PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Até quando um erro é pecado?
É muito importante fazer a distinção entre pecado grave e erro grave, pecado leve e erro leve. Essa distinção nos ajuda; embora devamos afastar todos os erros, sempre nos empenhamos mais nos erros maiores.
Por essa distinção se vê claramente que há erros que podem não ser pecados. No antigo Catecismo nós aprendemos que para haver pecado grave seriam necessárias três condições: matéria grave, pleno conhecimento e pleno consentimento. Essas condições continuam válidas.
Matéria grave quer dizer que precisa ser uma ação que traga em si uma maldade, um prejuízo ou mesmo a destruição parcial ou total ou ainda moral. A maldade não está no objeto, mas está na cabeça das pessoas.
Pleno conhecimento é um critério indispensável, pois sem ter conhecimento claro do que se faz não há moralidade (Bernhard Häring). Quem não sabe o que faz erra, mas não peca. Isso não se liga ao saber ou não se era ou não era pecado, pois o conhecimento se liga à razão de verdade que a realidade possui. Interessa o conteúdo.
Pleno consentimento é quando a pessoa conhecendo o conteúdo, a verdade, a razão de bem, a preponderância desses valores sobre outros valores, não os quer. Prefere deixar o valor certo e escolher o errado.
Além disso, o critério mais forte é o critério dos motivos. Esse critério supõe que a pessoa tenha condição de perceber o sentido das coisas em si. E sabemos que o homem não só é capaz de perceber o sentido, mas também é capaz de dar um sentido às coisas. Por isso Jesus disse que a Lei só não basta. É importante saber os motivos por que a pessoa agiu de determinada forma. Os motivos e intenções valem muito para a pessoa perceber se fez ou não fez um pecado.
Aqui vale o bom senso. No fundo para haver pecado mortal precisa significar uma opção fundamental. O Pe. B. Häring diz que para um que está fervorosamente buscando a Deus como seu último fim, não se pode presumir que tenha cometido um pecado mortal enquanto nele persistir a disposição profunda de fazer o bem. Os atos individuais podem ser graves e sérios, porém provavelmente não são mortais quando se trata de uma pessoa que esteja lutando para vencer um hábito e, imediatamente depois do pecado, arrepende-se seriamente.
Pode, por isso, acontecer que muitos erros que temos feito nem sejam pecados, embora, na medida em que percebemos tais erros, devamos procurar afastá-los, corrigi-los.
Do Livro:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE - VOLUME 3
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R
http://www.redemptor.com.br
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