Pe. Luiz Carlos de Oliveira CSsR
“Sagrada Família Jesus, Maria José”
Uma família entre nós
A Sagrada Família não é só um modelo de virtudes, como apresenta a oração da missa: “Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar suas virtudes”. Paulo enumera, na carta aos Colossenses, estas virtudes “familiares”: misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência para suportar, perdoar-se mutuamente, amar-se, ouvir a palavra de Cristo, ensinar, admoestar-se, solicitudes, respeito, obediência (Cl 3,12-21). É o que escreve em Coríntios 13 sobre o amor. A Família de Nazaré não é só modelo, mas é um modo de entender a Deus e viver em Cristo. Deus é família, por isso iniciou a Redenção através de uma família, para que fosse vivida na Igreja, como família. José e Maria são um modo de viver com Cristo. Isso nos anima a ter nosso modo pessoal de estabelecer esta “familiaridade” com Ele. Os pastores e magos os viram como família. Mesmo os inimigos foram atrás do Menino para matá-lo, dentro da família. José e Maria respondem ao projeto de Deus como família pois querem salvar e promover a vida do Menino. É uma visão de fé, isto é, saber responder a Deus a partir da fé. A linguagem bíblica fala de um anjo que apareceu em sonho. José não respondia a sonhos, mas tinha a capacidade de despertar atitudes como se fossem comunicadas por Deus, como Abraão que partiu sem saber para onde ia (Hb 11,8). Isso é chamado de obediência; Como Moisés que, pela fé, resistiu, como se visse o invisível (27). Isso é a ousadia de crer. Jesus não só foge para o Egito, mas faz o caminho do êxodo, iniciando em si o novo povo. O mistério de Deus suporta o peso da condição humana. A fé para José e Maria é obediente e imediata. Não se perde tempo para responder a Deus. A visão de fé de nossas vidas vai ser coerente se a fizermos dentro de uma família. Se vivemos atualmente dificuldades familiares, as dificuldades de Maria e José e o Menino foram as mesmas. Se não nos resolvermos dentro da família, não creio que resolveremos.
Um mandamento que salva
A festa desta Família nos traz também uma visão sobre o quarto mandamento. Não é um mandamento de proibições, como se diz “não matarás”, mas de proposição, pois a graça é sempre uma proposta: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra...” (Ex 20,12). É o único mandamento que tem uma promessa. Deus quer mesmo que se ame a família. Viver bem a família é um meio de salvação, pois receberá o perdão dos pecados e será ouvido na oração cotidiana... no dia em que orar será atendido e terá vida longa. Aqui está a fragilidade de nossa oração. Não corresponde ao desejo de Deus. A salvação se dá dentro de nossa família e da família da Igreja.
Carinhos de Deus
É um mandamento bem social que as culturas mais antigas privilegiam. Amparar os pais na velhice não lhes causar desgosto é condição de vida e santidade. Mesmo que estejam perdendo a lucidez, procura ser compreensivo. Não os humilhe. A caridade feita aos pais não será esquecida, mas servirá para reparar os pecados. Quando chegarmos ao fim, esta caridade será para nossa santificação. Como Deus é carinhoso com os pais principalmente nossos velhinhos! Assim estaremos vivendo em Cristo como Maria e José. Se um dia acabarmos com a família, não saberemos como é Deus.
Leituras:Eclesiástico 3,3-7.14-17ª; Salmo 17;Colossenses 3,12-21;Mateus 2,13-15.19-23
1. São Paulo apresenta as virtudes da família que se sintetizam no amor. A Sagrada Família é um modo de entender a Deus e viver em Cristo. Deus é família e partiu da família para a Redenção. Anima-nos à familiaridade com Jesus. A visão de fé José, foi como, Abraão e Moisés. Jesus faz o caminho do êxodo. Como eles deve se nossa vida nos sofrimentos.
2. O 4º mandamento é uma proposta de vida familiar. Viver bem a família é um meio de salvação, pois se recebe o perdão e tem a oração atendida.
3. É um mandamento social, pois, como em Eclesiástico, aprendemos o cuidado com os idosos. A caridade para com os pais repara os pecados. Será santificação. Deus é carinhoso para com nossos velhinhos.
Berço de madeira para Menino de ouro
A Família de Nazaré viveu as virtudes em meio às tensões, sobressaltos e perigos. O Filho, como diz o Apocalipse, é perseguido desde o ventre da mãe. José, jovem pai (adotado pelo Filho), justo, se orientava pela fé.
Unidos pelos laços de amor, a Família de Nazaré orienta o caminho de nossa vida. Numa situação diferente, vive a normalidade de uma família. Por isso pode ser modelo.
Deus, em seu amor por nós, deu ao quarto mandamento um prêmio para quem o cumpre com zelo: Garantia de ter a oração ouvida por Deus e o perdão dos pecados. É o único mandamento que tem uma promessa.
O carinho para com os velhinhos caduquinhos é a valorização da idade maior das pessoas. Essa caridade tem o prêmio de não ser esquecida a oração e é reparação dos pecados. Deus quer manifestar o respeito e o carinho pelos anciãos através de nós.
José caminhava na escuridão dos conhecimentos e na claridade do coração aberto para Deus. Assim aprendemos que a fé e o amor podem salvar nossas famílias.
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