Padre Walmir respondeu em 28/02/11

PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR

Sissi Maria de Matos: Minha tia faleceu há oito anos ela era como uma mãe para mim, e pouco tempo eu sonhei com ela me pedindo para cuidar do filho dela. Vinte dias depois o meu primo faleceu. Meu sonho com a morte dele faz algum sentido?

Não faz sentido nenhum uma coisa com a outra. Certamente você estava preocupada com ele e sonhou isto. Os sonhos não tem nada a ver com a realidade, são manifestações de nosso inconsciente ou subconsciente. Não fique relacionando uma coisa com a outra.

Maria Rita: Por que os católicos não usam e não sabem manusear a Bíblia durante a missa? Acho que teria que ser a Bíblia e não os folhetos.

Tanto faz usar a Bíblia, como o folheto, pois nele tem os textos já escritos. Para dizer que sabe usar Bíblia não precisa usá-la na missa. Outra coisa, o importante não é saber manusear a Bíblia, isso é secundário, mas o importante é viver o que nela contem. Muitas pessoas criticam os católicos por não saber manusear a Bíblia, mas eu pergunto os que sabem manusear e até sabem textos decorados, será que vivem os seus ensinamentos? Os fariseus e os escribas eram muito preocupados com a tradição dos antigos, a maneira correta de lavar as mãos, os copos, pratos e jarros. Jesus e os seus discípulos pensavam de outra forma. O mais importante não era o exterior, e sim o interior. Por isso, o Mestre os chama de hipócritas. E citando o profeta Isaías diz a respeito deles: “Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. Em vão me prestam culto, pois o que ensinam são mandamentos humanos.” (Is 29,13). Na certa, aqueles homens conheciam estas palavras do profeta, mas ainda assim preferiam mostrar uma aparência de cumpridores da lei, uma vez que ninguém via o que se passava por dentro deles. Porém, Deus conhece os nossos corações (confira os seguintes versículos: 1Rs 8,39 = 2Cr 6,30; Lc 16,15; Jo 2,25; At 15,8).

Silvana: A Bíblia fala para não idolatrar imagens, mas em nossa Igreja há várias imagens. É certo? Gostaria também que me explicasse estas palavras: “dizei uma só palavra e serei salvo!”.

Você disse corretamente, a Bíblia fala para não idolatrar imagens, mas não proíbe ter imagens. Idolatria é você dizer que a imagem é um deus. Nós nunca falamos isso e ninguém acha que a imagem é Deus, ela é uma representação de um santo, ou do próprio Deus. Leia Js 7, 6); Nm 21, 8; Ex 25, 18-20; I Reis 6, 23-35 e 7, 29; Ex 25, 17-22; 1Rs 6, 23-28; 1 Rs 6, 29s; Nm 21, 4-9; 1Rs 7, 23-26; 1 Rs 7, 28s. Sobre a palavra que traz salvação: refere-se do episódio da cura do criado do Centurião Romano que está em Mateus 8,5-13: “E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe,E dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado.E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde.E o centurião, espondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar.Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e ele o faz.E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé”. A palavra é palavra de salvação.

Gisele Rosa: É pecado recusar atender aquelas pessoas que passam de porta em porta querendo entrar em casa. Com uma bandeira de santo?

Hoje está muito difícil acolher pessoas estranhas em nossas casas, tome cuidado se não conhecer. Muitos malandros travestidos de pessoas piedosas entram em casa para nos fazer mal. Eu não recebo.

Laudivina: Já ouvi várias vezes comentar sobre “ir para o inferno ou para o céu”, eu acho o seguinte, que o céu não é um lugar físico e sim um estado de espírito. “Onde está o seu tesouro, aí está o seu coração”, não é isso?

Exatamente isso, o céu e o inferno não é um lugar geográfico e/ou físico, portanto não podemos ir para lá, pois só vamos para algum lugar. O espírito não ocupa espaço e nem tempo, portanto nós seremos céu ou inferno, de acordo com nossa opção. Mas a expressão é tão comum de se dizer que todos falam sem perceber, não tem problema algum continuar falando assim.

Valdeci Ribeiro: Meu marido me traiu com minha sobrinha há muito tempo atrás. Ela já faleceu e ele mora na minha casa, só que vivemos separados. Até hoje não consegui perdoá-los. Às vezes fico muito triste por conta disso, o que devo fazer?

Claro que você deve perdoar, o perdão deve ser dado sempre, é o que Jesus nos ensina. Agora eu não entendo o porque de estarem vivendo na mesma casa se já estão separados, não concordo com isso. acho que quando não existe mais amor e nem casamento, não tem sentido viver juntos na mesma casa, cada um deve seguir sua vida.

Maria Augusta: Por que a indulgência plenária pode ser concedida só uma vez por dia e a indulgência parcial pode várias vezes ao dia?

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, uma indulgência é “A remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa (remissão), que o fiel bem-disposto obtém, em condições determinadas, pela intervenção da Igreja que, como dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações (isto é, dos méritos) de Cristo e dos santos. A indulgência é parcial se remover parte da pena temporal devida pelo pecado, ou plenária, se remover toda a pena.”

As seguintes definições também são muito importantes na compreensão deste assunto: Pena Eterna: “A pena por pecados mortais para os quais não houve arrependimento, separando o pecador da comunhão com Deus por toda a eternidade; a condenação do pecador não arrependido ao inferno.”

