Pe. Luiz Carlos de Oliveira CSsR
"A vida espiritual como esperança"
Esperança é fonte
A vida da Igreja e a vida de cada cristão fazem um conjunto admirável no dinamismo do crescimento espiritual. Acompanham também a história, pois vivemos em um mundo muito real. A Igreja é também retrato de seu tempo, tanto influenciando, como recebendo influências. Ela também reflete maravilhosamente as etapas do povo de Deus. Toda árvore que tem um modo de existir, crescer, dar frutos e morrer. Esta realidade já está presente na semente. Assim também o povo de Deus acontece em cada um, na medida do individual para o coletivo. A santificação é um processo que passa por muitas etapas. Olhamos de onde saímos, isto é, a fonte preciosa do Batismo e a vida da Igreja. A vida atual nós a levamos na fé e na esperança, animadas pelo amor. A esperança não é a virtude que nos dá paciência para dizer: um dia vai tudo mudar, Deus vai recompensar e a gente vai ser feliz. Essa não é a esperança cristã. Faz parte dela. A esperança "tem o sentido e a função de uma realização temporal, parcial, antecipada do projeto glorioso". Esperança é ter já mas ainda não ter a posse total. A esperança nos garante e a fé nos faz viver estas realidades futuras agora de maneira temporal e parcial. "Ela tem a graça e a força de transformar a consciência da precariedade e da parcialidade em um impulso de maior dinamismo criativo". A Igreja tem consciência de que não é completa e totalmente realizada, a não ser quando for totalmente unida a seu Esposo na glória do Pai.
Vivemos como peregrinos
O conceito de estabilidade e as certezas no provisório, não foram bons para o exercício para a missão da Igreja. Igualmente a vida espiritual de cada um é um tempo de peregrinação. Estamos em caminho. Jamais podemos assentar-nos sobre conquistas, mesmo grandiosas. A experiência da Igreja nos séculos é modelo, pois sempre esteve em caminho de peregrinos ora buscando santuários, ora partindo para terras distantes para o anúncio do evangelho. Isso exigiu sempre sair da terra e ter disponibilidade para entrar em contato com outras realidades que a fizeram crescer. A vida espiritual de cada um é uma peregrinação de sair de si e buscar novas riquezas em lugares diferentes de nosso mundo egoísta e convencido de si mesmo. Sempre estamos partindo para levar aos outros a Boa Notícia.
Sempre em êxodo
O Êxodo é um momento fundamental da vida do povo de Deus e é constituindo da espiritualidade. Sem êxodo não existe entrada na Terra Prometida do Reino da Graça. A Igreja só pode viver se estiver em permanente êxodo. Tem maior força que a peregrinação, pois é dinamismo de total desligamento de situações e prisão e opressão dos diversos males. É o que pudemos aprender da Palavra de Deus que coloca o Êxodo do Egito como ponto de referência para toda a história do povo de Deus. Pode-se até sentir que, se não houvesse essa etapa na história do povo, não seria possível constituí-lo como povo de Aliança. O povo foi para o Egito para poder sentir a total libertação, isto é, o Deus que se compromete nos extremos da dor para a máxima libertação. O êxodo supõe saída de uma situação de opressão, um caminho por um deserto, no abandono, a aliança de parceria na vida de liberdade e o ingresso na terra da promessa, para nós, no Reino da Graça de Cristo. Na espiritualidade pessoal, o êxodo, supõe o que Jesus pede: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me" (Mt 16,24).
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