Pe. Luiz Carlos de Oliveira CSsR
“Levou consigo cativo o cativeiro” (Ef 4,8)
385. Membros de um corpo glorioso
Celebrando a liturgia da Ascensão compreendemos melhor mais a vida cristã. A espiritualidade assume uma positiva e alegre atitude de conhecimento de nossa realidade: Somos membros do Corpo de Cristo e somos levados ao Céu com Ele. Por isso fomos resgatados por Cristo pelo Seu sangue e somos agora, levados com Ele. Ele nos comprou. Por isso somos cativos dEle. É uma linguagem que nos ensina a perceber, não uma dependência de escravidão, mas uma liberdade de ser com Ele. Fazendo-nos cativos, estamos unidos a Ele como os membros de um corpo, que são unidos entre si e, em certo sentido, unidos uns aos outros e a Ele. Essa prisão não nos tira a liberdade. Não nos faz escravos, mas livres ligados a Ele por correntes de amor e opção generosa. Membros de Cristo, participamos de tudo o que Cristo é e faz. Ele, em sua Ascensão, não se afastou da humana fragilidade (prefácio), mas continuou unido a ela, como o foi desde a Encarnação. Essa união que O seguiu na morte e ressurreição, continua em sua entrada na glória. Nossa humanidade permanece nEle pela união das duas naturezas (divina e humana). Por isso a vida cristã não é uma conquista dolorosa de um bem futuro. É viver gostosamente aquilo que é já uma realidade. Quem crê no Filho tem a vida eterna (Jo 6,40). Esta vida eterna começa aqui e agora já pois ela já está junto de Deus em Cristo. Temos a vida eterna por estamos unidos a Cristo e por buscarmos vive-la na fé e na caridade. O doloroso da vida espiritual é perder o que Cristo nos deu.
386. Humanidade glorificada
Estando nEle, estamos na glória com Ele. Não é um momento estático, mas um permanente movimento de ida ao Pai para participar eternamente da glória. A oração diz: membros de seu Corpo, somos chamados a participar da sua gloria (oração). O rio da Vida que saindo do coração do Pai veio ao mundo e, em Jesus, chegou a nós na Ressurreição. O rio, com a Ascensão, irrompe em nossas assembléias. A vida que nos deu, dirige-se ao Pai. Essa vida se realiza aqui agora. Por isso continuamos com Ele, vivendo em nossa condição de pecadores. O Ressuscitado tem as marcas das chagas e do corte da lança. Estamos glorificados com Ele, e Ele continua presente entre nós, até o fim dos tempos (Mt 28,20), até que entregue o Reino a Deus seu Pai, depois de ter destruído todo poder (1Cor 16,24). Assim dizemos que temos tudo já, mas não agora. É difícil compreender como a espiritualidade consistiu em uma busca sofrida de ser santo para poder ir para o Céu, quando seria mais fácil e compreensível, acolher o que Cristo nos conquistou correspondendo e lutando contra os restos do pecado que agem em nós, como Paulo nos explica dizendo que ele tem uma luta interior: “não faço o bem que quero, mas pratico o que não quero” (Rm 7,19). Não podemos perder de vista o que diz Paulo: “saber a esperança que o seu chamamento nos dá” (Ef. 1,18)
387. Esperança que nos é dada
Não estamos perdidos, lançados num mundo cheio de males que nos corroem por dentro. Certamente que não podemos nos descuidar de praticar o bem e vencer o mal. Contudo, a esperança nos garante a fé que vivemos na caridade. Mais ainda, o que Cristo nos conquistou e nos deu tem uma garantia, um penhor, o Espírito Santo que nos foi dado (2Cor 5,5). Ele está em nós e age em nós e conosco. Os apóstolos dizem: “Pareceu bem ao Espírito Santo e nós” (At 15,28). A vida cristã, vista a partir da Ascensão, tem sabor de vitória e alegria. Ele vai voltar como vistes subir, dizem os anjos. Voltar serenamente todos os dias. Por isso os discípulos ficam alegres e têm uma força de anúncio fortíssima. Sabem em quem acreditaram.
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