“Oração, diálogo com Deus”
49. Por que rezamos?
Na reflexão sobre a espiritualidade como experiência de Deus, notamos a necessidade de ter Deus como o outro de nossa vida, Aquele com o qual me relaciono. Ele é alguém que “no Paraíso da vida” está em diálogo comigo. Ele fala ao meu coração, à minha vida e me conduz com a voz tão boa, à altura do meu coração. Como se justifica que podemos conversar com Deus? Ele é tão diferente de nós. Não o vemos nem o apalpamos. Contudo está no mais íntimo de nosso íntimo. A justificativa está na lógica divina da manifestação, da revelação que realizou em seu Filho. Jesus é Homem-Deus, natureza divina e humana e uma pessoa. Nele há um diálogo vital entre a divindade e a humanidade. Fazendo-se homem, o Filho de Deus realiza diálogo permanente entre as duas realidades humana e divina. A natureza humana foi elevada à dignidade de parceira total da divindade de Jesus. Esta união íntima e para sempre é a razão da possibilidade de nosso diálogo com o Pai, o que chamamos de oração. Em Jesus, movidos pelo Espírito podemos dizer: Pai querido. Oração não é, em primeiro lugar, palavras que ressoam mas palavras do Filho de Deus que ecoam em nós. O valor da oração está nesta sua fundamental razão: participação da voz do Filho que fala a seu Pai como seu Filho e como filho da natureza humana, gerado no seio de Maria.
50. Jesus aprendeu a rezar
Jesus fazia parte de um povo que sabia rezar. O povo hebreu, no decorrer de sua história, soube falar com Deus. Os patriarcas e profetas foram homens de profunda experiência de Deus. O próprio povo, nas suas andanças e nas lutas para sobreviver, soube colocar Deus como referência de sua vida. Jesus, vivendo neste povo, cresceu como qualquer um de nós no aprendizado de falar com Deus. O povo, com a fé na presença de Deus, tão à altura da mão, soube entrar em diálogo com Ele. Assim, com as orações cotidianas, unia os diversos momentos do dia e das atividades, ao Deus que reconhecia como o único: “ Ouve, ó Israel, o Senhor é teu Deus, o Senhor é um. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração de toda a tua alma, com todas as tuas forças ...” (Dt 6,4-9). Essas palavras ressoavam como um indicador de vida. Repetiam-no 3 vezes ao dia. Com o tempo surgiu todo o sistema religioso do templo recheado com o canto dos salmos e das outras Escrituras. Imaginemos Maria e José introduzindo Jesus na oração de cada dia. Ele aprendeu bem pois em toda a sua vida apostólica sabia tirar os momentos para o Pai e também sabia fazer de suas atividades um momento de oração.
51. Natal, tempo de aprender
No tempo do Natal temos uma oportunidade de além do Papai Noel, dos presentes e das festas, saber consumir alguns momentos para contemplar o mistério da união da divindade com a humanidade e saber-se unido a esta grandiosa e profunda realidade de nossa vida. O Natal, podemos dizer, é nossa festa. É comemoração do que somos em profundidade. Quando aprendermos estas realidades, seremos homens e mulheres de oração. Com razão Jesus podia dizer: orai sem cessar, pois Ele o fez.
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