
Por que o celibato clerical permanece?
A primeira impressão que nos traz a palavra celibato é a de renúncia. De fato não é um voto, mas um compromisso com a nossa Igreja. É muito mais uma consagração do que uma simples renúncia; é um amor maior. A exigência da Igreja Romana de que os sacerdotes sejam célibes, não é uma prescrição absoluta do Evangelho, que não pode ser mudada. Nos primeiros tempos havia bispos e padres casados como hoje acontece com nossas Igrejas irmãs. Também não é condição essencial para o sacerdócio, mas foi sancionada pela Igreja como uma condição normal de vida dos sacerdotes. Na verdade, apesar do valor que isso traz, pode um dia, conforme a caminhada da Igreja, ser modificado. O fato de não ter sido assim desde o começo também invalida as razões costumeiramente aduzidas a favor do celibato. Hoje, o celibato é visto como uma participação permanente na oblação de Jesus, que continuamente se apresenta ao Pai. O sacerdote se consagra como oferta permanente ao Pai e como serviço, como dedicação total e exclusiva ao Povo de Deus. Outra razão está no exercício de seu ministério. Para estar totalmente à disposição da comunidade que lhe foi confiada é que o sacerdote se consagra no celibato. O casado tem como função especial a família, o sacerdote tem como função a grande família que é o povo, pela qual consome sua vida. Para um mundo secularizado se afogando no sensualismo, erotismo e preocupações materiais que levam ao esquecimento de Deus, o sacerdote celibatário testemunha de maneira especial a Deus e os valores verdadeiros do Reino. Ele também se torna solidário com todos aqueles que, por imposição e situações adversas não se casam ou tiveram seu matrimônio destruído, vivem uma realidade diferente.Todas as razões têm seu valor, mas algumas possuem um valor bem relativo. Somente com a expressão de uma vontade de assumir como Cristo a condição dos pobres e de se consagrar totalmente ao serviço dos irmãos, o celibato pode ter sua razão fundamental e seu valor.Mesmo que a Igreja modifique essa exigência do celibato, ela nunca vai aboli-lo de vez. Ela pode abrir possibilidades de termos sacerdotes casados e já está na hora, mas vai sempre recomendar o celibato como caminho de uma maior eficiência e de um testemunho mais eficaz de uma consagração pelo Reino. Mas há um passo a ser dado primeiro, que é o aproveitamento e reintegração no ministério dos padres que se laicizaram e contraíram o matrimônio. Há um grande número deles que felizes voltariam a exercer seu sacerdócio nessa nova condição. Rezemos.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
EDITORA SANTUÁRIO
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