Pe. Luiz Carlos de Oliveira CSsR
“Fortes na fraqueza”
O justo viverá por sua fé
A fé, “um modo de já possuir o que se espera, um meio de conhecer as realidades que não se vêem” (Hb 11,1) é nosso fundamento e razão de nossa vida. Nós, como os discípulos, suplicamos a Jesus: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17,5). Por que este pedido? Nós também vivemos a insegurança sobre nossa fé. É o que diz o profeta Habacuc: “Senhor, até quando chamarei, sem me atenderes?” (Hab 1,2). O profeta vive num mundo de violência e sem soluções. Nesta situação “o justo vive da fé”. Quem não tem fé, não suporta (Hab 2,4). A carta aos Hebreus (11,1-40) mostra como os pais do povo de Deus, viveram a partir da fé, não olhando para um conjunto de ensinamentos ou práticas religiosas. Eles olhavam para o futuro, confiantes que estavam firmes em Deus e tinham certeza na realização de suas promessas: Abraão “partiu sem saber para onde ia” (8); Moisés “resistiu como se visse o invisível” (27). A resposta da fé é gratuita, não é para ter milagres, como transportar montanhas. É ter certeza que ela, pequenina como a semente, tem dentro de si a força de chegar a ser uma árvore imensa. Com ela podemos remover as montanhas que impedem o Reino de Deus agir. Pelo desconhecimento do que seja a fé, ficamos nos batendo e buscando outros meios que dêem a certeza da fé. Esta não se justifica pelas seguranças humanas. Fé é responder e aderir com amor a Deus que chama a Si e endereça aos irmãos. Agora podemos compreender a parábola do empregado que trabalha no campo. Quando volta tem que servir o patrão e dizer ainda: “somos servos inúteis, fizemos o que devíamos ter feito” (Lc 17,10). Fé não é troca de favores. Trabalhar para Deus já é a recompensa. Fé não é mandar em Deus, mas ter força de escutar o que Deus manda. Cada um faz tanto quanto Abraão, quanto Moisés. Mesmo na dificuldade é preciso continuar confiando.
Guarda o depósito da fé
Paulo, escrevendo a Timóteo, seu querido filho na fé e seu colaborador, insiste: “Guarda o precioso depósito, isto é, a fé, com a ajuda do Espírito Santo, que habita em nós” (2Tm 1,14). Pede também: “Usa o compêndio das palavras sadias que de mim ouvistes em matéria de fé e de amor em Cristo Jesus” (id. 13). O grande milagre da fé é a confiança e perseverança. Fé é adesão de amor, de confiança irremovível que espera com paciência as realidades do Reino se manifestarem e se cumprirem nas situações limites da vida. Cristãos há que usam a fé para proveito próprio. Não percebemos a capacidade de fazer a fé crescer no mundo. Qualquer vento de dificuldades afunda o barco da fé.
Sopra as brasas
Paulo recomenda a seu cooperador; a reavivar as chamas do dom que recebeu. O texto original usa o verbo “soprar as brasas”. Os antigos cobriam as brasas com as cinzas e na manhã seguinte as sopravam e se reacendia o fogo. O fogo do Espírito que nos foi dado precisa ser ativado com nossa colaboração, mantendo firme a fé que nos foi dada e que transmitimos. A fé sempre vai ser pequena. Nosso empenho de vivê-la e transmiti-la será o milagre de transportar montanhas. Isso será para nós o prêmio. Somos servos inúteis, isto é, sempre prontos a dar tudo o que temos pela fé. Na liturgia professamos a fé, para transmiti-la com mais vigor. Louvemos a Deus pela fé que nos transmitiram nossos pais e nossas comunidades. Não percamos a esperança, como os antigos, quando tudo parece destruir-se.
Leituras: Habacuc 1, 2-3;2,2-4;Salmo 94; 2ª Timóteo 1,6-8.13-14; Lucas 17,5-10
1. A fé é o fundamento da vida. Como os discípulos, pedimos: Senhor, aumenta nossa fé. O profeta Habacuc reclamava desta fragilidade. E afirma que o justo viverá da fé. Os antigos viveram da fé porque olhavam para o futuro. A resposta de nossa fé é gratuita, como do servo que se diz inútil. Trabalhar para Deus já é a recompensa. Com ela podemos remover as montanhas que impedem o Reino crescer. Ela é sementinha que tem toda a vida da árvore. Cada um pode ter a mesma fé de Abraão.
2. Paulo insiste que Timóteo guarde o depósito precioso da fé e use o compêndio das palavras sadias que ouviu dele. O grande milagre da fé é a confiança e a perseverança na fé. Nós perdemos a capacidade de fazer a fé crescer no mundo. Por qualquer vento abandonamos a fé.
3. Paulo recomenda Timóteo soprar as cinzas do dom que recebeu pela imposição das mãos. É um gesto antigo que se tornou símbolo do reascender o fogo. O fogo do Espírito que nos foi dado precisa ser ativado com nossa colaboração. A fé vai ser sempre pequena. Fazê-la crescer é transportar montanhas.
Eu tenho a força
O profeta Habacuc, 600 anos antes de Cristo, perguntava porque Deus não ouvia seu grito contra a violência, fruto da infidelidade a Deus. Por que será que a riqueza e poder só crescem gerando o sofrimento? A morte acaba com eles e “o justo viverá por sua fé”.
Os discípulos pedem a Jesus: “Senhor, aumenta nossa fé” . Fé é escutar Deus. O que é escutar com fé? Jesus explica que a fé, mesmo como uma sementinha ou um grão de poeira tem a força de transportar montanhas. Ninguém hoje transportou montanha, mas pode mudar o coração, que é muito mais difícil.
Ninguém faz favor a Deus cumprindo suas obrigações. Ainda temos que agradecer poder ter realizado as obras da fé. Fizemos o que devia ser feito. Deus não deve obrigação a nós por termos praticado e fé.
Fé não é mandar em Deus. É ter força de escutar Deus mandar. O exemplo dos patriarcas, Abraão, Jacó, Moisés etc... é motivo para dizer que temos a mesma força de fé. O importante é ouvir sempre a voz de Deus, como rezamos no salmo.
São Paulo anima seu querido discípulo, jovem ainda, a reavivar a fé, como nossos antigos faziam soprando as cinzas para acender o fogo. Com a ajuda do Espírito, que cada um guarde o depósito da fé, com a ajuda do Espírito Santo.
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