Pe. João A. Mac Dowell S.J.
Ouvi dizer que muitas pessoas vivem com um sentimento de culpa, porque tiveram uma educação autoritária. É verdade que para ser feliz é preciso livrar-se do sentimento de culpa?
A sua pergunta está confundindo duas coisas diferentes. Certamente não é bom, nem sadio, viver com um sentimento de culpa. Às vezes uma pessoa pode sentir-se culpada, sem ter feito nada que mereça repreensão. Por exemplo, José tinha prometido levar seu amigo Pedro ao médico. Saíu de casa na hora combinada, mas o pneu do carro furou, e quando finalmente chegou, Pedro já tinha pegado um táxi, para não perder a consulta. José sabe que não cometeu nenhuma falta voluntária, mas ficou com uma sensação desagradável de culpa. Este sentimento não faz bem. Pior ainda é quando alguém tem a tendência a sentir-se continuamente culpado. Por seu temperamento ou por uma educação rigorosa está sempre se acusando de não fazer as coisas mais perfeitamente. Vê obrigação e responsabilidade onde não existe. Se ajuda um pobre, fica insatisfeito por não ter ajudado também os outros. Se é professora, sente-se culpada quando, apesar de seus esforços, os alunos são reprovados.
Mas nem todo sentimento de culpa é negativo. Pelo contrário, o reconhecimento das nossas culpas é uma experiência humana fundamental, sem a qual não pode haver crescimento da personalidade. A consciência da própria culpa está ligada à experiência do dever e da liberdade. Sou culpado se livremente deixo de cumprir o meu dever. Em geral, todo mundo sabe o que é ter culpa. Quando alguém sofre uma injustiça, procura sempre um culpado. Quem ouve falar do assassinato de uma criança, fica naturalmente indignado contra o criminoso. É fácil apontar a culpa dos outros. Mais difícil é reconhecer a própria. Como diz Jesus, vemos logo o cisco no olho do nosso irmão, mas não reparamos na palha que está no nosso olho.
O motivo é que reconhecer-se culpado é sempre humilhante. Significa que fomos fracos, incoerentes, infiéis aos nossos bons propósitos: não cumprimos a nossa obrigação e, por isso, merecemos a repreensão da nossa consciência e das outras pessoas. Por isso, hoje em dia muita gente tem a tendência a abafar a consciência da própria culpa. Não sentem mais remorsos por suas faltas. Se são violentos com sua mulher, ficam talvez chateados, porque não conseguem viver em paz. Consideram isso um prejuízo, um insucesso, talvez um erro, que deve ser corrigido no seu próprio interesse, mas não uma falta moral contra as suas obrigações e a sua consciência.
Mas esta tentativa de livrar-se de qualquer sentimento de culpa é tão errada como a tendência a sentir-se culpado de tudo. Só quem se arrepende de sua falta, pedindo e recebendo o perdão, pode encontrar a verdadeira paz e felicidade.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
http://www.redemptor.com.br
Ouvi dizer que muitas pessoas vivem com um sentimento de culpa, porque tiveram uma educação autoritária. É verdade que para ser feliz é preciso livrar-se do sentimento de culpa?
A sua pergunta está confundindo duas coisas diferentes. Certamente não é bom, nem sadio, viver com um sentimento de culpa. Às vezes uma pessoa pode sentir-se culpada, sem ter feito nada que mereça repreensão. Por exemplo, José tinha prometido levar seu amigo Pedro ao médico. Saíu de casa na hora combinada, mas o pneu do carro furou, e quando finalmente chegou, Pedro já tinha pegado um táxi, para não perder a consulta. José sabe que não cometeu nenhuma falta voluntária, mas ficou com uma sensação desagradável de culpa. Este sentimento não faz bem. Pior ainda é quando alguém tem a tendência a sentir-se continuamente culpado. Por seu temperamento ou por uma educação rigorosa está sempre se acusando de não fazer as coisas mais perfeitamente. Vê obrigação e responsabilidade onde não existe. Se ajuda um pobre, fica insatisfeito por não ter ajudado também os outros. Se é professora, sente-se culpada quando, apesar de seus esforços, os alunos são reprovados.
Mas nem todo sentimento de culpa é negativo. Pelo contrário, o reconhecimento das nossas culpas é uma experiência humana fundamental, sem a qual não pode haver crescimento da personalidade. A consciência da própria culpa está ligada à experiência do dever e da liberdade. Sou culpado se livremente deixo de cumprir o meu dever. Em geral, todo mundo sabe o que é ter culpa. Quando alguém sofre uma injustiça, procura sempre um culpado. Quem ouve falar do assassinato de uma criança, fica naturalmente indignado contra o criminoso. É fácil apontar a culpa dos outros. Mais difícil é reconhecer a própria. Como diz Jesus, vemos logo o cisco no olho do nosso irmão, mas não reparamos na palha que está no nosso olho.
O motivo é que reconhecer-se culpado é sempre humilhante. Significa que fomos fracos, incoerentes, infiéis aos nossos bons propósitos: não cumprimos a nossa obrigação e, por isso, merecemos a repreensão da nossa consciência e das outras pessoas. Por isso, hoje em dia muita gente tem a tendência a abafar a consciência da própria culpa. Não sentem mais remorsos por suas faltas. Se são violentos com sua mulher, ficam talvez chateados, porque não conseguem viver em paz. Consideram isso um prejuízo, um insucesso, talvez um erro, que deve ser corrigido no seu próprio interesse, mas não uma falta moral contra as suas obrigações e a sua consciência.
Mas esta tentativa de livrar-se de qualquer sentimento de culpa é tão errada como a tendência a sentir-se culpado de tudo. Só quem se arrepende de sua falta, pedindo e recebendo o perdão, pode encontrar a verdadeira paz e felicidade.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
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