REFLETINDO A PALAVRA nº 137

Pe Luiz Carlos de Oliveira CSsR

Dia nacional de ação de graças
“O agradecimento é uma loucura!”

Dia 21 de novembro(2002) celebramos o dia de Ação de Graças. Esta celebração tem origem num reconhecimento dos emigrantes ingleses que haviam sobrevivido nos dias duros da colonização. Decidiram celebra-la cada ano como reconhecimento da vida que Deus lhes dava em meio a tantas dificuldades. O brasileiro Joaquim Nabuco, vendo esta celebração, animou-se tanto com a festa que quis propagá-la.

Num destes dias, vindo de ônibus de São Paulo, aconteceu algo muito interessante: um rapaz, um tanto desequilibrado, falava alto com sua mãe. Ele agradecia a tudo que acontecia. Perguntava alguma coisa ao motorista e dizia: muito obrigado, motorista. Assim por diante. Em dado momento diz: “se todo mundo agradecesse, o mundo seria muito diferente”. Realmente é uma frase da mais profunda verdade e novidade.

O agradecimento é o reconhecimento do valor da pessoa e de sua ação para conosco. Toda pessoa é um dom a ser recebido com reconhecimento, pois em si já é um benefício para nós. Quem vem ao nosso encontro, é sempre um tesouro que é doado, mesmo que venha envolvido nos trapos da vida ou nas sujeiras do mal. Seria bom aprofundar esta idéia em outro momento. Debaixo de toda esta camada que pode nos desagradar, ela é um dom, um tesouro a ser reverentemente recebido. Por isso agradecer é uma loucura de bom e de grande. Imaginem se tivéssemos óculos especiais para enxergar o diamante que cada um é e, ainda mais, para nós. Podemos igualmente reconhecer que somos um tesouro que vai ao encontro do outro como dom.
O agradecimento é o reconhecimento por aquilo que nos é feito. Gosto de repetir que salário não paga o dom que a pessoa é nem o dom que ela nos faz quando trabalha para nós. Nada paga a doação de vida que algum empregado faz ao trabalhar para nós. O salário, como diz a própria palavra, é somente uma oferta pelo sal. O reconhecimento de um trabalho, certamente inclui o bom salário, mas vai além. É justamente, vendo o trabalho do outro como dom, que vamos saber usar a justiça no reconhecimento salarial. Mas o que mais importa é ver naquela doméstica, lavadeira, funcionário, lixeiro, aquele que nos serve nos mais diversos lugares, ver neles um dom que nos oferecem. Seremos respeitosos e agradecidos. Quando vivia na Angola, gostava de ver as pessoas receberem, por exemplo, quando pediam um garfo, ou uma chave, receberem com as duas mãos em concha, como para acolher um presente.
O agradecimento é o reconhecimento de Deus como doador e fonte de todos os bens que tanto nos dão vida. Não reconhecer a Deus é injustiça e burrice. Agradecer é abrir caminho para novos dons que nos serão dados. Jesus mesmo, para instituir a memória de sua vida, morte, de seu mistério pascal, criou a Eucaristia que significa ação de graças. Oferecemos a missa a Deus em agradecimento.
(Novembro - 2002)