“Generosidade” 779

Pe. Luiz Carlos de Oliveira CSsR

Deus, rico em generosidade

Como uma cascata de luzes, estamos contemplando as virtudes, energias humanas que vem da energia que Deus colocou em nós ao nos fazer “ser vivente”. Mais uma virtude! As virtudes são em número infinito, pois é infinito Deus que no-las deu. Há tantas belezas que nem pensamos que são virtudes. Generosidade! Às vezes ouvimos: Fiz tudo por mim! Não recebi nada de ninguém! Certo! Mas abramos os olhos e veremos que imensidão de coisa que recebemos e nada fizemos para tê-las. Ao abrir os olhos de manhã temos o banquete da vida: ar, luz, calor, terra onde pisamos, céu que contemplamos, natureza que nos cerca. Um universo que não fiz. O salmo 8 diz: “Ao contemplar o vosso céu, obra de vossas mãos, vejo a lua e as estrelas que criastes, que é o homem para dele vos lembrardes, que é o ser humano, para o visitardes? No entanto o fizestes pouco menor que os anjos, de glória e de honra o coroastes” (Sl 8,4-5). Nesta imensidão de universo, a pessoa humana é um universo completo. De onde veio tudo isso? Do nada? De uma explosão primordial? Por que não dizer logo: de Deus que generosamente nos faz participantes de sua grandeza e nos coloca na mesa do café da manhã os frutos desta generosidade. Deus não é um ninguém que não nos fez nada. Basta um pouco de sabedoria para acolher a generosidade de um Deus Pai que se entrega a si mesmo em cada dom que nos oferece. Deus nos provê prevendo. Ele passa sempre à frente. Cristo foi o dom total de sua generosidade: “... Sua graça com a qual nos enriqueceu em seu querido Filho” (Ef 1,6). Não crer em Deus é o analfabetismo do absurdo.

Esvaziar para enriquecer.

A virtude da generosidade é uma empresa que muito nos enriquece. Ser generoso é adquirir o direito de ser feliz. Os verdadeiros bens são um tesouro que se acumula no céu e se conquistam na terra com a generosidade de pensar além do acumular bens. Quando a gente diz que caixão não tem gaveta, está dizendo que necessitamos ser generosos para multiplicar aquilo que podemos levar. A avareza estiola a pessoa e as torna mesquinhas. A luta econômica do mundo não é para construí-lo, mas para amontoar bens. Não funciona! Conhecemos a parábola de Jesus sobre o homem que tivera boa colheita, aumenta celeiros e diz: “‘Tens muitos bens... repousa, come, bebe, regala-te!’ Deus diz: ‘Insensato, nessa mesma noite morrerás. E o que acumulaste, de quem será?’Assim acontece àquele que ajunta tesouros para si, e não é rico para Deus’” (Lc 12,1-21). Generosidade é uma virtude que liberta quem doa e quem recebe. O mundo tem pago caro pelo exagero de muitos que querem acumular a custa dos outros.

Generosidade organizada

Na parábola do bom samaritano (Lc 10,29-37), Jesus mostra que a caridade generosa desse homem foi consequente. Generosidade pede também um pouco mais de organização para que não seja só um prato de comida mas um processo de solução que faça a pessoa crescer e não ficar eternamente na dependência. Os generosos também devem se organizar para concentrar forças e sabedoria em favor da pessoa humana. A generosidade leva em conta que não se salva um pobre à custa de outro. Mas precisamos de heróis vivos. Aproveite a vida para acumular bens para o Céu. Em cada etapa da vida podemos ser generosos, dando do que temos, sobretudo um amor sem limites.

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JANEIRO - 2009