PADRE FLÁVIO CAVALCA DE CASTRO CSsR
A festa da Páscoa é marcante para nós. É a celebração da ressurreição de Jesus. A oportunidade leva-nos a refletir que, porque Jesus ressuscitou, somos ressuscitados e ressuscitaremos.
Em primeiro lugar, podemos dizer que já somos ressuscitados: porque Jesus ressuscitou, vivemos uma vida nova. Cristo, o Filho encarnado, é o princípio, o centro, o cume do projeto da criação e da salvação. Porque ele viveu plenamente a experiência humana, nascimento, vida, morte, ressurreição, porque ele realizou-se plenamente como homem, por isso ele é a causa eficiente e eficaz de nossa própria realização como seres humanos chamados a participar da vida da Trindade. Não apenas ele tira de nós o pecado, nem apenas nos tira do pecado. Ele une-se a nós, dá-nos vida nova. Ele nos introduz na vida da Trindade, e nisso consiste nossa máxima realização pessoal, que excede todas as expectativas e exigências da nossa natureza.
Por Jesus de Nazaré, morto e ressuscitado, Filho encarnado de Deus, pelo seu poder e não por nossos merecimentos, somos re-erguidos (re-suscitados), passamos da morte para a vida, da imperfeição para a plena realização. Para que esse re-erguimento, essa re-suscitação aconteça, temos de aceitar nossa total dependência dele. Isso é conversão, a mais fundamental. Temos de deixar que ele opere em nós um esvaziamento. Esvaziamento que se irá manifestar em nossa vida nas renúncias, na aceitação das dificuldades, na aceitação de todos os limites, na aceitação da própria morte.
Para sermos re-erguidos por ele, para vivermos a vida nova que ele nos dá, temos de aceitar que nos leve pelo caminho da entrega sempre maior nas mãos do Pai. Temos de aceitar que nos leve à plena realização de nossa filiação, num crescente processo, de tal maneira que gradualmente sejamos mais filhos e filhas, até a renúncia final, até a aceitação da morte, que deverá ser o supremo momento de nossa vida e de nossa entrega. Como Cristo ao morrer realizou-se plenamente como homem, assim também nós, ao enfrentar esse supremo momento de decisão humana, chegaremos à realização final.
Porque ele ressuscitou, somos ressuscitados e haveremos de ressuscitar, e a esperança que temos de ressurreição não é a esperança de repetir ou prolongar a experiência da vida atual. Também nossa ressurreição não será a reanimação de um cadáver. Será obra muito mais sublime. Tendo passado pela morte, filialmente aceita, tendo sido batizados, isto é, mergulhados na morte de Cristo, tendo morrido com ele e como ele, estaremos maduros para a ressurreição da vida nova, da nova criação operada pelo Senhor. Será a vida na nova terra e no novo céu, dos quais fala o apóstolo Pedro; viveremos a plena participação em sua vida, quando estaremos totalmente batizados, mergulhados por ele na vida da Trindade.
De modo definitivo e total, ele, o Filho encarnado, será nossa fonte de vida. Na plena ressurreição, viveremos isso, não apenas como convicção de fé, mas como realidade experimentada. O fato de dependermos dele será nossa felicidade eterna. Viver esse relacionamento com Jesus de Nazaré ressuscitado será nosso céu. Encontrar nele nosso centro será a paz, o descanso definitivo. Teremos chegado ao vértice, ao ponto mais alto para o qual convergem todas as nossas necessidades e todos os nossos anseios. Unidos a ele estaremos também afinal unidos plenamente a todos que amamos agora com amor tão limitado e insatisfatório. Será a felicidade.
Sim, aleluia! Porque Jesus ressuscitou, somos e seremos ressuscitados!
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