Pe. Luiz Carlos de Oliveira CSsR
“Ser Eucaristia”
O altar da vida.
Quando refletimos sobre a Eucaristia, sabemos que ela é nosso culto a Deus, é nossa união com Deus, é nossa celebração. Mas Deus age sempre de modo mais completo para conosco. Antes mesmo que houvesse a Eucaristia, a missa, cada pessoa podia prestar culto a Deus. No seu coração ou na beleza dos ritos tanto pagãos como judeus, cada pessoa sincera encontrava Deus e com Ele mantinha seu diálogo. Ouvi do chefe da guerrilha angolana (já assassinado) que seu pai tinha religião animista tradicional, mas todo dia se ajoelhava em direção ao sol para sua oração. Certamente nascia de um coração sincero. Não é só o culto exterior, mas ,sobretudo, o culto interior. Cada um em seu coração e na sua vida tem um relacionamento com Deus. Este relacionamento é de súplica, de pedido de perdão, de ação de graças e de louvor. O culto era uma pedagogia para o verdadeiro culto.
O verdadeiro culto.
Quando chega a plenitude dos tempos encontramos na pessoa de Jesus o verdadeiro culto. Para Ele convergem todas as linhas do universo. Jesus, obedece à vontade do Pai, isto é, faz o que agrada o Pai. Era isso que gostava de fazer. Com isso agradava ao Pai e se entregava a Ele. Prestava o culto filial cheio de amor ocupando-se dos amados de Deus que eram os sofredores. Quando chega o momento supremo de sua vida, quando deve suportar a morte, entrega sua vida ao Pai como oferta por todos “meu corpo que será entregue por vós - sangue derramado por vós e por todos para e remissão dos pecados”. Esta entrega da cruz é o sacrifício, é o culto, é a síntese da vida de Jesus. O verdadeiro culto não está nas ofertas materiais, mas no interior do coração que oferece a si mesmo. Todo o sacrifício de Jesus é realizado em seu corpo. Por isso, a Eucaristia que é continuação do sacrifício e da entrega de Jesus, realiza-se também no corpo físico, visível do pão e do vinho que são o corpo e o sangue do Senhor. O verdadeiro culto de Cristo torna o verdadeiro culto do cristão.
O culto do cristão.
“Oferecei vossos corpos como hóstia vida”. A vida do cristão em seu corpo e na vida do mundo é o primeiro lugar onde acontece o culto, isto é, sua entrega a Deus. Hóstia viva: o corpo, animado por uma alma espiritual sendo uma única realidade, faz da pessoa um sacerdote e uma oferta. Por este corpo que é também espiritual, faz a entrega de si a Deus e faz também a entrega do mundo a Deus. O homem e a mulher não são religiosos porque vão muito à Igreja, mas o são porque capazes de infundir o caminho de Deus no mundo, como Jesus, fazendo a vontade do Pai. Jesus pregava, mas estava em contato com as pessoas, sobretudo, dando-lhes vida e esperança de viver. O cristão, pelo seu trabalho, pela sua vida dedicada ao amor e à construção da sociedade, é um religioso. É religioso porque, no Espírito de Deus, faz as obras de Deus. Esse culto espiritual é voltado para as pessoas e para as realidades do mundo. Nisso ele é religioso, é sacerdote, é oferta a Deus, é louvor. Quando vai à Igreja para sua oração na comunidade, faz vivo o sacramento do corpo do Senhor que o torna vivo no mundo. Sua oração é a linha que une todos os pontos e faz de tudo o que ele toca, caminho de santificação para si e caminho para os outros. Para que este culto seja perfeito é preciso aprender da Eucaristia e vive-la no mundo.
(2003)
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