Pe. Arnaldo de Laet, CSsR
Falecido em Nijmegen, Holanda - 28-12-1991
(81 anos)
O Pe. Arnaldo foi ordenado sacerdote em 1935 e em 1936 recebeu a sua nomeação e transferência para a Vice-Província do Rio de Janeiro, onde iniciou as suas atividades missionárias. Por volta de 1943 foi transferido para Salvador (Bahia), a fim de fazer parte da equipe missionária, sob a direção do Pe. Joaquim van Dongen. Então começaram as suas perambulações e peripécias missionárias nos sertões da Bahia.
Naquele tempo o transporte utilizado nas viagens não era como conhecemos nos dia de hoje, quando viajamos com toda facilidade e velocidade pelas estradas asfaltadas, mas eram viagens muito cansativas e desconfortáveis, embrenhando-se a cavalo nas caatingas áridas. As palavras de São Paulo em 2 Cor, 11: “Fiz muitas viagens. Sofri perigos nos rios...” etc. dão uma idéia das peripécias da vida missionária e “mutatis mutandis”, podem ser aplicadas ao nosso missionário, pois ele se viu em perigo de vida, fez numerosas viagens, sofreu perigos no deserto, fadigas e muitos trabalhos exaustivos.
Quanto à hospedagem tudo era muito fraco e de pouco conforto.
A Santa Missão era aquela tradicional, com toda a sua carga de sermões pesados, de instruções catequéticas e de confissões para muitos, primeira vez na vida, freqüentemente antecedidas por uma explicação, “eternamente” repetida, das principais verdades necessárias à salvação eterna. Também havia administração do sacramento da crisma, feita pelos santos missionários (numa dessas viagens missionárias, o Pe. Arnaldo crismou o menino Edelzino de Araújo Pitiá) e de inúmeras legitimações de uniões ilícitas. Da pregação do Missionário Arnaldo todos afirmam aquilo que se dizia de Santo Afonso: “Suas Proposições eram claras e todos podiam compreendê-las. Fazia as suas exposições em frases curtas, concisas e não em longos períodos. Qualquer pessoa do povo mais simples que aparecesse, por mais inculta que fosse, não perdia uma palavra”.
Após uma série de Missões naquelas circunstâncias, o Pe. Arnaldo adoeceu gravemente. Foi acometido de tifo, de caracteres violentos e muito perigosos. Só milagre poderia salvá-lo. Deus fez o milagre através de uma enfermeira, Dona Maria, que permaneceu ao seu lado; os cuidados extraordinários desta senhora maravilhosa e muito dedicada, salvaram a vida do Pe. Arnaldo.
Em 1948 Pe. Arnaldo voltou para o Sul e passou alguns anos no Convento de Campos-RJ, atuando em várias Missões no Estado do Rio.
Em 1951 foi transferido definitivamente para o Nordeste e foi incorporado no grupo CSsR em Garanhuns-PE. Continuou a pregação de Santas Missões, mas ganhando um pouco mais de estabilidade nos serviços paroquiais.
Foi a partir de 1953 que Pe. Arnaldo começou desenvolver também os seus talentos de construtor.
Queremos lembrar as suas contribuições importantes. Em Juazeiro-BA construiu o Convento que hoje é a casa paroquial, atrás da Catedral. A nossa bela igreja de Garanhuns-PE, nunca seria realizada se não fosse a habilidade, a precisão e a persistência de Pe. Arnaldo. A nossa igreja da Madalena - Recife-PE é, em grande parte obra dele. Em Bom Jesus da Lapa-BA, a praça em frente ao Santuário com suas belas imagens de bronze, foi organizada por ele. Começaram também os trabalhos na gruta da Soledade, fez a ligação por dentro com a gruta do Senhor Bom Jesus e a passarela por fora.
Quando caiu do andaime na reforma da igreja de Marabá Paulista-SP percebeu que estava na hora de encerrar essas atividades. Viveu depois ainda uns anos em Campina Grande-PB, antes de voltar definitivamente para a Holanda.
Com freqüência assídua eu o visitava no quarto dele. Em reação as minhas perguntas, ele apenas encolhia os ombros e não dizia nada. Mas, no fim da visita de uns quinze minutos, apertava a minha mão em sinal de gratidão e reconhecimento.
A morte do Pe. Arnaldo, na presença do irmão dele e da minha, foi calma e de pouca agonia. Quando faleceu, tinha 81 anos de idade. Foi sepultado no cemitério do Convento.
“Eu, como bom arquiteto, lancei os alicerces conforme o dom que Deus me concedeu: outro constrói por cima do alicerce. Mas cada um veja como constrói”! (1 Cor 3,10).
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