Padre Walmir responde em 22/04/2010

PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR

Terezinha: Gostaria que esclarecesse a respeito das “três mensagens angélicas” que estão no Apocalipse. São elas: a mensagem de Elias, a mensagem do Santuário e a mensagem do hora do juízo.
O livro do Apocalipse foi escrito numa época de crise e de violenta perseguição na qual muitos cristãos foram mortos. As perseguições de Nero e de Domiciano (Imperadores romanos) provocaram várias crises no cristianismo nascente. O autor do livro quer reafirmar a certeza da vitória de Cristo e trazer uma mensagem de esperança para os perseguidos, o “evangelho eterno” válido para todos os tempos. As mensagens angélicas descritas no livro estão também nesta perspectiva, linguagem simbólica que leva as pessoas a refletir sobre sua fidelidade a Cristo e sua perseverança na fé. Não fiquemos impressionados com essas mensagens, elas não são para colocar medo em ninguém, mas para despertar a fé.

Ivani: “Maldito homem que confia no homem”, sendo que a Bíblia toda foi escrita pelo homem, embora inspirada por Deus. Explique.
Jeremias apresenta esta verdade: “Maldito homem que confia no homem”, ou seja que deposita a sua confiança e esperança em suas próprias forças, não confiando naquele que tudo pode e em quem nós devemos colocar nossa esperança e confiança, que é Deus. Nós devemos procurar refletir sobre essas palavras reveladas e colocar nossa confiança em Deus e não em nós mesmos, que estamos sujeitos ao erro e à incoerência.

Vilmondes Borges: Como devemos compreender o Espírito Santo? Como ele age em nossas vidas?
Meu querido amigo, o Espírito Santo é Deus. Devemos entendê-lo como Deus que age em nossas vidas, que nos santifica, que nos inspira para a prática do bem e da justiça. Deus, o único e verdadeiro Deus se revelou no Pai criador de todas as coisas, no Filho – Jesus Cristo – que nos salvou por sua morte redentora e no Espírito Santo, que conduz a sua Igreja na santidade e no amor.

Não identificada: Já cometi alguns pecados graves dos quais já me arrependi profundamente. Já me confessei, mas ainda carrego um sentimento de culpa muito grande. O que mais eu poderia fazer para me livrar desses sentimentos e viver em paz?
A primeira coisa que devemos fazer quanto aos pecados é arrepender-se. O arrependimento é o primeiro passo para uma boa confissão. Depois de confessado o pecado, devemos procurar nos perdoar, ou seja, sentir o perdão de Deus, buscando refazer o erro, se for possível. Por exemplo: se machuquei alguém com palavras ofensivas, devo pedir perdão à pessoa ofendida; se prejudiquei, devo procurar desfazer o prejuízo e assim por diante. Só confessar muitas vezes não basta, pois não refazemos os erros cometidos. O perdão é alcançado na medida em que perdoamos, conforme Jesus nos ensinou e que rezamos no Pai nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos tem ofendido”.

Jonas da Silva: Gostaria que comentasse esta passagem do evangelho Jo 8, 32: “Buscai a verdade e a verdade vos libertará”.
Jesus está se referindo à fé que está na libertação trazida por Ele. Ele é a verdade que nos liberta de toda a forma de pecado (que nos escraviza e nos torna dependentes dele). Quem encontra a vive a verdade que é Jesus se torna verdadeiramente livre e feliz, pois encontrou a salvação.

Emília Duarte: Recebi em meu e.mail a seguinte frase: “O mal que te fazem somente te perturbará se o permitires, acolhendo-o, caso contrário, tornará à sua origem”. Que acha disso?
Concordo plenamente com isso. Não devemos ficar perturbados pelos desejos maus dos outros, precisamos tomar uma decisão em nossa vida: sermos felizes. Não é uma pessoa que vai me impedir de levar adiante a minha decisão de ser feliz em Deus, de confiar na sua bondade e misericórdia. Se Deus é por nós, nada e nem ninguém vai nos separar disso, nos ensina S. Paulo. O mal que os outros me desejam é como veneno que eles tomam querendo que o mesmo faça mal a mim. Quem bebe o veneno é que sofre as conseqüências dele.

Leila: Eu gostaria de compreender melhor onde encontramos Deus: alguns falam que é dentro de nós, outros falam que é no céu, num trono, quero a sua explicação.
Nós encontramos Deus em vários lugares e situações, pois Ele se deixa encontrar sempre por aqueles que o amam. Encontramos Deus na Igreja, nos sacramentos, na Palavra proclamada; encontramos Deus na pessoa do outro; na prática do bem e da justiça; na coerência da fé; nos organismos que lutam pela promoção humana; nos gestos acolhedores que fazemos, principalmente aos mais necessitados, enfim podemos encontrar Deus em nossa oração sincera. São inúmeras as formas de vermos e encontrarmos Deus, basta buscá-lo.

Rosa Maria: Quando Jesus esteve entre nós deixando seus ensinamentos, ele não falou sobre religião alguma. Falou apenas de amor ao próximo. Por que aconteceram tantas divisões?
Ele falou de religião sim e como falou! Falou e ensinou uma nova forma de relacionarmos com Deus, isso é religião. A prática do amor a Deus e ao próximo é religião; coerência de vida na busca de ser como o Mestre é religião; todo o seu ensinamento é religião. Ele disse as apóstolos que a sua Igreja seria construída sobre o testemunho deles, ou seja, sobre a missão de levar a todos a Boa Nova da Salvação trazida por ele. O motivo de os cristãos viverem em desunião em várias Igrejas é conseqüência do mal entendimento que temos em seguir os ensinamentos religiosos de Cristo. É bom não confundir religião com igreja. Religião que Cristo fundou é a Cristã ou o Cristianismo, as Igrejas que vivem separadas, é fruto do desentendimento do que é ser cristão de fato.

