PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
O livro do Gênesis é uma história ou uma lenda?
Falamos dos primeiros capítulos do livro do Gênesis, das historietas fantásticas que povoam a fantasia das crianças: árvore da vida, cobra que fala, um paraíso perdido...
Os capítulos de 1 a 11 não pertencem ao gênero histórico, no sentido de escrever a história como o que fazemos hoje. São escritos que remontam à pré-história. Não descrevem fatos e acontecimentos do passado. Mas nem por isso são lendas.
Com uma linguagem cheia de símbolos, os autores desses contos populares querem mostrar, de maneira bem simples, a questão do pecado como fruto da liberdade humana.
Apesar das muitas aproximações com a mitologia antiga que trazem nas narrações de Gilgamesh quadros bem semelhantes, esses capítulos não são mitologia. É um esforço da imaginação humana para representar a realidade que não pode ser sentida pela experiência dos fatos. Pode-se inspirar no mito, mas são corrigidas de um modo razoável a experiência religiosa e os aspectos essenciais da existência humana.
Esses relatos das origens não têm sua fonte histórica que supõe testemunhas do passado, eles foram mostrados a partir da reflexão e da experiência religiosa do povo e, bem depois, dos primeiros livros da Bíblia.
Assim sendo, ninguém precisa se admirar que a narrativa da criação em sete dias não se coadune com as teorias científicas da formação do universo e muito menos deva aceitar as historietas pitorescas da maçã, da serpente tentadora, a plastificação de um estado feliz em imagens paradisíacas e nem sequer o tão questionado primeiro casal como origem da humanidade.
É necessário ver o fundo das narrativas e o fio condutor da experiência religiosa que formam o conteúdo do que se deve crer. Assim cremos que Deus é o princípio de tudo o que existe, a origem da vida humana, a comunhão querida por Deus e sua rejeição pelo pecado, a ruptura feita por decisão humana e as conseqüências dessa decisão.
A experiência que temos da solidariedade humana no pecado não é de agora, vem das origens da humanidade livre.
É uma pena que, ao formarmos nossos catequistas, não tenhamos até agora em linguagem atualizada, traduzida e adaptada essa experiência religiosa do povo de Israel para passarmos às crianças. Os tempos vão longe e ainda usamos imagens distantes de nossa realidade. Preferimos que as crianças acreditem em Papai Noel, paraísos perdidos e Torre de Babel.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUME 9
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br
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