
PADRE LUÍS KIRSCHNER CSsR
No fim de março, Bento XVI está planejando publicar uma nova encíclica sobre temas sociais: Caritas in Veritate. Inicialmente planejou publicá-la no fim de setembro, 2008, mas os acontecimentos mundiais o motivaram a rever ainda mais os seus pensamentos.
Recentemente ele revelou alguns pontos que pretende desenvolver em sua nova obra. Atrás da crise econômica global, há uma busca desenfreada da riqueza, enraizada no pecado original, e qualquer reforma terá pouco resultado permanente, se não há uma conversão dos corações dos homens e das mulheres.
“Onde não existem pessoas justas, não há justiça” diz o papa. “Por esta razão, educação e formação na justiça tem de ser uma prioridade – talvez possamos dizer, a prioridade principal....estruturas boas não podem crescer se estão oprimidas por egoísmo, inclusive por pessoas de grande competência tecnológica”.
Duas coisas previstas que podem aparecer são:
Concentrar-se-á menos em fazer uma analise das estruturas do que das normas éticas e espirituais da justice econômica;
Em vez de colocar ativismo social e piedade pessoal em conflito, Bento argumentará que os dois estão mutuamente interdependente.
No seu plano original, Papa Bento queria rever os ensinamentos sociais de Paulo VI e João Paulo II, e depois faria as suas reflexões sobre os principais preocupações sociais, como, por exemplo, ameaças à vida através do aborto, pobreza, questões de paz e guerra, terrorismo, globalização e o meio ambiente. O Papa teria usado muitos argumentos tirados da lei natural, abertos a qualquer pessoa de qualquer crença, como também da Bíblia.
Ele revelou que faz tempo que está trabalhando sobre esta questão. É difícil falar sobre este assunto com competência, porque se a realidade econômica não for bem tratado com competência, nosso tratamento não será aceito.
Numa conversa com os padres de Roma, um pároco perguntou se a Igreja não está obrigada a denunciar um sistema econômico e financeiro que é injusto nas suas raízes? Bento fez uma distinção entre dois níveis: macro-justiça, quer dizer, a dimensão ética dos sistemas econômicos nacionais e internacionais, e micro-justiça, ou seja, as opções e escolhas éticas de uma pessoa. O que o Papa queria dizer é que a Igreja deve denunciar iniqüidades que acontecem no primeiro nível, como por exemplo, os erros fundamentais que provocaram o colapso dos grandes bancos americanos, mas a contribuição singular é promover uma mudança de corações, no segundo nível. O Papa insiste que a crise econômica não pode ser entendida simplesmente em termos tecnológicos como uma quebra do mecanismo econômico, mas tem de ser visto espiritualmente como uma lição sobre os perigos da ganância, egoísmo e proteger os interesses e privilégios de um grupo de amigos em vez de procurar o bem comum.
“No final, é uma questão da avareza humana na forma de pecado, ou, como diz a Carta aos Colossenses, a avareza como idolatria... Devemos denunciar a idolatria que se opõe a Deus verdadeiro, como também, a falsificação da imagem de Deus com a de outro Deus, que é ‘Mammon.’” O pecado original, Bento argumenta, desvia a razão humana e os desejos humanos, permitindo a atração de interesses particulares em vez do bem comum.
“Talvez seja péssimo, mas para mim parece mais realista: enquanto há pecado original, nunca chegaremos a uma solução radical e total. Portanto, precisamos fazer todo o possível com soluções provisórias, soluções suficientes que permitem a humanidade viver, e não permitir o domínio do egoísmo, que se apresenta sob a imagem da ciência e da economia nacional e internacional”. Neste sentido, diz o Papa, “o trabalho diário humilde dos párocos e guias espirituais não é fundamental apenas para uma paróquia, mas para a humanidade.
“Se não proclamamos a macro-justiça, a micro-justiça não crescerá. Mas se não fizermos nosso trabalho humilde de micro-justiça, também macro-justiça não crescerá... Caridade permanecerá sempre necessária”.
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