Pe. Luiz Carlos de Oliveira CSsR
Maria na Igreja Primitiva
Testemunhos evangélicos.
O primeiro testemunho que encontramos sobre a presença de Maria e de seu culto na Igreja primitiva são os próprios evangelhos e epístolas. São textos conhecidos e trazem em germe, toda a doutrina sobre a Virgem Maria, Mãe de Deus, o que podemos descrever em outro momento. Basta citar São Lucas que nos Atos diz que procurou as testemunhas. Ele deve ter colhido de Maria mesmo, ou dos que lhe estiveram próximos, os testemunhos sobre o nascimento e a infância de Jesus.
A arqueologia mariana.
Nos século III, isto é, entre 200 e 300 já havia o costume de rezar a Nossa Senhora, com o título de Mãe de Deus. Foi nos deixado testemunho em um papiro egípcio: “À sombra de vossa misericórdia, nós nos refugiamos, ó Mãe de Deus. Não desprezeis nossas súplicas na tentação, mas livrai-nos dos perigos, ó toda pura e bendita”. Os ensinamentos já se tinham tornado oração do povo. Temos igualmente em um óstracon do século V, isto é, (401-500). Óstracon é um pedaço de telha ou vaso quebrado. Estes cacos serviam para até para votação. Eis o texto: “Virgem Mãe de Deus, salve, cheia de graça, o Senhor está contigo. Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre, pois geraste o Salvador de nossas almas”. Estão aí os primeiros passos de nossa oração tão querida, a Ave-Maria. Encontramos também uma belíssima pintura na catacumba de Priscila que nos mostra, pelos anos de 270, como o ensinamento tinha já se tornado devoção e arte. Ali, a mais de 20 metros abaixo do nível da rua, em um corredor da catacumba há uma pintura de Maria. Deveria ser um túmulo importante, pois há diversas pinturas usando a técnica do estuque pompeiano. A pintura retrata o profeta Balaão ao pronunciar o oráculo messiânico: “Vejo, mas não agora, contemplo-a, mas não está perto. Uma estrela levanta de Jacó, um cetro se levanta de Israel” (Nm 24,17). Deve ser a primeira pintura de Maria. O profeta (pagão) aponta a estrela e Maria está assentada com o Menino ao colo. É a Mãe de Deus.
Alguns escritores antigos.
Se Maria se encontrava na arte e na devoção popular, era porque já se desenvolvera bem sua presença na teologia. Não devemos pensar que Jesus, ao subir ao Céu, tenha deixado tudo escrito. Coube aos apóstolos e primeiros discípulos irem compreendendo, com a assistência do Espírito Santo, os ensinamentos de Jesus e suas conseqüências. Encontramos, entre os primeiros, Inácio de Antioquia martirizado em 110. Ele diz na carta aos Efésios: “No princípio deste século permaneceram ocultos a virgindade de Maria e sua gravidez, como também a morte do Senhor; três mistérios importantíssimos que foram realizados no silêncio de Deus” Afirma também: “Jesus nasceu de Maria e de Deus”. S. Justino, mártir (165), é o primeiro escritor, depois do Evangelho, a chamar Maria a Virgem por excelência. É o primeiro a estabelecer o paralelismo entre Eva e Maria: “Eva, ainda Virgem concebeu a palavra da serpente e gerou a desobediência e a morte. Maria, respondeu ao anjo: ‘que me seja feito segundo tua palavra’” (Diálogo 100,2-4). Assim começa a crescer o conhecimento de Maria, seus atributos e seu lugar no plano da salvação. Os autores cristãos vão aprofundando a fé e mostrando-nos as verdades que ela contém.
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