PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsRO Cristo da Páscoa é o mesmo Jesus de Nazaré?
Embora as explicitações que temos sejam resultado da experiência de Jesus, feitas pelas comunidades primitivas de acordo com suas perspectivas teológicas e seus problemas, podemos chegar até a Jesus de Nazaré. É através do anúncio dos evangelhos que percebemos que o Cristo Pascal é o mesmo Jesus de Nazaré.
O problema é que agora Ele vem identificado como Messias Salvador. Hoje é o ressuscitado, ontem era o crucificado. Não podemos ficar só com o Jesus que perambulou pela Palestina, sem o Jesus ressuscitado.
Se não temos o relato histórico, cronológico do Jesus, filho do carpinteiro, é porque a ressurreição foi o grande momento que despertou a comunidade para a percepção, agora confirmada, que Jesus de Nazaré é o Cristo de Deus, mais um acontecimento que, como outros, poderia cair no esquecimento. Até então tudo carecia de uma confirmação de Deus, Senhor da história. E mesmo que a comunidade tenha feito teologia, essa teologia foi feita em cima de uma base histórica.
Assim percebemos que entre Jesus e o texto que conhecemos dos evangelhos temos várias camadas e leituras que nos enriquecem, embora aumente a distância entre o Jesus que conhecemos e o Jesus que viveu na Palestina.
A partir da experiência da ressurreição e do Cristo Ressuscitado, os apóstolos e discípulos puderam confessar Jesus e executaram atos, adotaram comportamentos, que deram fundamento à fé cristã e à relação de continuidade entre o fenômeno Jesus e a interpretação que foi dada pela Igreja primitiva.
Através de diversos estudos comparativos podemos hoje perceber os traços do Jesus histórico e a linha de seus discursos. E vamos encontrar no discurso de Pedro a fé na identidade de Jesus, quando ele diz que o mesmo Jesus que foi crucificado, Deus fez ressurgir da morte e está vivo no meio de nós.
Com a certeza histórica que temos hoje, não devemos nos preocupar em encontrar a pureza do querigma (o anúncio da salvação) primitivo. Sem menosprezar os acontecimentos, nossa preocupação é fazer uma nova leitura de Jesus de acordo com nossos tempos, como grande anúncio salvador de Deus e como luz a guiar a humanidade.
Jesus hoje não pode ser um receituário que aponte as mais variadas soluções para os mais diversos problemas, mas a fonte geradora de nossas atitudes, nossa ética, nossa configuração do homem e da sociedade moderna.
É preciso ter coragem para dizer que Jesus ressuscita hoje no meio do caos da história. Ele é o início e fim das coisas.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUME 6
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br
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