Pe. José Maria Wennekes, CSsR
Falecido em Warmond, Holanda - 29-01-1995
(82 anos)
Após a sua formação num Instituto Pedagógico (formação de professores para ensino primário), o Pe. José foi enviado, em 1946, para o Suriname na função de Vigário e Professor de ensino primário, de 1946 a 1952. No fim desse período pediu a sua transferência para o Brasil.
Chegou ao Nordeste Brasileiro em 1952. Abandonando o ensino, o Pe. José dedicou-se então, com toda alma, à sua vocação de Missionário do povo e no decorrer dos tempos, será Superior das Missões. Pregou inúmeras Missões em toda parte do Nordeste, até 1964. Teve como bases das suas atividades missionárias: Garanhuns, Juazeiro da Bahia e Campina Grande. O Pe. José era muito meticuloso nas suas programações e bastante pontual quanto ao horário. Os seus talentos didáticos se revelavam, principalmente, nas suas instruções e também no seu sistema catequético. Era realmente mestre por excelência na explicação da doutrina para as crianças.
Os cantos para as crianças, compostos por ele mesmo, eram logo assimilados pela criançada entusiasmada! O Missionário Pe. José era chamado o Padre ultramoderno da era atômica, porque aproveitava da “projeção luminosa” para elucidar mais concretamente a pregação e para que, através do visual, o conteúdo da pregação penetrasse mais a mente do povo.
Em 1964 a Vice-Província do Recife aceitou uma nova fundação a saber, São José da Coroa Grande, situada na região praiana a 120 km de distância do Recife. É uma cidadezinha de pescadores e veranistas.
A finalidade desta nova fundação seria propiciar aos confrades da Vice-Província um lugar adequado para as férias. Pe. José será um anfitrião muito amável e generoso. Com o seu inseparável cachimbo na boca e dois na mesa para a próxima baforada, ele sabia contar muitas histórias referentes às suas atividades em Suriname e às experiências das Missões, de maneira especial a respeito das Missões que pregou junto com Pe. Miguel.
A ação pastoral na sua função de Vigário consistia em visitas domiciliares e tudo isso era realizado dentro de um esquema extremamente sistemático. Tudo na hora exata!
Uma águia não defenderia mais ardentemente os seus filhotes contra certos ataques do que Pe. José o esquema dos seus horários. O Pe. José tinha o dom de conduzir os homens a adotarem atitudes mais religiosas. É, de fato, um fenômeno um tanto especial que, ao longo do litoral, a classe dos pescadores é considerada indiferente à religião. Eles passam semanas e semanas em alto mar para poder ganhar a sua miserável subsistência.
A pesca é vendida por um preço barato aos intermediários e estes vendiam o peixe por preço bem alto. Portanto, os pescadores viviam na pobreza e em decorrência disto, entregam-se à cachaça. Uma vida mais ligada com a Igreja lhes é estranha.
No entanto, o Pe. José conseguiu a participação religiosa de um grupo de pescadores. Infelizmente os seus sucessores não tiveram o jeito que ele tinha para continuar essa pastoral dos pescadores tão necessária.
O Pe. José foi acometido de uma crise estomacal e foi operado. Foi preciso fazer gastrectomia parcial. Isto fez diminuir as suas forças físicas. Não obstante foi nomeado Reitor do Convento de Campina Grande (de 1967 a 1972). Foram para ele anos muito positivos (Novena Perpétua), mas também de alguns dissabores. Naquele tempo, vários(as) religiosos(as) começaram a deixar os conventos a fim de morar no meio do povo pobre. Evidentemente, foi uma opção muito generosa: viver no meio dos pobres, partilhar os problemas deles; a inserção total daquele mundo, inspirada pela Palavra de Deus, Na busca de caminhos que levassem à libertação da pobreza e da miséria. Por experiência própria e por vários contatos, constatei que este ideal muito elevado era vivido de maneira autêntica por várias pequenas comunidades de Religiosas. Elas viviam essa opção com total liberdade, assumindo todas as conseqüências.
Mas o grupinho da comunidade do Pe. José não foi muito feliz na sua experiência no sentido acima mencionado. Foi mais um rebelar-se contra certas estruturas da vida religiosa nos grandes Conventos. Na minha opinião, não foi uma opção sadia e os choques provenientes daquelas posições devem ter magoado muito o Pe. José.
Após os anos difíceis de Campina Grande, em 1972 o Pe. José optou por uma paróquia na praia, em Maragogí-AL. Assumiu uma espécie de vida de eremita, longe das comoções na Vice-Província. Naturalmente, gostava de receber hóspedes, principalmente quando se tratava de confrades.
Naquela praia, o Pe. José vivia com um homem piedoso, visitava o seu “povinho” e gostava de atender a todos.
Em 1984 porém, foi convidado para mudar-se para Arcoverde, a fim de ajudar os confrades; logo aceitou o convite. Mas as suas forças físicas estavam diminuindo cada vez mais.
Assim, em 1987, repatriou-se definitivamente e passou o resto da sua vida em Wormond, onde existe uma casa para religiosos(as) idosos(as).
Ele passou lá como um verdadeiro Simeão: justo e piedoso, esperando pela consolação de Deus.
Aí faleceu, cheio de paz e tranqüilidade no dia 29 de janeiro de 1995.
“Ao contrário, a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura, pacífica, humilde, compreensiva, cheia de misericórdia e bons frutos. O fruto da justiça
é semeado na paz para aqueles que trabalham pela paz”
(Tg 3, 17-18).
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