PADRE RUBEM LEME GALVÃO CSsRDEU ZEBRA
Lá estava o padre Sebastião, a cavalo, rumo a alguma capela para a tradicional desobriga. Missas, confissões, batizados, casamentos e não muito raro, até crismas.
Naquele tempo bispo era coisa rara e morava longe.
Aconteceu que, antes de chegar à capela, o missionário foi abundantemente regado por uma forte chuva. Ainda mais que, como abrigo, tinha apenas o surrado chapéu clerical.
À entrada do povoado, ele apeia junto a uma bica d'água, limpa e fresquinha.
Além de matar a sede, aproveita para limpar o calçado, tirar uma mancha de barro que o animal espirrara na batina, e passar uma rápida água no rosto.
Crente de que estava tudo em ordem, entra no lugarejo. Mas, ao cumprimentar as pessoas, percebeu que elas o olhavam de modo esquisito, um tanto espantadas e disfarçando um sorriso.
Mais intrigado ficou quando, mais de uma vez, o convidaram para entrar em suas casas e lavar o rosto.
Atribuindo esse convite à grata hospitalidade do caboclo brasileiro(ele era alemão), agradecia e seguia em frente. Mas o fazia cada vez mais intrigado com a insistência com o que o convidavam para apear e lavar o rosto.
Foi só quando chegou à casa em que iria hospedar-se que o "mistério" se desvendou.
Ao ir ao banheiro, descobriu a causa dos sorrisos e da cara de espanto com que todos o olhavam. Ao ver-se no espelho, ficou espantado consigo mesmo.
Apesar da água que jogara no rosto, este estava todo sujo. É que a tinta do chapéu não resistira à forte chuva que lhe escorrera pelo rosto, deixando-o todo riscado, listrado como uma zebra...
REVISTA DE APARECIDA
Março - 2010
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