PADRE FLÁVIO CAVALCA DE CASTRO CSsR
Os ingleses não são de grandes entusiasmos. Mas de um de seus conterrâneos escreveu um autor: ele foi “o homem de maior virtude jamais produzido pelo Reino Unido”. O que não é pouco, se levarmos em conta a infinidade de figuras ilustres nascidas nos vários séculos da nação britânica. O nome desse homem? Tomas More.
Nasceu no dia 7 de fevereiro de 1478.Tornou-se um dos maiores eruditos de seu tempo, foi escolhido para o posto de chanceler do reino, a maior autoridade logo abaixo do rei. Humanamente era o máximo que alguém poderia esperar. Acontece, porém, que os tempos não eram fáceis, e Tomás era chanceler de Henrique VIII, que não era de modo algum um santo e nem um honesto inglês. O rei e os tempos colocaram-no da necessidade de escolher entre sua posição e sua consciência crista. Como bom cristão, não podia admitir que fosse rompida a unidade com a Igreja Universal. Como cristão, como homem e como inglês não podia aceitar que seu rei fosse senhor absoluto, com o poder inclusive de decidir dobre o bem e o mal, o certo e o errado.
Tomás decidiu-se e enfrentou as conseqüências. Foi acusado de traição, atirado no cárcere, condenado à morte. Sem nenhum estoicismo, soube vencer os apelos do coração. Como que envergonhado de talvez ser considerado herói, até aos últimos momentos, pouco antes de se abaixar o machado, teve palavras de humor sobre si e sobre o mundo. Como quando, ao colocar o pescoço sobre o cepo, ajeitou cuidadosamente a barba, para que não fosse atingida pelo machado, e disse: “Afinal minha barba não é culpada de nenhuma traição...”
Tomas More foi decapitado no dia 6 de julho de 1535. Estava com 57 anos. O grande chanceler da Inglaterra, executado como traidor, foi um mártir da fé e de sua consciência. Foi proclamado santo. Um santo diferente. Tão santo que se podia permitir cultivar o bom humor.
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