205 - Sabores de Minas
Domingo resolvi pegar estrada.
Passei pelas cidades históricas de Itaverava e Catas Altas da Noruega e parei em frente a uma pedreira perto de Piranga, donde retiram imensos blocos de pedra sabão utilizados por uma indústria de Conselheiro Lafaiete – a mesma pedra usada pelo Aleijadinho para esculpir sua obra prima: os Profetas de Congonhas. Aliás, essa região é que supria Ouro Preto de mantimentos na época da febre do ouro.
Piranga tem um coração que é a sua praça, onde se localiza a bela igreja - cujo corpo é formado por uma cúpula - um bem cuidado jardim central, um bar movimentado e uma boa padaria. – elogiei a sua proprietária.
Segui em frente, com a intenção de almoçar em uma cidade visinha. Visitei a bonita e majestosa Matriz – majestosa e bonita por dentro, mas nem tanto por fora.
Logo perto da Matriz, chamou-me a atenção um pequeno restaurante: oSabores de Minas. Apetitoso e convidativo no nome, mas nem tanto por dentro. Almoçava um casal de idosos – um fazendeiro, meio gordo, com seu pequeno chapéu de napa na cabeça. Soltava palavras para cada um dos poucos clientes: -Você deve de ser o Didinho, fio do Zé Damião e neto do Cosme, não é? Tá sumido, Sô! Encontro sempre com seu tio, o cumpade Epaminondas. S’a mãe ta boa?... E com todos, lá se vão conversa e conversas fora!
A dona do restaurante perguntou-me: - Cê vai cumê um prato feito ou uma refeição? Refeição é mió, pois vem tudim separado!
Pois veio a gororoba: um arroz frio, um feijão que dava pra dez – de boa aparência, diga-se de passagem, mas com gosto de velho – duas coxas de frango,duras e murchas - dessas dormidas e servidas durante dias e mais dias nos botecos do interior - e umas batatas com cenoura, com cheiro de maionese.
Dei umas duas meias garfadas no arroz, no feijão... e uma na maionese. Belisquei a dura carne. Pedi a conta, paguei sete reais e me fui! Que alívio!
Ah! Ia me esquecendo: pedi um refrigerante, apanhado no boteco ao lado e pago adiantado – nesses restaurantes duvidosos eu peço uma coca, pois ela, além de corroer nosso estômago, destrói tudo que a gente engole!
Deixaram de me servir o refrigerante, já pago, e também se esqueceram do tempero na comida!
Lindo nome!... Feias lembranças!
Benedito Franco
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