Pe. Luiz Carlos de Oliveira CSsR
“Amadurecimento espiritual”
852. Crescendo como a árvore
O crescimento acontece em todo o ser vivo. A vida tem um percurso como o dia que amanhece, chega ao zênite, e depois vai ao entardecer e chega a noite. Nesse processo de crescimento há fatores humanos, naturais, culturais, geográficos etc... que influem de modo decisivo. O mesmo se diz do crescimento espiritual. Não nascemos prontos, nem somos espirituais como num passo de mágica. Infelizmente o crescimento espiritual não é preocupação para muitos. Para alguns basta ter algo espiritual, como um sentimento espiritual, ou até superstições que me defendam. Uma vez que a espiritualidade depende também de Deus, essas fragilidades podem ser superadas. Pensar, querer e projetar a vida espiritual faz parte da categoria tempo. Como vivemos um tempo atropelado e reduzido a um processo de intensa rapidez, pensamos que a vida espiritual também é assim. Nossa vida espiritual se fortifica e cria cerne na medida que a exercitamos e acolhemos a ação do Espírito em nós. Paulo escreve que a meta do crescimento é Cristo: “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4,13); Não cresceremos se nos deixarmos levar por aquilo que impede o crescimento: “Não seremos mais crianças, joguetes das ondas, agitadas por todo o vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e de sua astúcia que nos induz ao erro, mas, seguindo a verdade em amor, cresceremos em direção Àquele que é a Cabeça, Cristo” (14-15). O crescimento humano tem suas fases. Assim é a vida espiritual. Crescemos sofrendo as tempestades da vida. Jamais estaremos prontos. Mas todo crescimento é sempre grandioso.
853. Pelos frutos conhecemos a árvore
Uma é a espiritualidade da criança, outra a do jovem, a do adulto, a do ancião, a do especial etc… Não é certo exigir de uma criança ou jovem o que se deve exigir a um adulto. O nivelamento da espiritualidade, igualando todos é sinal claro de desconhecimento do que seja um caminho espiritual. Os frutos são o sinal da maturidade e da vitalidade da árvore em cada época. Esses frutos são o bom relacionamento com as pessoas, isto é, o amor, o gosto pelas coisas espirituais, a capacidade de servir, o desejo de estar em comunhão com as pessoas, o empenho de rezar, a partilha da vida da comunidade, a luta serena e segura contra o pecado e os pequenos vícios que sempre afloram, o domínio de si. Nada disso com neurose, escrúpulo, o que não seria caminho de santidade.
854. Crises de crescimento
Ter crise espiritual não é só normal mas bom e necessário, pois sem elas não se cresce. Um adolescente que continua sendo criança ou adulto muito cedo, sofrerá no futuro, pois lhe faltou a crise do crescimento. O povo de Deus passou quarenta anos em crise no deserto. Perdeu a estabilidade do Egito e não via a futura terra da promessa. A Igreja passa por constantes crises de crescimento e isto, por este prisma é bom. Uns voltam ao passado, outros se metem por novidades. Quem sabe crescer, sofre, mas cresce. Toda crise exige a consciência de um momento especial da vida. É bom saber interpretar a experiência e reagir. Aqui notamos a necessidade de pessoas com experiência espiritual para acompanhar a fase. Erro é apelar para forças exteriores, para julgamentos precipitados e soluções apressadas. É bom que haja crise. O duro é atravessá-las. Sem crise não se cresce.
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