Padre Walmir responde em 21/01/10

PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR

Não identificada: Minha mãe tem 72 anos e, nós filhos, cuidamos muito bem dela, mas não aceitamos o fato dela se envolver com garotões. Padre eu quero evitar ir lá a casa dela, como faço?
Em primeiro lugar penso que você deve conversar com sua mãe e com seus irmãos e não simplesmente condenar sua mãe pelo envolvimento dela com pessoa mais nova do que ela. Ela tem direito de viver sua vida, porém vocês filhos devem alertá-la para os riscos que ela corre, seja pelo ridículo, ou até de ser passada para trás por pessoas mal intencionadas. Converse, mas não brigue, por favor, saiba respeitar o direito à liberdade que sua mãe tem.

Sonia Arantes: Qual a opinião do senhor sobre esses grupos de idosos que tem incentivos do governo para viajar, dançar? Por que não se preparam mais para a oração?
Certamente que todos nós precisamos de oração, mas não só. Eu não tenho nada contra as pessoas idosas se divertirem, elas tem o mesmo direito de todos os outros cidadãos e acho que até mais direito, pois vivem numa idade que se não cuidarem podem facilmente cair em depressão e viver no isolamento. Todos nós precisamos dosar as nossas atividades para haver um equilíbrio, precisamos de trabalho, diversão e também de espiritualidade.

Não identificada: Meu filho namora com a própria prima. Ela está grávida e querem se casar. É pecado eles casarem, por serem primos? Eu não queria este casamento.
Pelo fato de serem primos não implica em pecado o casamento, mas precisam ser alertados para o risco da consangüinidade. Eu conheço vários casais que são primos e vivem muito bem. Aconselharia a eles que pesassem na decisão de um possível casamento se realmente se amam. Se há amor sólido, tudo bem, mas se vão casar só porque ela está grávida não concordo.

Cleusa: Por que existe missa de sétimo dia? Qual o significado?
A Missa de sétimo dia é uma pratica brasileira, destina-se em primeiro lugar a permitir que os parentes do defunto se encontrem.
É uma herança dos tempos antigos, onde o deslocamento das pessoas era muito difícil, não havia estradas, nem ônibus, nem outro tipo de locomoção rápida, para trazer os parentes do morto para o velório.
Como vivemos num país tropical, o cadáver não pode ficar insepulto por mais de 24 horas e assim sendo, não havia tempo hábil para quem estivesse longe chegar.
Então a Igreja adotou esta prática, de celebrar uma semana depois, uma missa em homenagem ao morto, na qual os familiares pudessem se encontrar, inclusive com aqueles que não chegaram a tempo hábil pro sepultamento.
É só isso, não existe mistério nos sete dias, eles apenas correspondem à uma semana, que era o tempo suficiente para reunir todos.
Como toda prática, vira costume ou cultura, adotou-se até hoje esse período de 7 dias para celebrar a memória dos que partiram.
Portanto não se faz missa pelo falecido, a missa é celebrada, como renovação do sacrifício de Cristo e , quando nela se coloca a intenção pelo falecido é para deixar bem claro, que, através da comunhão dos santos, rezamos em memória do defunto.
Não há periodicidade pré definida, usa-se celebrar o aniversário da morte como a comemoração da chegada do nosso ente querido na presença de Deus.

Carmelita Coelho: Neste Natal decidi não fazer ceia porque o nosso dinheiro está pouco. Tenho dois filhos menores de 10 anos e eles estão com dificuldade de entender isso. Já tentei explicar, mas nada do que eu digo convence. Talvez seja uma lição para todos nós, para que o nosso natal tenha mais cunho religioso do que materialista. O que acha?
Acho uma excelente idéia a sua, ainda mais que não tem recursos para fazer festa. Precisamos nos conscientizar de que o Natal não é só festa e luzes, Papai Noel e presentes, mas sim a comemoração da encarnação de Deus em nossa história. É o início da Redenção. É preciso educar os filhos para este sentido natalino, claro que não precisamos deixar de lado a festa, mas não fazer dela o centro do Natal. A festa é religiosa e não comercial.

