Padre Walmir responde em 31/05/2010

PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR

Catarina: O objetivo de Jesus ter reunido seus apóstolos na Santa Ceia foi para anunciar que seria traído por um de seus discípulos? Teria sido esse o motivo principal?

Não. O objetivo principal desta reunião foi celebrar a Páscoa com seus discípulos e despedir deles numa última ceia pascal. Ali Jesus instituiu a Eucaristia, revelou o mandamento do amor no serviço aos outros e também disse que um deles iria traí-lo.

Zuleica: Em sua opinião, qual o maior desafio para os jovens nos dias de hoje? E qual seria a solução?

Eu creio que o maior desafio do jovem hoje é enfrentar esse mundo tão cheio de contra valores. A falta de disciplina, de limites, o gosto de aventura tem levado muitos jovens à perdição. Para mim a solução está na educação, desde a educação familiar (mais religião e princípios cristãos) até à melhoria em nossas escolas, que mais deseducam do que educam a juventude.

Adelaide: Quando Jesus estava na cruz, Ele pediu que Deus perdoasse a quem o crucificou, pois não sabiam o que estavam fazendo. Mais de 2 mil anos se passaram. O cristianismo abrange a maior parte do globo terrestre. Em sua opinião, acha que mesmo assim, ainda não temos consciência dos nossos atos?

Claro que temos consciência de nossos atos. Aqueles que crucificaram Jesus também tinham consciência, mas ele pediu o perdão para eles, pois ainda não tinham o conhecimento da Verdade que Jesus ensinou. Nós hoje temos a oportunidade de sermos felizes e jogamos tudo para o alto, com nossa irresponsabilidade na condução de nossa vida.

João Victor: Qual a diferença do padre redentorista e não redentorista? Por que os padres da Catedral não celebram missa na matriz?

Existem dois tipos de padres: os religiosos e os diocesanos. Os religiosos (como os redentoristas) são membros de uma congregação religiosa, emitem votos religiosos de pobreza, obediência e castidade. Já os padres diocesanos eles não pertencem a nenhuma ordem ou congregação religiosa, vivem sozinhos, não emitem votos e só tem o compromisso de viver o celibato. Eles devem obediência somente ao seu Bispo diocesano, enquanto que o religioso deve obediência ao seu Superior religioso. Você pergunta por que os padres da catedral não celebram na Matriz de Campinas e eu digo que podem celebrar tranquilamente, mas como eles tem a Paróquia da Catedral, não têm tempo de vir aqui ou celebrar em outra paróquia. Cada Paróquia está confiada a um determinado padre diocesano ou a uma congregação e estes assumem o trabalho ali onde estão.

Nilva Lima de Oliveira: Todos os dias às 5h da manhã eu acompanho no rádio o Ofício de Nossa Senhora, só que eu fico deitada, é pecado?

Não tem problema nenhum rezar deitada. Pode continuar, não é pecado algum. Qualquer posição em que você esteja, você pode rezar. Se fosse pecado como ficariam as pessoas com problemas de saúde que não podem ficar de pé, ou assentadas? O importante é estar atenta na oração.

Clarice: É certo uma pessoa católica praticante ser madrinha de casamento numa igreja evangélica?

Não tem problema ser testemunha de um casamento de outra igreja. O que não podemos é ficar freqüentando uma igreja e outra, sem assumir uma posição clara em relação à fé. Mas podemos ir em outras igrejas participar de um casamento ou outra cerimônia, isto mostra que temos respeito pelas diferenças.

Sandra Leitão: Eu gostaria de saber como foi a criação dos seres celestiais feitos por Deus. Na Bíblia fala que eles existiam antes da criação da Terra.

Nos relatos da criação do Universo não se fala da criação dos seres celestes. O livro do Gênesis fala que “no princípio Deus criou o céu e a terra” (Gn 1, 1).Não se preocupe como foi a criação, pois o que está relatado na Bíblia é feito numa linguagem figurada, não é relato histórico, mas reflexão teológica, mostrando que Deus é o Criador de tudo.

Rosalita: Meu filho faz tratamento para Hiperativo. Eu gostaria que o falasse sobre pessoas hiperativas.

Eu não entendo muito bem de hiperativismo, só sei que exige dos pais muita paciência como também um acompanhamento psicológico intenso. Infelizmente não posso emitir parecer daquilo que não conheço bem.

Valquíria: Meu filho é casado só no civil, agora ele quer casar no religioso. Só que quando ele crismou, nós morávamos no norte, numa cidade bem pequena e eu não peguei nenhum documento que comprovasse que ele crismou. E agora o que devemos fazer?

Para casar no religioso não precisa de comprovante de crisma, só se exige o comprovante do batismo, mas de qualquer maneira, mesmo que ele tenha crismado numa cidade pequena, está registrado no livro de crisma da diocese. Basta escrever para lá e eles mandam o comprovante.

Não identificada: Meu filho fez 18 anos e é um ótimo filho. Só que descobri que ele está se relacionando com outro homem e que ainda é mais velho do que ele. Fiquei sem chão, o que devo fazer?

Não é fácil lidar com essa questão, mas eu aconselho a conversar muito com seu filho, não discriminá-lo por ser homossexual e muito menos tratá-lo com rispidez. É necessário muito amor e diálogo para compreender a situação. Oriente-o para a felicidade, isto é o que importa.

Lígia: Em Ecl 3 diz que há tempo para tudo e que nada acontece fora do seu tempo. Em sua opinião, acha que não devemos ficar correndo atrás das coisas que elas vêm naturalmente?

O livro do Eclesiastes não fala que devemos ficar parados esperando as coisas virem, ele está orientando para conhecermos o tempo justo, o lugar justo e a medida justa da ação humana.

Tereza: Gostaria que falasse um pouco sobre a morte. É que a gente, na nossa pequenez, quando se depara com esta fatalidade, mesmo munido de fé, passa por um abatimento profundo. Sei que é ignorância, mas infelizmente a morte dá um sentimento de inutilidade frente às lutas do dia-a-dia, a conquista dos sonhos, parece que tudo perde o valor.

A morte faz parte da vida, nascemos, crescemos e morremos. Não é uma fatalidade, quando se trata de morte natural. Tem uma canção católica que diz algo muito consolador: “A vida pra quem acredita, não é passageira ilusão, e a morte se torna bendita, pois é nossa libertação”. E continua a canção: “Nós cremos na vida eterna, e na feliz ressurreição, quando de volta a casa paterna, com o Pai os filhos se encontrarão”. Baseado nesta canção pode-se ver que a vida eterna é a plenitude da vida e para alcançá-la temos que passar pela porta da morte. É plenamente normal que fiquemos tristes com a morte de alguém que queremos bem, pois é uma separação, mas não podemos perder a esperança da vida plena

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