
A Lei do Descanso obriga?
O medo da falta do necessário e a própria situação de impasse social levam muitos a se atirarem no trabalho para alcançar cobrir os gastos ou aumentar a economia doméstica. Acontece que a mentalidade consumista e outros anseios levam muita gente a não se dar o devido descanso, forçando sua natureza até o inevitável desgaste.
Temos dois textos bíblicos que conduzem o povo judeu a descobrir não só a necessidade do descanso, mas a necessidade de descansar a terra e toda a mão-de-obra. Depois desses, seguem muitos outros textos.
No Êxodo 20,8-11, Iahweh determina o dia do descanso. Entre as Dez Palavras aparece o dia de sábado com a conotação de um dia consagrado a Iahweh, que também repousou no sétimo dia.
Na versão deuteronomista (5,12-15) já há uma preocupação humanitária. Esses textos são suficientes para nos orientar.
A instituição do sábado é muito antiga. Há quem fale de existência pré-mosaica. Mesmo fixando em Moisés, sabemos que isso passa por uma evolução muito grande, conforme vemos em Am 8,4ss. e 2Rs 4,23.
Antes do exílio, o sábado era, para os judeus, um tempo de alegria e festa, dedicado ao culto divino (Os 2,13; Is 1,13), para visita aos santuários, para consulta aos profetas (2Rs 4,23).
Após a destruição do Templo, como o culto cessara, ganharam importância as instituições religiosas. No exílio, celebrar o sábado era o sinal que distinguia os judeus dos demais, um sinal de esperança na restauração de Israel (Is, 58,13ss.; Jr 17,24-27).
Na época dos Macabeus, a observância assume proporções rigorosas; é o que vai encontrar Jesus em seu tempo: uma observância legal sem o espírito que vivificasse a lei.
Shabbat é uma raiz que significa “cessar, parar”. Há quem diga que vem do “acádio” e tem o sentido de “estar cheio” (shabbatu).
Os judeus entenderam bem o que lhes era pedido: um descanso para a pessoa humana e para todo o ser criado. Shabbat era descanso. Após o exílio era também uma comemoração da libertação. Uma experiência de quem já foi escravo, ensinou uma vida diferente dos regimes de força e dos sistemas políticos.
Shabbat na versão do Êxodo quer dar um basta ao trabalho escravizante, mostrando que ele não é o fim de tudo. Tudo deve descansar. Mostra que tudo é um serviço à vida e aponta nova relação social igualitária. Isso nos faz pensar nesse espaço sagrado do descanso, ao qual muitas pessoas não têm acesso. Seja no nosso sábado, seja no domingo, o descanso é sagrado não só para a pessoa, mas para a criação. Hoje estamos tirando da terra as ricas reservas num desejo destruidor de possuir muito. Falta respeito pelo universo onde vivemos. É preciso descobrir o quanto se é escravo hoje. Perdemos o sentido do sagrado e da festa. É preciso dizer: “não só de pão vive o homem...”
Do Livro:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUME 6
EDITORA SANTUÁRIO
Pe.Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Sua participação é muito importante para nós. Deixe seu e-mail para podermos lhe contatar.