
Pe. Luiz Carlos de Oliveira CSsR
“Não temais, sou eu!”
Quando Jesus veio andando sobre as águas, os discípulos gritaram de medo. Jesus lhes disse: “não tenham medo, sou eu!”. O temor diante de Deus é uma realidade constante no meio do povo. Podemos dar um exemplo: quando fazemos alguma coisa errada, da qual a consciência nos acusa, nossos olhos fogem das imagens, como se não quiséssemos ser descobertos. A gente até diz: não tenho nem coragem de olhar para o Crucifixo. Temos medo. Outra coisa é o temor de Deus: respeito a Deus e esforço para não romper a aliança com Ele através do mal feito, do pecado.
Antigamente em nossa formação, era muito comum se ouvir aquela frase: “Deus me vê”. E isso estava mais voltado para as falhas no sexto mandamento. Estaria dizendo que nos persegue com o olhar para nos pegar em erro. Será esse o Deus de Jesus, seu Pai querido? Certamente o pecado não perde sua gravidade só porque Deus é bom demais. Ele perdoa, mas quer nossa conversão. O que Ele quer é ser conhecido como Deus de ternura e bondade. Assim reza o salmo: “Não te lembres dos pecados da minha mocidade, nem das minhas transgressões; mas, segundo a tua misericórdia, lembra-te de mim, pela tua bondade, ó Senhor”. (Sl 25,19). Toda a experiência que o povo de Israel tem de Deus, é uma experiência de um Deus que cobra, mas que usa de misericórdia e bondade. Quem fala por último nos pecados é a bondade do Deus que perdoa e acolhe o que se volta pare Ele. “Não tenhais medo”.
A experiência do Novo Testamento é muito maior. Paulo, escrevendo a Tito descreve a vinda de Jesus ao mundo: “Mas quando apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador e o seu amor para com os homens...” (Tito.3,4). Jesus é Salvador, Redentor, Juiz do Universo, mas quando aparece para nós na forma de uma doce criança, é a expressão mais acabada da bondade de Deus. Tem consciência do direito (e reclama) de ser bondoso como uma ordem do Pai: “A vontade daquele que me enviou, é que eu não perca nenhum daqueles que me deu” (Jo 6,39). Que mais se precisaria dizer depois de ouvir a parábola da ovelha perdida, do bom samaritano, da bondade de Jesus para com os doentes, os fracos e os pecadores. Somente um Deus bondoso se ocupa em abraçar os pequeninos.
Santo Afonso diz que o amor é capaz de levar a uma conversão consistente, o temor leva à conversão também, mas por pouco tempo. A atitude fundamental que devemos aprender é que Deus nos ama, compreende e conduz sempre com bons modos para o bom caminho. Não existe castigo para nossos pecados. Se algum pecado provoca conseqüências, é por sua própria realidade. A gente ouve dizer: Deus está castigando...Não é verdade. Podemos quando dizer que o pecado traz sofrimento que nos levam a um arrependimento e a uma correção. A Igreja igualmente é convidada sempre a seguir o exemplo de Jesus, tratando com carinho a todos, usando misericórdia e conduzindo à conversão. Os maus-tratos e grosserias que usamos não são de Deus.
(2003)
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