PADRE LUIZ KISCHNER CSsR
Um recenseamento recente mostrou que um número não insignificante de católicos desde a infância está largando sua fé. Não é por causa do escândalo de alguns padres, nem somente porque já não acreditam em Deus.
Tudo indica que está havendo uma saída silenciosa, tanto de católicos como de protestantes que, de uma maneira gradual, simplesmente vão deixando suas comunidades. Uma pesquisa diz que 71% deles abandonaram aos poucos a fé de sua infância, sem um motivo especial.
Um perito no assunto disse que essas pessoas não passaram por uma reflexão mais longa, a ponderar As vantagens ou desvantagens antes de tomar uma decisão. Simplesmente, durante um período de tempo, houve um processo de abandono da prática de sua fé. 44% dos norte-americanos têm deixado ou trocado a sua filiação religiosa. Tenta-se encontrar os motivos por detrás dessas mudanças.
Entre os ex-católicos perguntados diretamente, 27% (vs. 21% dos protestantes) afirmaram que os abusos sexuais do clero eram a causa de seu abandono da Igreja. Numa conversa mais geral, porém, somente 3% citaram os casos de pedofilia como o motivo central para ter deixado a Igreja.
O perfil do ex-católico é o de jovem alienado, indiferente; não de paroquiano zangado com certas doutrinas ou abusos sexuais. É uma pessoa que chegou a maturidade, e já não encontrou uma conexão com sua fé. Por causa disso, houve até tentativas de oferecer discussões sobre teologia em bares, e o próprio Vaticano abriu um site no YouTube.
A pesquisa mostra que aqueles que deixaram a fé de sua infância fizeram tudo isso antes de completar 24 anos, e uma grande maioria diz que encontrou sua nova religião antes de chegar aos 36 anos. Pouquíssimos mudaram de igreja depois dos 50 anos. Entre os protestantes, as razões principais são: gostaram mais de outra igreja (58%), ou encontraram respostas espirituais melhores (51%). Outro perito no assunto nota que o que motiva uma mudança infelizmente são razões mais pessoais, não institucionais. Entre católicos e protestantes há uma decisão pessoal em favor de algo, não uma oposição ou descontentamento com alguém.
Entre as pessoas sem religião, 42% dos católicos e 39% dos protestantes afirmam que já não acreditam em Deus ou na maioria das doutrinas professadas por suas religiões anteriores. Uma percentagem menor (32%) acha que a ciência moderna prova que a religião é apenas superstição, e deste grupo 25% citam esse fato como razão importante para seu desligamento. Portanto, o conflito entre ciência e religião não é mais a razão principal da saída de pessoas das igrejas. O que mais aparece como a razão é o desacordo com doutrinas específicas da Igreja. Essas pessoas estão buscando uma nova forma de culto, ou estão casando com parceiros de outra fé.
Os observadores dizem que, no fundo, as motivações para as mudanças de uma igreja para outra são tão diversas quanto a situação religiosa atual. Não existe uma única razão.
75% das pessoas sem nenhuma religião enxergam as pessoas religiosas como hipócritas, intolerantes e insinceras; deste grupo, 50% citam essa imagem como a razão importante de seu desligamento de qualquer grupo religioso.
Entretanto, um terço das pessoas entrevistadas diz que estão abertas a possibilidade de retornar para uma igreja no futuro, só que ainda não encontraram o grupo que lhes sirva.
Entre os ex-católicos, 65 % sem nenhuma religião, disseram que pararam de acreditar nas doutrinas que a Igreja prega; a percentagem é de 50% entre os que se tornaram protestantes. Entre os ex-católicos sem religião, a posição da Igreja sobre aborto e homossexualidade aparece como a causa de sua saída. Somente 23% dos católicos que hoje em dia são protestantes disseram a mesma coisa.
Uma segunda pesquisa, um ano depois, mostrou que a margem de erro entre os ex-católicos sem religião era, mais ou menos, de 6.5%; entre as pessoas que nunca receberam nenhuma formação religiosa e continuam assim, a margem de erro era, mais ou menos, 10%.
A nova pesquisa, feita um ano depois da primeira, revelou que muitas pessoas mudarão de uma religião para outra mais de uma vez durante a vida. Isso ao menos ajuda as lideranças religiosas que tentam descobrir as causas dessas mudanças. A esperança é que o abandono da Igreja não seja definitivo. Talvez outra apresentação de serviços, um novo rosto, programas diferentes, atraiam essas pessoas para retornar a sua casa original.
Creio que esses estudos ajudarão a Igreja Católica no Brasil, pois podemos notar situações e questões similares. Veja:
Nascer numa tradição religiosa não garante que a pessoa nela permaneça.
Motivos pessoais pesam fortemente na hora de uma mudança religiosa. O individualismo já invadiu o campo religioso. Se uma pessoa pode escolher o tipo de carro, cigarro, cerveja ou computador que usa, porque não pode (pensa ele) escolher sua pratica religiosa? Certo ou errado, é necessário satisfazer até certo ponto as aspirações do fiel. A escolha religiosa está tornando-se cada vez mais uma decisão pessoal, não familiar ou grupal/social.
É necessário cultivar todos os membros de uma paróquia ou comunidade com programas que atendam as necessidades diversas dos membros. Imagine um restaurante que só serve frango assado e mais nada! A companhia Ford quase entrou em falência porque o fundador recusava-se a pintar seus carros outra cor que não fosse preta.
Convide e reanime os relaxados, os indiferentes, os ex-católicos a retornar à casa paterna e a sentir mais uma vez a alegria e a forca de nossa fé.
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