PADRE LUIS KIRSCHNER CSsR
A tensão entre o chefe da Tribunal Supremo do Vaticano, Arcebispo Raymond Burke, ex-bispo de St. Louis, MO, e outros bispos norte americanos quase esquentou mais um grau quando o prelado convocou os fieis a pressionar os bispos tímidos para recusar a Comunhão aos políticos que estão a favor do aborto legalizado. Assim Dom Burke falou numa entrevista, e depois disse que fora enganado sobre a finalidade e o uso das suas palavras.
Também disse que o Presidente Barack Obama "poderia ser um anjo da morte” se o seu apoio a favor do aborto se torna exemplo e modelo para lideres de outros países. Como figura carismática, há o perigo de outros adaptar ou se apoiar na posição de Obama.
Estes comentários fortes, não típicos, foram feitos através de um vídeo que Randall Terry, um ativista anti-aborto, que se converteu ao catolicismo em 2005, mostrou no dia 25 de março, na sede do Clube Nacional da Imprensa, em Washington, D.C., um local de grande prestigio.
"(Esta atitude) está enfraquecendo a fé de todo o mundo, dando a impressão que é moralmente correto apoiar os abortos procurados," disse Burke. Terry está querendo a cabeça de dois bispos em particular, Dom Loverde de Arlington e Arcebispo Wuerl de Washington DC. Também são apontados, como pessoas que rejeitam os ensinamentos da Igreja, o Cardeal de Los Angeles, Roger Mahony e o ex-arcebispo de Washington, Cardeal Theodore McCarrick. Terry acusou os dois de não ter negado a comunhão a certos políticos católicos.
Citando o Canon 915, Dom Burke, um especialista na Lei da Igreja, disse que o Canon citado é totalmente claro, não sujeito a qualquer outra interpretação, segundo a opinião dele. Quando uma pessoa, publica e rigorosamente, está em pecado grave, não se pode administrar a Santa Comunhão a essa pessoa. Depois ele cita duas razões: primeira, impedir que a pessoa comete um sacrilégio; segunda, proteger a santidade da Eucaristia. Em outras palavras, aproximar-se a fim de receber a Santa Comunhão, estando em pecado grave, é uma violação da Eucaristia, que não pode ser dada. O ministro da comunhão, seja leigo, seja clérigo, deve dizer NÃO.
Num país que valoriza a separação do Estado e da Igreja, alem de um conceito exagerado de liberdade pessoal de escolha, o pronunciamento do Vaticano mexerá com muitas pessoas. Muitos ativistas antiaborto pressionarão seus bispos a declarar-se publicamente sobre o assunto, depois de agir segundo o desejo do Dom Burke. É verdade que a maioria dos bispos tem deixado o conflito para a consciência do individuo. Acontece que o Vice-Presidente dos Estados Unidos, Joseph Bidden, e a Presidente do Congresso Nancy Pelosi, dizem que são bons católicos, praticantes, mas aprovam as leis atuais que permitem o aborto. Os bispos dos dois têm falado publicamente com eles sobre essa questão. O último candidato democrático, John Kerry, também “católico”, provavelmente perdeu as eleições para George Bush em novembro de 2004, por falta do voto católico, por causa de sua posição a favor da legalização do aborto. Um membro do Gabinete do Governo Obama é a ex-governadora de Kansas, uma católica praticante, que foi censurada por seu bispo por causa de sua posição a respeito do aborto.
Se o aborto é a matança de uma nova vida em fase de formação, não há espaço ou lugar para muito dialogo. Matar vida inocente é pecado, e não tem mais conversa. Num pais acostumado a acomodar as diferenças ideológicas, a atitude católica ganhará da imprensa secular a impressão de ser rígida e fanática. Dom Burke tem medo que haja uma aceitação do aborto se não houver protestos e gritos proféticos contra a sua existência. Poderia ser o grito de alguém sozinho no deserto, mas a católico tem de reagir. Se não, o escândalo vence. O mal triunfará. É necessário uma manifestação contraria. Ou a fé ficará enfraquecida. E os bispos e o clero têm de ser os primeiros a manifestar-se publicamente.
Os tais políticos católicos que veem o aborto com outros olhos, diriam que eles não fizeram a lei, que dificilmente podem mudar as leis (dependerá da Corte Suprema), e que num pais multicultural e pluralista, como os Estados Unidos, não se pode impor a crença da Igreja sobre as pessoas de outras religiões e de nenhuma religião. As pessoas em favor da vida dizem que essa não é uma questão religiosa, mas humana, independente de qualquer credo ou seguimento religioso.
Dom Burke terminou as palavras de sua entrevista falando do uso da palavra “esperança” pelo Presidente Obama. Ele acha que essa frase é perturbadora. A esperança que precisamos possuir tem de ser baseada em Jesus Cristo, vivo na sua Igreja. Ele deu sua vida para nos salvar, sem distinção, de modo particular, pelos sofredores e pelos sem proteção. Os cristãos do mundo de hoje têm de ter uma esperança que permita que cada um se dedique a trabalhar mais para cumprir as obras do Senhor, e contribuir para a missão de Cristo na proteção à vida em todas as fases.
Nos meses que vem, serão interessantes os capítulos que seguirão desta novela. Serão as primeiras palavras, ou as desculpes que serão citadas?
http://www.redemptor.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Sua participação é muito importante para nós. Deixe seu e-mail para podermos lhe contatar.