076 - Que abraço! 2
Dava assistência técnica, tratamento de água industrial e caldeiras, a um frigorífico em uma cidade da Grande Belo Horizonte. Nessas visitas, aproveitava para ver meus parentes, residentes na cidade.
Em uma dessas visitas, encontrei-me com um dos primos e sua esposa; traziam para passear em Minas uma sobrinha, que enxergava praticamente nada - tendo sido operada em alguns hospitais dos mais famosos, como me confessaram a sobrinha e os tios. Falei-lhes, sobre um hospital especializado e de conceito máximo no Brasil, situado em Belo Horizonte, e onde clinicava o Dr. Hilton Rocha - para nós o melhor e o mais famoso médico oftalmologista do Brasil.
Ofertei à menina uma consulta com o Dr. Hilton Rocha. Pouco esperançosa, mas aceitou de bom grado. Eu mesmo marcaria a consulta.
Como morava perto do Hospital São Geraldo, onde o Dr. Hilton Rocha trabalhava, fui, e, logo numa saleta na entrada, sua secretária atendia. Estávamos em janeiro e a consulta foi marcada para setembro do mesmo ano. Argumentei para a secretária que a menina morava no norte do país e não teria condições, e nem recursos, para estar indo e vindo de lá para cá. Meu apelo adiantou pouco - apenas ela adiantou a consulta para o mês de julho.
A Madame
Da saleta, no primeiro andar, avistava-se a Avenida logo em frente, onde estacionou um carro, Mercedes Benz, importado, dos mais luxuosos. Saiu um motorista uniformizado, entrou na saleta e marcou uma consulta para a madame sua patroa, para aquele mesmo dia, pagando uma fortuna pelo horário extra.
Como permanecia no local, com a intenção de conseguir com a secretária queminha parente fosse atendida na semana seguinte, ouvi e vi atentamente a conversa do motorista da cliente, recém-chegada do Rio de Janeiro, com a secretária. Assim que o motorista se retirou da sala, eu disse algo para a secretária, e não me lembro bem o que lhe falei. Só sei que ela teve um ataque de riso; riu tanto da bobagem que soltei, que demorou alguns minutos para me dirigir a palavra novamente. Estávamos numa sexta-feira. Após respirar fundo, com um grande sorriso:
- Traga a menina na próxima terça-feira...
Corri para minha casa e telefonei para a tia da menina.
Não mais tive notícias da garota e, no próximo encontro com seus tios, um ano após, nem me lembrei, e nem eles, de tocarmos no nome e nos problemas da menina.
Algumas pessoas de minha família, e alguns amigos, deram uma tremenda importância ao fato de eu ter conseguido a tal consulta; pensavam que eu tinha alguma peixada ou um bom relacionamento com o pessoal do Dr. Hilton Rocha. Não adiantava eu explicar que foi apenas uma brincadeira que deu certo e com o tal bom resultado.
Um ano e meio depois
No ano seguinte, em julho, como de costume, passei na casa de meus parentes, e me encontrei com os tios da menina.
Mais de uma hora depois de haver chegado, entrei na sala e, de repente, alguém me abraçou por trás - um abraço forte... bem forte! Senti que era um abraço de uma moça - e um abraço diferente. Sem saber quem e o porquê, foi um abraço de amizade e me deu uma santa satisfação. A pessoa foi me largando aos poucos e me virando, mas tampando meus olhos com as mãos. Ela, na minha frente, soltou as mãos, me olhou forte, fitou-me por instantes, e me abraçou chorando... era a garota que me via pela primeira vez! Soube que fora à consulta e, logo na primeira olhada do Dr. Hilton Rocha, ele lhe deu as melhores esperanças de ela voltar a enxergar. Marcou para dois dias após, na quinta-feira, a cirurgia em um dos olhos. Alguns dias depois, o outro olho foi operado - tudo sem ônus para a paciente; coisa que o Dr. Hilton Rocha praticava sempre. A recuperação, praticamente total, foi só questão de um pós-operatório não muito longo.
Inesquecível!... Que abraço!
Benedito Franco
Você pode ser um doador de sangue.
Você pode ser um doador de medula.
Você pode ser um doador de órgãos...
Já pensou nisso?
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