
Ir. Suibert (Gilberto) Geritsen, CSsR
Falecido em Nijmegen, Holanda - 26-06-1989
(77 anos)
O nosso Irmão Suibert começou a sua vida missionária no ano de 1947 no Suriname. Chegou ao Nordeste brasileiro em 1955 e atuou na nossa Vice-Província do Recife até 1974.
Este irmão não era dotado de grandes qualidades técnicas como os outros Irmãos da Vice-Província; a área dele era o trabalho doméstico e nestes afazeres sentia-se realizado. A passagem de Suriname, onde a língua holandesa é dominante, para um ambiente de língua portuguesa, foi muito pesada para o Irmão. Mas, surpreendentemente ele soube vencer essa dificuldade de uma maneira ou de outra. Portanto, o problema da língua, tão estranha para ele, não se tornou uma barreira, pois sempre encontrava outras formas de comunicação, que tinha pleno êxito.
Logo após a sua chegada ao Brasil, o Irmão já não precisava de companhia nem de intérprete para fazer as compras na feira; mesmo assim, chegava em casa com tudo de que estávamos precisando e até conseguia de uma maneira mais econômica do que os outros confrades, que sabiam expressar-se muito melhor do que ele.
Irmão Suibert era conhecido por seu espírito de serviço à Congregação e à Igreja. Era um trabalhador incansável fortemente apaixonado pela mais perfeita limpeza. Caprichava no asseio da Igreja e da casa. Isto fazia com que a casa parecesse um convento de freiras! Todo o trabalho do Irmão era realmente perfeito e sentia-se bem quando a gente o elogiava, pelo menos uma vez por dia. Também era um bom pintor e, muitas vezes era convidado pelas comunidades para realizar trabalhos de pintura.
Ele trabalhou mais nas casas de Garanhuns, Juazeiro da Bahia e Arcoverde. Em Arcoverde aconteceu que um dia teve uma conversa prolongada e animada com a nossa lavadeira. Foi um jogo de “palavra puxa palavra” e a lavadeira ficou bastante impressionada. Depois ela nos disse que tivera uma conversa muito boa e esclarecedora com Irmão Suibert. Quando perguntamos sobre o assunto, ela respondeu: “Ai não sei, pois eu falava na língua da gente e ele falava na dele, mas em todo caso me fez bem”.
Outro acontecimento em Arcoverde: Irmão Suibert tinha pegado um gato muito perturbador do silêncio religioso e mandado para o “céu dos gatos”... O nosso vizinho, dono do bichinho, chegou furioso à nossa casa, reclamando energicamente contra o crime do Irmão: “O senhor não sabe que matar um bichinho inocente é pecado mortal?” Então o Irmão procurou recolher todo o seu conhecimento da língua portuguesa e respondeu: “pekkei mortá; pekkei mortá ??” Você na zona, “pekkei mortá !...” Não sei qual a resposta do vizinho enfurecido...
A última vez que tive uma conversa com Irmão Suibert foi nos jardins do Vaticano, em Roma. Isto se deu em 1982, por ocasião da Beatificação do Pe. Pedro Donders, CSsR.
O Irmão não gostou da situação desalinhada dos jardins e me disse: “Se eu estivesse aqui, com minhas ferramentas, faria uma limpeza geral em poucos dias”. E certamente, conseguiria, pois dispunha de energia suficiente para limpar toda a Basílica de São Pedro!
Em 1974 Irmão Suibert retornou para a Holanda e foi incorporado à Comunidade do Convento do Nebo onde continuou as suas atividades, principalmente no nosso jardim. Aos poucos, porém foi sendo acometido de um enfraquecimento da capacidade mental; chegou a tal ponto que foi preciso interná-lo no Instituto Psiquiátrico São Joaquim e Santa Ana. Nesta última fase da sua vida em estado de demência avançada, recebeu um tratamento médico excelente e todos os cuidados de um serviço de enfermagem muito competente.
O nosso confrade Irmão Suibert foi um religioso muito piedoso, homem de muita oração; fez todos os seus trabalhos (também certas atividades pastorais em Arcoverde) com todo amor e dedicação. Entre nós viveu como um “servo bom e fiel” e, por isso, certamente “está tomando parte na alegria do Senhor”.
Por tudo que fez por nós e pela Vice-Província do Recife, devemos ser gratos, reconhecendo os grandes sacrifícios que ele suportou com tanta simplicidade.
Foi sepultado no cemitério do Convento, no centro do jardim.
Com toda razão, podemos aqui repetir as palavras de Jesus:
“Eu te louvo, Senhor do céu da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do Teu agrado”.(Mt 11,15)
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