Pe. Luiz Carlos de Oliveira CSsR
“Crisma, caminho para o altar”
229. Ungidos para servir
O sacramento da Crisma está entre o Batismo e Eucaristia. Isso nos dá uma explicação clara de sua finalidade, sua vivência e sua espiritualidade. O documento do Papa Paulo VI sobre a Crisma diz: “A Confirmação está de tal modo ligada à Eucaristia que os fiéis, já marcados com o sinal do Batismo e da Confirmação, são inseridos plenamente no Corpo de Cristo pela participação na Eucaristia”. Somos ungidos para ter as mesmas funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Significa que continuamos a fazer o que Ele fazia. Na Crisma recebemos o mesmo Espírito que ungiu Jesus para exercermos Seu sacerdócio. Aqui não se trata prioritariamente do sacerdócio ministerial dos padres e bispos, mas de todo o povo de Deus. Como a Eucaristia vem logo após a Crisma, a primeira finalidade do sacramento é levar ao exercício do sacerdócio do povo de Deus em seu momento máximo: prestar culto a Deus como comunidade, inseridos no Corpo de Cristo. É o Cristo sacerdote que nos leva ao Pai, na unidade do Espírito Santo, em união com todo o povo de Deus. O culto a Deus é a primeira meta desse sacramento. A espiritualidade da Crisma se desenvolve através da busca de prestar culto a Deus na celebração e na vida. Participar das celebrações não é só uma obrigação. É um direito que tenho e devo usar ao máximo. Não vou para assistir, mas para participar com o direito que me é dado de realizar o encontro com Deus juntamente com os demais filhos de Deus. O termo servir é usado na liturgia para explicar a atitude de culto. Servir a Deus como culto. Assim, a unção que acontece na Crisma coloca o cristão no serviço cultual que é uma prerrogativa fundamental. Viver o sacramento da Crisma é desenvolver a capacidade humana e espiritual de prestar culto a Deus. A pessoa humana tem o dom de rezar.
230. Oferecer sacrifícios espirituais
A participação no sacerdócio de Cristo não se limita à celebração, mas se estende por toda a vida e penetra o que se faz. O Concílio, sobre o sacerdócio comum dos fiéis, assim se expressa: “O eterno Sacerdote Jesus Cristo quer continuar Seu testemunho e Seu serviço também através dos leigos [...] com os quais une a Sua vida e missão, concede também parte de Seu ofício sacerdotal no exercício do culto espiritual para que Deus seja glorificado e os homens salvos” (LG 34). O culto espiritual é a celebração primeira do cristão. Ele o faz através das obras, preces, iniciativas apostólicas, vida conjugal e familiar, o trabalho cotidiano, descanso do corpo e da alma. Mesmo os incômodos da vida pacientemente suportados, tornam-se hóstias espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo (1Pd 2,5). Esse culto está unido à Eucaristia. Assim os cristãos, agindo santamente em toda a parte, consagram a Deus o próprio mundo (LG 34). A unção do Espírito leva a produzir abundantes frutos. Paulo escreve: “Glorificai a Deus em vosso corpo” (1 Cor, 6,20).
231. Ungidos para anunciar
Como a Eucaristia segue a Crisma na dinâmica sacramental, esta envia à missão através da Eucaristia. Ungidos pelo Espírito e fortalecidos pelo anúncio da Palavra e o alimento do Pão da Vida “anunciamos o que vimos e ouvimos”. Continuamos na mesma força do Espírito que nos ungiu para celebrar. O maior culto que podemos prestar a Deus é fazê-lo conhecido e amado. Todos somos chamados a anunciar e evangelizar, levando a boa notícia a todo o universo. Esse anúncio é obra do Espírito. Ungidos e alimentados pelo Pão da vida anunciamos pela palavra, pelo testemunho de vida, pela vida da comunidade (vede como eles se amam!), na vida familiar, no trabalho, nos sofrimento e nos mais diversos setores e circunstâncias da vida social. Continuamos o Cristo profeta “que veio para dar testemunho da verdade” (Jo 18,37). Alimentados pela força do Espírito anunciamos. Quando não anunciamos, do modo próprio e apto a cada um, é um sinal claro de que abafamos a ação do Espírito em nós. A espiritualidade que nasce da Crisma, unida ao Batismo e Eucaristia, nos conduz a celebrar o culto a Deus na Eucaristia e na vida, a anunciar o Evangelho de Jesus e a orientar as realidades do mundo para Deus. Ela não é um sacramento perdido que não refresca nada se recebido ou não recebido. É preciso refletir mais sobre ele, celebrá-lo melhor e não como temos visto em multidões amontoadas.
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