Não identificada: Tenho um filho com dois anos de idade. Infelizmente sou mãe solteira e isso foi uma afronta para minha mãe e até hoje, ela absurdamente joga na minha cara que eu deveria ter abortado. Não agüento mais e ainda não tenho condições de sair de casa para viver minha vida independente. O que devo dizer a ela? Como devo agir?
Em primeiro lugar você de vê dizer a sua mãe que a vida é um grande dom de Deus e que jamais, por motivo nenhum deve ser eliminada. O aborto é um crime, um assassinato de um indefeso, isso é inadmissível para um ser humano e muito menos para um cristão. Você deve dizer isso à sua mãe, que não podemos matar uma pessoa, o aborto é crime, pois é um assassinato. Apesar de saber que as mães ficam afrontadas quando suas filhas solteiras ficam grávidas isso não justifica que ela tenha que incentivar o aborto. Acho o conselho dessa mãe um absurdo, uma falta de responsabilidade e de humanidade.

Não identificada: Não suporto mais minha vizinha, ela é muito imoral, vive tentando provocar meu marido. Já sai nas “tampas” com ela, desci literalmente do salto, mas não adiantou. Meu esposo é íntegro, somos muito religiosos, mas isso me incomoda demais. Será que existe mais alguma coisa que eu poderia falar para esta infeliz?
Eu aconselho a não dar chance para ela, que segundo seu testemunho é uma dissimulada, ficar provocando vocês. Deixe-a de lado, não dê importância às suas provocações, ela certamente cansará se não houver reações da parte de vocês. Não desça do “salto”, mantenha sua dignidade de cristã. Seja maior do que as provocações.

Emerenciana Antunes: Qual a diferença entre diocese e arquidiocese? Entre Bispo e Arcebispo?
Não existe diferença entre dioceses e arquidiocese e nem de Bispo e Arcebispo, mas esse prefixo “Arqui” , significa primazia, superioridade. Arquidiocese designa a importância do lugar, como por exemplo, uma capital de estado, ou diocese de uma grande e influente cidade, situada em um local de destaque no país. Arcebispo é o Bispo desta diocese de destaque, mas ele não é “mais bispo” do que os outros bispos.

Janice Almeida: Segundo a Bíblia as mulheres devem ser submissas aos maridos. O senhor concorda com isso ou, não é bem isso que a Bíblia quis dizer? Porque eu jamais serei submissa a homem nenhum.
A Bíblia foi escrita num ambiente patriarcal, machista e expressa essa cultura da época, mas mesmo assim ela mostra que é preciso haver reciprocidade e respeito na relação entre o homem e a mulher. S. Paulo fala da submissão das mulheres aos seus maridos, mas fala também do amor que os homens devem ter às suas esposas; amar as mulheres como Cristo ama a sua Igreja e entregou a vida por ela. Veja que a relação é de respeito, de carinho, de entrega uma ao outro e não só de submissão. Você não precisa ser submissa a homem nenhum, mas precisa respeitar a todos.

Josina Rodrigues: Explique sobre os dez mandamentos que Jesus resumiu em dois.
Os dez mandamentos foram instituídos para organizar o povo, no respeito a Deus (os três primeiros mandamentos) e no respeito aos outros (os sete mandamentos); Jesus os resumiu em dois: ”Amar a Deus sobre tudo e amar ao próximo como a nós mesmos”. Com isso Jesus não está suprimindo nenhum dos dez mandamentos, pois quando você ama a Deus, você respeita o nome de Deus, você o cultua, não usa o nome dele em vão. Quem ama o próximo não rouba, não explora, não deseja suas coisas, honra seus pais e etc. Veja que Jesus só resumiu, sem retirar ou suprimir qualquer mandamento. O amor é que dá sentido à nossa vida.

Elizabeth Pereira: Todas as vezes que vou à missa antes de começar dá muito sono. Por que será?
Minha irmã, você precisa rever suas motivações. É preciso ir à Igreja com o intuito de celebrar, de viver o momento de culto a Deus. De renovar a fé e a certeza de que Deus está entre nós. Procure analisar isso na sua vida.
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