Somos todos “cegos” de nascença, pelo pecado de Adão, mas no Baptismo fomos “iluminados” pela graça de Cristo, “luz do mundo”: recordou-o Bento XVI neste domingo ao meio-dia, por ocasião do Angelus recitado na Praça de São Pedro, com uma multidão ali congregada sob um esplêndido sol primaveril. O Papa aludia ao Evangelho do “cego de nascença”, que a Igreja proclama neste quarto domingo da Quaresma, em que se tradicionalmente se sublinha a alegria a que o cristão está chamado.
“Qual a razão profunda desta alegria?” – interrogou-se Bento XVI, que indicou a resposta no Evangelho do dia: a descoberta de Jesus como “o Senhor” que nos ilumina e salva.
“È de sublinhar como uma pessoa simples e sincera, percorre, de modo gradual, um caminho de fé: num primeiro momento, encontra Jesus como um “homem" entre outros, depois considera-o “profeta", e finalmente abrem-se-lhe os olhos e proclama Jesus como “Senhor”.
Em contraposição com a fé do cego – observou o Papa – deparamos com o endurecimento de coração dos fariseus, que não querem aceitar o milagre, porque se recusam a acolher Jesus como o Messias. Por sua vez, a multidão limita-se a discutir o que aconteceu, permanecendo distante, indiferente. Os próprios pais do cego ficam dominados pelo medo do juízo dos outros.
“E nós, que atitude assumimos perante Jesus? Também nós nascemos “cegos”, por causa do pecado de Adão, mas na fonte baptismal fomos iluminados pela graça de Cristo. O pecado tinha ferido a humanidade, destinando-a à obscuridade da morte, mas em Cristo resplandece a novidade de vida e a meta á qual somos chamados”.
A vida cristã – observou ainda o Papa – é uma contínua conformação com Cristo, imagem do homem novo, para chegar à plena comunhão com Deus. O Senhor Jesus é “a luz do mundo”.
“Quando a nossa vida se deixa iluminar pelo mistério de Cristo, experimenta a alegria de ser libertada de tudo o que ameaça a sua plena realização. Nestes dias que nos preparam para a Páscoa, reavivemos em nós o dom recebido no Baptismo, aquela chama que por vezes corre o risco de ficar sufocada. Alimentemo-lo com a oração e com a caridade para com o próximo”.
Após a recitação das Ave-Marias, Bento XVI recordou ainda que neste sábado, 2 de Abril, ocorreu o sexto aniversário da morte de João Paulo II, assegurando tê-lo recordado na oração.
“Ao mesmo tempo que nos preparamos para a festa de Páscoa, aproximamo-nos também, com alegria, do dia em que poderemos venerar como Beato (bem-aventurado) este grande Pontífice e Testemunha de Cristo, confiando-nos ainda mais à sua intercessão”.
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