A vida de São Clemente é bem conhecida por todos nós que um dia passamos pela Congregação. Rica em exemplos de perseverança e dedicação aos mais humildes e necessitados. Fiel aos princípios da Congregação. Desbravador de novas terras para a Congregação...
Neste artigo pretendemos mostrar não os seus feitos, mas a luta que enfrentou para vir a ser padre. Suas dificuldades financeiras, suas mortificações, seu questionamento vocacional.
Nasceu em Tasswitz (Morávia) em 1751
Sua mãe, viúva, não tinha condições de dar-lhe uma cultura de nível superior o que o levou logo após ter concluído os estudos primários, aprender uma profissão, a de padeiro.
São Clemente devido a impossibilidade de continuar os estudos foi trabalhar em Znaïn e depois na Abadia de Klosterbruck, onde provavelmente despertou seu interesse em tornar-se padre.
Surge nessa época sua luta para realizar sua vocação. Decide tornar-se ermitão, o que era mais freqüente naquela época.
Foi para Mühlfrauen, perto de sua terra natal viver sua primeira experiência eremita, mas não satisfeito, vai para Tívoli onde dedica-se a uma vida de oração tranqüila.
Chega a conclusão de que finalmente encontrara sua vocação, uma vez que seu sonho de tornar-se padre estava muito distante pelas dificuldades de realização.Mas no decorrer dos dias vai percebendo que sua verdadeira vocação era dedicar-se ao apostolado e realizar grandes coisas pela glória de Deus. Sua vida eremita de contemplação não o satisfazia.
Resolve voltar para sua pátria, deixando a Itália. Abandona o eremitério e sem se despedir de seus companheiros volta para sua terra. É admitido como aluno na abadia de Klosterbruck. Só que com 21 anos de idade sentia-se constrangido em começar os estudos quando colegas de sua idade estavam já terminando. Mas o fato de que isso iria lhe conduzir ao sacerdócio passou a ser um motivo a mais para levar adiante os estudos.
Após quatro anos resolve abandonar os estudos e renuncia à sua vontade de ser padre. Decide voltar a ser eremita. Dirige-se à Roma com intenção de ir para Tivoli, mas decide tornar-se ermitão em sua terra natal. Autorizado, fixa-se naquelas terras, mas o movimento de romarias não lhe agrada e solicita autorização para ir para um eremitério vago nas proximidades de Znïm, mas as autoridades não autorizam.
Por volta de 1780 sente-se abandonado em seus projetos de ermitão e resolve voltar a ser padeiro em Viena. Já com 29 anos verifica que sua vida girou em círculo padeiro – ermitão, estudante, ermitão e padeiro. Com trinta anos voltava ao ponto de partida!
Sua espiritualidade porém fora enriquecida com esses anos de oração e contemplação. Tinha o hábito de ajudar à missa na Catedral de Santo Estevão e sua compostura e piedade chamaram a atenção de três senhoras da nobreza, as irmãs Von Maul.
Um domingo em que foram surpreendidas pela chuva, Clemente vendo-as à porta da Catedral esperando a chuva passar, oferece-se para chamar um cocho de aluguel.
As irmãs aceitam e convidam-no a subir também, uma vez que ia para a mesma direção.
No pequeno trecho as irmãs, julgando-o um aspirante ao sacerdócio, perguntam sobre ele, no que responde que “este era meu desejo desde infância, mas com muito sentimento precisei renunciar a este projeto por falta de recursos econômicos”
“Isso não é dificuldade, responderam. Nós estamos dispostas a dar-lhe quanto precisar”.
Clemente decide-se de imediato. Era a sua hora!
Seu patrão na padaria, mestre Weyrig, não querendo perder um empregado tão bom, faz de tudo para convencê-lo a ficar. Até a mão de sua filha lhe oferece, mas Clemente está decidido a buscar o seu ideal. Recomeça seus estudos com muitos sacrifícios e noites perdidas de sono. Nesse tempo, tem contato com os escritos de Afonso de Ligorio que fortalecem seu espírito. Passa a admirar o autor mesmo sem conhecer a Congregação, fundada em 1732 em Nápoles por Afonso.
Em 1784 decide ir à Roma para continuar os estudos. Juntamente com seu colega Tadeu Hübl atravessou os Alpes em busca desse projeto e hospedam-se bem perto da Igreja de Santa Maria Maior e resolvem que irão no dia seguinte ao templo que os sinos tocassem primeiro. Chegaram à Igreja de São Julião e perceberam de que se tratava de uma ordem religiosa, pois os religiosos estavam fazendo oração. Isso causo profunda impressão em Clemente e ao sair da igreja perguntaram a um garoto quem eram aqueles religiosos. “São os Redentoristas e você vai ser um deles”, respondeu o garoto.
Clemente e Tadeu pediram para serem recebidos pelo superior, Pe. Landi. Este os recebeu e em breves palavras falou sobre a congregação. Em seguida ofereceu-lhes um pedido de admissão para que fosse assinado.
Já em 1785 Clemente e seu companheiro Tadeu, já como sacerdotes, com as bênçãos de Pio VI seguem para a Austria para a fundação de nova casa em Viena.Foram 34 anos para Clemente realizar seu sonho de sacerdócio e depois, 35 anos para realizar tantas obras a serviço da Congregação e de Cristo.
35 anos de trabalho apostólico de grande profundidade
Morreu em Viena em 15 de março de 1820 ao toque do “Angelus” do meio dia
69 anos de vida intensa e santa!
Dele uma testemunha em vida chegou a dizer que “os ricos tinham que procurá-lo; os pobres ele os procurava”
Biografia: Clemente Hofbauer em dez lições (Antônio Hertelano)
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