. Mas Jesus, quando aparece aos discípulos, dá a paz que vem de Deus, pelo Espírito Santo que é doado. A presença do Espírito é para a remissão dos pecados.
Tomé, que não estava presente (é padroeiro dos que chegam sempre atrasados). Ele só acreditava que Jesus estava vivo, se tocasse nas suas chagas. Jesus afirma que crer que Ele está vivo é muito mais que tocar com as mãos, pois a fé modifica o coração. Mas Tomé fez a maior profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus!” Bonito!
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