Júlia Priscila: A equipe da Matriz de Campinas faz visitas ao CEPAIGO? Tem alguma equipe que visita as cadeias? O que acha desse tipo de trabalho? É válido ou é perda de tempo?
Na Paróquia de Campinas não temos a Pastoral Carcerária, que cuida das visitas aos presídios, mas a Arquidiocese de Goiânia tem essa Pastoral. Eu acho muito válida essa ação da Igreja, pois é uma busca de aplicar o que Jesus nos ensinou, ajudando as pessoas a encontrarem o bem e a justiça.

Nádia: Outro dia ouvindo falar de confissão, existe uma controvérsia entre a confissão individual e a comunitária? Na comunitária a gente não fala os pecados, seria a mesma coisa que confessar diretamente a Deus? Há uma contradição aí!
Não existe controvérsia entre os dois modos de celebrar a Reconciliação do pecador com Deus. São duas formas aprovadas pela Igreja e que estão nos manuais de confissão. O que existe é que alguns Bispos não aceitam muito bem a confissão comunitária, pois é uma forma extraordinária e não pode ser simplesmente colocada no lugar da confissão individual. A confissão comunitária não é a mesma coisa do que falar diretamente a Deus.

Divina: Quando a gente convive com uma pessoa adúltera estamos adulterando também?
Se o conviver está se referindo a viver maritalmente com um adúltero eu digo que sim, ambos estão vivendo em adultério. Agora é bom conversar diretamente com o padre da Paróquia onde freqüenta para analisar o fato.

Irene: Quem escreveu o Apocalipse?
O autor do livro se apresenta como “João” (1, 1.4.9; 22, 8). Ele é identificado com o Apóstolo S. João, o mesmo que escreveu o Evangelho e as cartas.

Antonia: Ganhei uma Bíblia de um protestante, o que devo fazer com ela? Jogar fora ou dar para alguém?
Não jogue fora, pois é Palavra de Deus. O problema da tradução doa Bíblia dos protestantes é que ela não tem as explicações de rodapé, que ajudam a entender a Palavra e, ela tem 7 livros a menos do que a Bíblia dos Católicos. Mas você pode guardá-la, ou dá-la a alguma pessoa protestante.

Não identificada: Ultimamente quando vou orar, tenho pedido a Deus mais do que agradecido. Às vezes tento fazer diferente, mas, quando percebo, já bombardeei Deus com vários pedidos. Será que estou sendo muito egoísta?
Não é problema pedir, pois Jesus nos ensinou a pedir sempre, mas temos que também exercitar a gratidão. Ser agradecido na oração é uma graça, pois você reconhece o que Deus tem feito por você, mas pode continuar pedindo, sem ser ambiciosa e egoísta. Devemos pedir e entregar à vontade soberana de Deus.

Clara: Quem mora junto sem casar, pode comungar?
Segundo a norma geral da Igreja não pode comungar quem vive maritalmente sem o sacramento do matrimônio, mas converse com o padre de sua paróquia, para analisar a questão e, se for possível, regularizar a situação.

Não identificada: Ganhei uma imagem de uma cunhada espírita, devo ficar com essa imagem? Devo pedir para abençoá-la?
Não tem problema ter ganhado uma imagem de uma pessoa espírita, se a imagem é de algum santo católico. Você Pode e deve pedir sempre que abençoe as imagens, independente de quem você ganhou.

Maria Aparecida: O que os católicos devem fazer com essa onda de pedofilia que ronda a Igreja e a imprensa fica exagerando ainda mais?
Segundo um conselho da própria Igreja, se conhece algum caso de pedofilia deve denunciar às autoridade competentes, ou seja, à polícia, pois isso é crime. Agora precisamos rezar muito pela nossa Igreja, pois nela encontram-se pessoas de bem e pessoas que se escondem atrás de uma função para cometer suas ações criminosas, isso não podemos admitir. Às vezes a imprensa exagera sim, colocando um foco demasiado na Igreja e se esquecendo de focalizar outros segmentos sociais onde existem coisas escabrosas a serem denunciadas também.

Filomena: Os protestantes dizem que não existe purgatório. Eu gostaria que falasse um pouco sobre o purgatório.
No Catecismo da Igreja Católica encontramos no parágrafo 1031 o seguinte: A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador: No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro.

Marina: o que é uma festa cultural na Igreja Católica?
O conceito de festa cultural independente da Igreja, é uma festa em que se valoriza uma determinada cultura, seja popular ou não. Por exemplo, a festa de Folia de Reis, Congadas, Cavalhadas, Festas Juninas, festa do Peão, Carnaval e tantas outras.

Lali: Por que todas as vezes que vou rezar o terço eu durmo antes de terminar?
Certamente porque você reza quando está cansada, escolha um momento melhor para você rezar, que não seja no final da noite, quando está prestes a dormir, por exemplo. Mas a oração sempre proporciona um descanso, um bem estar, daí pode ser que dê sono, isto é normal.

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