No dia 06 de janeiro passado, o Pe.Zulian nos mandou uma bela postagem sobre esse assunto que é perene.
E citou o MISTÉRIO DO NATAL de Fr.Raniero Cantalamessa ofmcap.
Agora tenho a satisfação de transcrever o texto, que trata, no sentido da união de todas as pessoas, profundamente do amor!
Glória e paz aos homens
Um antigo costume prevê para a festa do Natal três missas, chamadas respectivamente «da noite», «da aurora» e «do dia». Em cada uma, através das leituras que variam, apresenta-se um aspecto diferente do mistério, de forma que se tenha dele uma visão por assim dizer tridimensional. O evangelho da Missa da meia-noite se concentra no evento, no fato histórico. Descreve-se com uma desconcertante simplicidade, sem ostentação alguma. Três ou quatro linhas de palavras humildes e normais para descrever o acontecimento, o mais importante na história do mundo: a chegada de Deus à terra.
A tarefa de mostrar o significado e o alcance deste acontecimento é confiada pelo evangelista ao canto que os anjos entoam depois de ter dado o anúncio aos pastores: «Glória a Deus no alto do céu e paz na terra aos homens que ama o Senhor». No passado, esta ultima expressão se traduzia de maneira diferente: «Paz na terra aos homens de boa vontade». Com este significado, a expressão entrou no canto do «Glória» e se fez comum na linguagem cristã. Após o Concílio Vaticano II se costuma indicar com ela todos os homens honestos, que buscam a verdade e o bem comum, sejam ou não-crentes.
Mas trata-se de uma interpretação inexata e por isso atualmente em desuso. No texto bíblico original, trata-se dos homens aos quais Deus ama, que são objeto da boa vontade divina, não que eles tenham boa vontade. Deste modo, o anúncio é ainda mais consolador. Se a paz se outorgara aos homens por sua boa vontade, então se limitaria a poucos, aos que a merecem; mas como se outorga pela boa vontade de Deus, por graça, oferece-se a todos. O Natal não apela à boa vontade dos homens, mas é anúncio luminoso da boa vontade de Deus para com os homens».
A palavra-chave para entender o sentido da proclamação angélica é, portanto, a última, a que fala do «querer», do «amor» de Deus para com os homens, como fonte e origem de tudo o que Deus começou a realizar no Natal. Ele nos predestinou a ser seus filhos adotivos «segundo o beneplácito de sua vontade», escreve o Apóstolo; deu-nos a conhecer o mistério de seu querer, segundo o que havia estabelecido «em sua benevolência» (Ef 1, 5.9). O Natal é a suprema epifania daquele que a Escritura chama de filantropia de Deus, ou seja, seu amor pelos homens: «Manifestou-se a bondade de Deus e seu amor pelos homens» (Tito 3, 4).
Só depois de ter contemplado a «boa vontade» de Deus para conosco podemos ocupar-nos também da «boa vontade» dos homens: de nossa resposta ao mistério do Natal. Esta boa vontade deve se expressar mediante a imitação da ação de Deus. Imitar o mistério que celebramos significa abandonar todo pensamento de fazer justiça sozinhos, toda lembrança de ofensas recebidas, suprimir do coração todo ressentimento ainda justo, e isso com respeito a todos. Não admitir voluntariamente nenhum pensamento hostil contra ninguém; nem contra os próximos nem contra os distantes, nem contra os fracos nem contra os fortes, nem contra os pequenos nem contra os grandes da terra, nem contra criatura alguma que existe no mundo. E isso para honrar o Natal do Senhor, porque Deus não guardou rancor, não olhou a ofensa recebida, não esperou a que outro desse o primeiro passo até Ele. Se isso não é possível sempre, durante todo o ano, pelo menos o façamos no tempo do Natal. Assim esta será realmente a festa da bondade.
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