
Devemos ter medo de Deus?
Existe o temor de Deus, mas bem distante das antigas aulas de catecismo, de teologia moral e das investidas nos confessionários com centenas de pecados mortais. Bem distantes também dos sermões sobre o inferno, que fez muita gente cair em neuroses e não conseguiram deixar-se guiar pelo Espírito.
Carregar o povo de leis sem formar sua consciência para que a pessoa possa agir certo é repetir as atitudes dos fariseus, já condenadas por Jesus. “Vocês colocam pesados fardos sobre os outros e vocês mesmos não os carregam.”
É preciso libertarmo-nos da angústia, do medo, das inquietações e da verdadeira tortura da observância das leis, sem olhar o espírito. Essa neurose da observância pura da lei e da criação de novas leis e proibições bloqueiam as pessoas que poderiam estar caminhando na mais perfeita liberdade e desacreditam a própria Igreja.
A perplexidade e angústia diante de um Deus ameaçador são geradoras de uma religião de escravos, em que as forças libertadoras não aparecem, dando assim lugar ao complexo de culpa, sentimentos de medo, escrúpulos, que tiram a paz e a possível e verdadeira reconciliação.
Cada dia percebemos que não somos livres em Cristo e nem somos curados.
Necessitamos de cura e libertação. Não é justo usar o nome de Deus para impor obrigações e para tornar as pessoas dóceis e obedientes. Já tivemos de retornar e abandonar tantas coisas que antigamente, com facilidade, incutíamos na cabeça das pessoas como graves e merecedoras de castigo.
Em vez de formarmos a consciência, criamos uma geração de fácil manipulação, medrosos, sem capacidade para fazer um discernimento, massa de manobra nas mãos de manipuladores inescrupulosos em um mundo em rápida transformação, cujo objetivo é sempre ter vantagens ou se manter no poder religioso.
É de se assustar ao ver como pessoas acreditam com facilidade em revelações terroristas, nascidas de mentes doentias, que querem incutir nos outros seus próprios desacertos e neuroses, querendo que se convertam pelo medo das ameaças.
Falam de “nova evangelização” sem perceber que é impossível evangelizar de maneira nova e com conteúdo novo fora do esquema de uma franqueza pentecostal, corajosa e numa transparente procura de Deus, sem a qual não há verdadeira conversão.
Precisamos ainda descobrir a força terapêutica da graça, que através do Espírito é capaz de renovar todas as coisas.
A força animadora, paraclética do Espírito, faz descobrir na solidariedade para o bem, na expressão da não-violência, o caminho salvífico, que deve ser feito passo a passo, sem ameaças, no respeito à identidade e maturidade de cada um.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUME 6
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br
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