
Eu era ainda adolescente quando ouvi falar pela primeira vez em Campanha da Fraternidade. Era o ano de 1972. Os Irmãos Maristas e as irmãs da Providência de Gap estavam chegado em minha cidade, no interior de Goiás, (Aruanã) para fazerem uma nova experiência de vida junto aos mais pobres. Deixaram seus colégios nas grandes capitais do país e seguiram para esses lugares mais carentes. E além de lecionarem nos colégios públicos, também iniciaram o trabalho de evangelização. E queriam seguir as orientações da CNBB.
Lembro-me que o tema era atraente: “Descubra a Felicidade de Servir”. Principalmente para uma pequena cidade onde todos se conheciam e procuravam ser solidários uns para com os outros. Chegaram os cartazes. Coloridos, com a figura de Cristo em primeiro plano. Sua aureola era formada por um arco-íris. Usava gravata, era um homem moderno. Por baixo da gravata, dois pombos se uniam. O da esquerda tinha na asa o escrito “Campanha da Fraternidade 1972” e o da direita, uma mão arregaçando a manga da outra, e bem embaixo o lema “Descubra a Felicidade de Servir”. Que lindeza! Toda a cidade queria saber o que seria aquilo: “Campanha da Fraternidade”, e também o por que do “descubra a felicidade de servir”.

Chegou o dia de começar a campanha. As irmãs e os irmãos maristas se revezavam nas explicações. Falavam de uma maneira tão gostosa que nossos humildes corações se tornavam tão grandes e cheios de felicidade. Mostraram-nos que para ser feliz não precisa de muitas coisas, de uma grande bagagem de bens materiais, mas que tenhamos apenas um coração grande e cheio de amor para dar, assim como sempre fez e faz Jesus para conosco. Tudo pode começar com um abraço. Um passo em direção do outro para oferecer um pouco do seu calor, de seu sentimento. Ou apenas sentar-se bem perto e deixar ficar algum tempo ou o tempo necessário sem se preocupar com o tempo que se doa.
As pessoas não precisam de muitas coisas para viver e ser feliz. Quem sabe, necessite apenas do seu, do meu e do nosso sorriso, da nossa atenção, de um beijo. E não tenhamos dúvida, de que é sempre mais feliz quem mais ama, e isso Jesus, nos seu grande testamento deixou bem claro ao dizer: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida pelo irmão” (Jo 15,13).
Mais uma vez fica claro que a felicidade é servir. E só podemos entender isso melhor quando “valorizamos o que somos... e lutamos pelo que queremos ser... sem nos lamentar...” A vida é feita de pequenos e grandes milagres. Ela está sempre nos testando, oferecendo-nos combates que nos educam e nos edificam. Também vale a pena lembrar que haverá sempre um grande tesouro nos esperando em algum lugar. Basta apenas prestar atenção, quem sabe, num pequeno sorriso, numa vitória alcançada, no novo sol sempre a brilhar. O que Deus não quer de nós é a apatia de não viver a utopia de um dia melhor, de um dia sempre novo e cheio de encantos. Aí se consiste a melhor maneira de servir a Deus.
Quem serve tem à sua disposição os recursos que farão os outros felizes. E eles retribuirão alegremente seu serviço. E é isso que nos dá sentido à vida. E a Bíblia está recheada ao convite da alegria: "Alegra-te Israel, rejubila-te Jerusalém, solta gritos de alegria" ( Sf 3, 14) ou "Exultai cantando alegres habitantes de Sião, porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!" (Is 12,6). E ainda São Paulo dizendo: "Alegrai-vos, repito, alegrai-vos sempre no Senhor" (Fl 4, 4-7).
Viver com alegria é experimentar o que é ser cristão de verdade. É nós não só dizermos que somos católicos só porque nós fomos batizados ou porque a gente vem à missa no domingo, mas ser, de fato, católicos! É ter contato com a Palavra de Deus na minha vida através de uma escuta atenta a ela, através do nosso momento de oração pessoal, através da participação na comunidade, tudo isso é fonte de alegria.
E foi isso, que aqueles Irmãos Maristas e as Irmãs da Providência de Gap ensinaram para nós, em seus trabalhos missionários: anunciar a Palavra de Deus, “descobrindo a alegria de servir”.
Neste mês dedicado às Santas missões, saibamos ser missionários do amor de Deus em nossas famílias, no trabalho ou onde quer que estejamos.
Pe. Abdon Dias Guimarães, CssR
Vigário Paroquial
Matriz de Campinas
http://www.matrizdecampinas.org.br/blog-dos-padres
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