Padre Walmir responde em 01/03/2010

PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR


Não identificada: Meu pai sempre foi meu amigo, já minha mãe nunca foi minha amiga e era muito ruim para meu pai. Eu descobri que minha mãe estava traindo meu pai. Eu contei para ele. Eu pequei em contar? Fiz mal?
Eu não acho que você pecou, pois falar a verdade nunca foi pecado. Agora é bom você rever seu relacionamento com sua mãe, analisar o porquê dessa divergência entre você duas e perdoar o que precisa ser perdoado nessa relação, isso fará bem para vocês duas.

Ellen Cristina: Quanto às aparições de santas em determinados locais, milhares de fiéis comparecem nesses lugares para rezar, pedir milagres. Esses milagres acontecem por causa do ambiente saturado pela fé desse povo?
Eu não digo que o ambiente está saturado pela fé, mas o ambiente ajuda as pessoas a crescerem na fé, na busca das graças necessárias. O que vale é a fé do povo e não somente do local. Milagres acontecem quando temos fé, o local ajuda. Veja em Êxodo 3, 5, quando Moisés viu a sarça ardente, Deus o chamou e disse: “tire as sandálias, porque o lugar que você está pisando é santo”.

Letícia Maria: Em minhas preces, às vezes tenho a impressão de que Deus não me ouve. Seria falta de fé da minha parte? Seria incapacidade de entender suas respostas? Seria possível ouvir a voz de Deus?
É impossível ouvir a voz de Deus com os ouvidos, mas podemos ouvi-lo na Palavra escrita (Bíblia) e através dos acontecimentos, ou ainda, em nossa consciência. Quando rezamos e temos a impressão de não sermos atendidos pode ser falta de confiança. Na oração precisamos confiar, entregar e deixar Deus agir. Deus tem o seu modo de agir e também seu tempo, não somos nós que devemos colocar o tempo para ele, mas Ele sabe do que e de quando precisamos. S. Tiago em sua carta (cap. 4, 3) nos faz uma advertência: “Pedis e não recebeis porque pedis mal, pois pedis para gastar em vossos prazeres”. É preciso saber pedir e deixar Deus agir.

Neusa Borges: O que acha que vale mais: fazer preces decoradas ou simplesmente conversar com Deus como um amigo divino do nosso coração.
A oração deve ser sempre meditada, nunca rezar uma oração, mesmo que seja decorada, sem meditar no que se fala. O que tem valor é a nossa confiança na oração. Só balbuciar palavras decoradas não é oração, é falatório. Quando eu rezo a Ave Maria, ou o Pai nosso, o Creio, devo meditar no conteúdo da oração. Agora existe também a oração espontânea, em que você conversa com Deus, é saudável este tipo de oração.

Suzy Lima: Quais são as doutrinas fundamentais contidas no Novo Testamento?
O fundamental do Novo Testamento é o ensinamento de Jesus Cristo, que veio para instaurar definitivamente o Reino de Deus, reino de amor, de paz e de justiça. Eu diria que o mais importante é a Lei do Amor.

Regina Célia: Essa história de “fim dos tempos” parece não ter fim. Antes ouvia-se falar que “a 2000 e de 2000 não passará”. Agora já se fala em algum acontecimento em 2012. Estamos presenciando mudanças significativas no clima. O que acha de tudo isso?
Em todos os tempos surgiram estórias de fim de mundo, parece que é uma necessidade da humanidade ficar prevendo seu fim. Eu sei que tudo o que existem tende a um fim, mas não creio em nenhuma dessas previsões catastróficas que prevêem o fim do mundo. Já assisti vários filmes sobre isso, são ficções, apenas isso, não tem nada de verdade. Agora que o mundo passa por transformações bruscas isso é real e estamos num processo acelerado de destruição por causa da nossa irresponsabilidade em não cuidar do mundo criado por Deus para nossa felicidade.

Não identificada: Matar por legítima defesa é pecado?
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que temos o direito e o dever de preservar a vida. Matar por legítima defesa não implica em uma exceção ao mandamento de não matar, mas se for comprovada a legítima defesa não implica em pecado.

Lucíola Barroso: Por que Jesus era chamado Nazareno se ele nasceu em Belém, na Judéia?
O apelido de Nazareno foi colocado em Jesus por ele ter sido criado em Nazaré, na Galiléia.

Maria Darci: A expressão “tirar o pai da forca” parece que veio de uma história religiosa. É verdade?
Sim, vem da vida de Santo Antonio de Pádua. Conta-se que Santo Antônio, durante um sermão que fazia, recebeu espiritualmente a informação de que seu pai fora acusado do assassinato de um jovem e por isso condenado a morrer na forca dentro de poucos dias. Nesse momento o religioso colocou a mão na fronte, como se estivesse simplesmente pensando, e pelo poder da bilocação, que é a presença milagrosa de uma pessoa em dois lugares diferentes ao mesmo tempo, transportou-se a Lisboa, onde ressuscitou o morto, ouviu dele o relato do que realmente havia acontecido, e com essa informação conseguiu absolver seu pai diante do mesmo tribunal que o havia considerado culpado. Isso é uma lenda!

Gaspar de Paula: Jesus disse: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja”. A maioria dos católicos diz que esta Igreja é a católica, mas Jesus não deu designação nenhuma. Gostaria de uma explicação.
De fato Jesus não deu nome a sua Igreja, mas a Igreja que ele fundou e alicerçou sobre o testemunho dos Apóstolos é a Igreja que tradicionalmente designamos de católica, que não é simplesmente um nome, mas uma qualidade da Igreja de Jesus Cristo, católica significa ser aberta, universal, acolhedora de todos.

Sabina Leite: Qual foi a primeira grande tradução da Bíblia e quem foi o autor?
São Jerônimo, que viveu entre 347 e 420, foi o primeiro a traduzir a Bíblia do hebraico e grego para o latim. A sua tradução é chamada de Vulgata.

Adenauer Santos: Em Apocalipse 2 e 3 fala das sete igrejas da Ásia. Essas comunidades ainda existem? Gostaria de saber mais a respeito.
As sete igrejas são: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Estas cidades ficam situadas na atual Turquia, algumas restam só as ruínas.

Maria Rosa dos Santos: Pessoas que morrem podem voltar? Duas crianças de 3 e 6 anos perderam o pai e direto elas falam que o pai está por perto.
Eu não creio em “volta” ou aparição de pessoas que já morreram. Quando pessoas dizem que vêem pessoas que já partiram eu interpreto como manifestação do subconsciente ou inconsciente. Por exemplo, essas crianças que você falou, elas certamente vivem o trauma de “perderem” o pai e podem “ver”, mas na verdade é a manifestação da vontade que elas têm de vê-lo ou tê-lo presente entre elas.

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