PADRE FLÁVIO CAVALCA DE CASTRO CSsR
SALVAÇÃO PARA QUEM PRECISA
Dia 6 de janeiro, festa da Epifania (Manifestação), já foi uma das datas mais importantes da Igreja. Principalmente da Igreja Oriental que, nesse dia, já antes do século terceiro, celebrava o nascimento de Jesus, a adoração dos Magos e o batismo de Jesus. Era festa importante como a Páscoa, quando ainda não se começara a celebrar em Roma a festa do Natal, no dia 25 de dezembro. Dia santo de guarda, como se dizia, no Brasil era chamado de “Dia de Reis”, e estava profundamente marcado na alma popular. Basta ver como ainda agora continuam as manifestações populares das “Folias de Reis”. Hoje em dia a celebração foi transferida para o domingo mais próximo.
Celebrando o nascimento, a visita dos Magos do Oriente, ou o batismo de Jesus, essa festa da Epifania era sempre de fato a festa da “manifestação” de Jesus como Salvador. E por isso continua tendo muito sentido também para nós, pois continua sendo preciso que o aceitemos ou recusemos como salvador. Nessa decisão jogamos tudo.
Toda a vida de Jesus foi uma epifania, uma manifestação. Por isso, a certa altura de sua vida, podia propor aos discípulos a pergunta decisiva: “E para vocês, quem sou eu?” (Mt 16,13-16). Dessa pergunta não podemos fugir. E para exigir de nós uma decisão, Jesus apresentou-se de maneira muito clara, quase diria pretensiosa. Basta relembrar:
“Venham comigo” (Mt 4,19); “felizes os perseguidos por minha causa” (Mt 5,11); “vim levar a Lei à perfeição” (Mt 5,17); “ouviram o que foi dito aos antigos, eu, porém, digo” (Mt 5,28.32.34.39.44; 19,9); diante dele é preciso tomar partido (Mt 10,35); é Senhor do sábado (Mt 12,8); maior que Jonas, Salomão e Davi (Mt 12,41-42; 22,43); exige renúncia total para segui-lo (Mt 16,24); quem nele crer, por meio dele terá a vida eterna (Jo 3,15.16; 5,24; 6,40); quem nele não crer já está condenado (Jo 3,18); quem bebe da água que ele dará jamais voltará a ter sede (Jo 4,14); dá a vida a quem ele quer (Jo 5,21); é o pão da vida (Jo 6,35); é a luz do mundo (Jo 8,12); sua palavra é a verdade que liberta (Jo 8,32); é a porta para a salvação (Jo 10,7-9); veio para que tenham a vida em abundância (Jo 10,10); é a ressurreição e a vida (Jo 11,25); é a luz do mundo (Jo 2,44-45). E, como se tudo isso não bastasse: “sem mim nada podem fazer” (Jo 15,5).
É diante de quem assim se manifesta que temos de tomar posição. Nisso consiste nossa decisão de fé. E será bom lembrar que nossa resposta vai depender de como nos vemos. Aceitar Jesus como Salvador somente terá sentido se nos reconhecemos necessitados de salvação. Será resposta para nós, se temos uma pergunta a nos angustiar. Será solução, se de fato nos vemos enredados numa teia sem sentido. Poderemos aceitá-lo como libertador, somente se nos sabemos escravizados; será luz, se nos percebemos cegos; será vida, água, pão, se estamos famintos, sedentos, mortos à espera de quem nos faça voltar à vida. Se ainda não percebemos nada disso, Jesus não nos interessa, não precisamos dele.
Estamos a começar um novo ano. Daqui a pouco virão a Quaresma e a Páscoa. Boa oportunidade para olhar nossa vida, e principalmente para reexaminar o que pensamos de nós mesmos. Afinal, conversão, mudança na maneira de pensar e de agir, tem sentido somente se estamos descontentes. Abrir-nos a Jesus, aceitar suas propostas, supõe que nos sabemos necessitados. Terrivelmente necessitados. Se assim nos percebemos, então, sim, Jesus poderá ser para nós epifania – manifestação do amor gratuito e potente da Trindade.
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