Pe. Luiz Carlos Oliveira CSsR
Proposta de Jesus aos casados
295. Amor que descobre
O casamento é um tesouro do qual tiramos coisas antigas e novas, como diz Jesus. Há muita beleza tanto nas riquezas dos tempos antigos, como dos tempos novos. O sacramento do matrimônio se serviu das culturas para estruturar a celebração. Mas o ensinamento de Jesus é a base do sacramento. Todo o evangelho é um tesouro inesgotável para o sacramento ser vivido a dois. O amor vivido e ensinado por Cristo é o fundamento e o caminho para o casal. O amor é para todos, mas, sobretudo, para o casal. A missão do casal é descobrir esse amor e desenvolver as inúmeras maneiras de vivê-lo. Podemos afirmar que o amor matrimonial é remédio para todos os males que ocorrem no casamento. Esse amor é dado em germe e deverá ser conhecido, querido e desenvolvido. Recebemos o dom de Deus para ser trabalhado. O amor matrimonial vai além de um sentimento. É, em primeiro lugar, uma participação na divindade. A missão do casal é acolher esse amor e, através do amor humano, transformá-lo em caminho de santidade. O amor divino alimentará o amor humano e o amor humano dará espaço para o desenvolvimento do amor espiritual. O desconhecimento da riqueza do amor divino prejudica o matrimônio. Essa riqueza é dom, mas também um compromisso para a vida.
296. Amor que serve
Em toda a vida cristã, o amor é o modo normal de se viver o Evangelho de Jesus. Esse amor deve penetrar todas as atividades como a razão de viver e o motor de tudo. Descoberto o amor que o Espírito colocou em nós, nós o vivemos como Jesus viveu, na entrega do serviço humilde e até silencioso. Esse serviço de entrega é vital, sobretudo para o matrimônio. O que pode prejudicar o amor do casal é querer ser amado antes de amar e se entregar. Por mais que se diga que a finalidade primeira do casamento seja a geração dos filhos, o amor precede essa finalidade e a acompanha e sustenta. Esse modo de amar é servir como Jesus. Ele nos serviu com a vida, morte e ressurreição e se fez eucaristia para que fizéssemos o mesmo. Na ceia, Jesus lava os pés dos discípulos ensinando como se deve amar. Desse modo o casal se une totalmente a Cristo no seu mistério de passagem para o Pai. Esse amor dá sentido ao matrimônio no aspecto espiritual, afetivo e sexual. Mais que geração de vida, é fonte de vida.
297. Amor que perde
Quem quiser ganhar sua vida vai perdê-la e quem perder sua vida vai ganhá-la. É o modo de Deus pensar. Parece ser contramão. Nossa mão, isso sim, é que não é certa. O matrimônio é uma contínua perda para ser um grande ganho. Saber perder-se para que o parceiro(a) viva mais, será a finalidade do matrimônio e a realização total de sua dimensão humana e espiritual. Assim a pessoa e o casal se colocam em total consonância com Jesus, que se entregou a nós na morte para nos dar a vida. A vitória total sobre a morte é a ressurreição, sua Páscoa. O sacramento é encontro com Cristo no seu mistério pascal. Matrimônio é Páscoa. A entrega ao outro acontece o dom no qual um santifica o outro. Nessa entrega sexual se redime a sexualidade humana, transformando-a em uma fonte de santidade – passagem para Deus – como uma só carne e um só coração. É o sexo-pascal. Pena que deixamos de lado a doação. Por isso nos tornamos mais pobres e o casamento se perde. A espiritualidade matrimonial deverá partir dessa entrega completa de vida para se tornar um testemunho do amor de Deus.
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