Pena Temporal: “Purificação do apego prejudicial às criaturas, que é uma conseqüência do pecado que perdura mesmo após a morte. Devemos ser purificados durante nossa vida na terra através de oração e uma conversão que vem de fervente caridade, ou mesmo depois da morte, no purgatório.” Você pergunta o porquê, eu respondo que, de acordo com essas definições acima, para que receber mais de uma vez a plenária, se ela já é total? Uma por dia já está de bom tamanho.

Tarcísio: Com sua experiência de vida, o que considera mais difícil para o homem como prova de vida: a riqueza ou a pobreza? Por que?

As duas coisas são desafiadoras para o homem, a riqueza e a pobreza em demasia. Mas certamente a mais dolorosa é a pobreza, aliás, a miséria. É duro ter falta do básico para viver.

Vanusa: Gostaria que falasse sobre esta frase: “Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, pois delas é o Reino dos céus”!

Jesus está nos ensinando a viver com pureza de coração, não deixar que a malícia do mundo tome conta de nossa vida e nos impeça de vislumbrar o Reino de Deus. Ser como criança é ser puro e verdadeiro.

Tânia: A maçonaria é bem vista pelo catolicismo?

Desde o papa Leão XIII, na encíclica Humanum Genus, promulgada no dia 20 de abril de 1884, a Igreja condena a maçonaria . Tal condenação é, conforme palavras do próprio atual Papa Bento XVI, válida ainda hoje. Esta encíclica de Leão XIII é o ponto culminante de uma série de encíclicas de vários papas que, desde o inicio da maçonaria, condenam esta seita. Maçonaria, segundo Leão XIII, mantém mistérios e objetivos secretos que são vedados à revelação pública por seus adeptos, alguns dos quais sendo passíveis de punição com a morte dos que violarem seus segredos, e também acusa-a de disfarçar suas ações ilícitas através da filantropia e de um pretenso cultivo das ciências.

Não identificada: Um casal amigo meu se casou na Igreja Católica, mas decidiram que não querem ter filhos. A Igreja teria alguma restrição quanto a este casal?

A tendência do homem moderno de criar uma nova ordem de prioridades quanto aos fins do casamento, convertendo o amor mútuo no principal objetivo ou mesmo no objetivo total e único do casamento. Ao mesmo tempo, reduz-se a possibilidade de ter filhos - um ou dois filhos - a uma simples circunstância; a maioria dos casais quererá tê-los como parte da sua auto-realização, ao passo que outros, de modo igualmente legítimo, talvez prefiram um ou dois carros, uma ou duas casas. Para muitas pessoas de hoje, os filhos desempenham no casamento o mesmo papel que os acessórios num automóvel: são "opcionais". Inclua-os, se você gosta deles ou pode arcar com o gasto. Caso contrário, o casamento - como o automóvel - "funcionará" perfeitamente sem eles. A isto, a Igreja responde com um rotundo "Não". Somente em casos realmente excepcionais é que um casamento "funcionará" bem sem filhos, sem os filhos que Deus quer dar a cada casal em particular. Pode acontecer que Ele não queira que um determinado casal tenha filhos, mesmo que marido e mulher estejam ansiosos por ter uma família. Essas uniões (materialmente) estéreis podem ser felizes, se ambos os cônjuges aceitarem a vontade de Deus. Nesse caso, receberão graças especiais de Deus para aprenderem a amar-se um ao outro mais e mais com o passar do tempo. E podem - e até devem - conquistar uma fecundidade espiritual, dedicando o tempo e as energias que teriam investido nos filhos a atividades educativas e apostólicas que ajudem os outros. A exclusão deliberada dos filhos, porém, quer seja total, quer parcial, leva necessariamente qualquer casamento a "funcionar" muito mal. Trata-se de uma verdade - de uma regra ou lei de vida - que se encontra implícita no ensinamento da Igreja a respeito dos fins e prioridades do casamento.

Janete: O que a morte de Estevão em Atos dos Apóstolos tem a nos ensinar?

Todo martírio é um grande ensinamento para nós hoje, pois nos mostra a grandeza da defesa da fé, inclusive com a própria vida. Muitos dos santos da Igreja primitiva morreram em defesa da fé, isto mostra para nós a coragem de defender Cristo e divulgar o santo evangelho, custe o que custar, até a própria vida.

Acácia: Como a música surgiu na Igreja? Começou com o canto gregoriano? Por que tem esse nome?

Desde seu surgimento que a música cristã foi uma oração cantada, que devia realizar-se não de forma puramente material, mas com devoção ou, como dizia S. Paulo Apóstolo: "cantando a Deus em vosso coração". As canções já eram muito usadas na antiguidade, desde o povo judeu, no Antigo Testamento, vemos a presença da música para o louvor a Deus e o culto, um exemplo disso é o livor dos Salmos, que são canções para o culto divino. Não começou com o canto gregoriano, pois este foi instituído na Igreja na Idade Média (séc. VI) pelo Papa Gregório Magno.

Conceição: Por que a quaresma começa logo após o Carnaval? O que tem a ver uma coisa com a outra?

A festa carnavalesca surgiu a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A palavra "carnaval" está, desse modo, relacionada com a ideia de deleite dos prazeres da carne marcado pela expressão "carnis valles", que, acabou por formar a palavra "carnaval", sendo que "carnis" do grego significa carne e "valles" significa prazeres.

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