
COSTUMES DO SERTÃO
Havia começado a Missão no povoado de Mucambo. Muito entusiasmo e muita participação. Terminadas as cerimônias daquela noite e apagado o lampeão, o missionário dirigiu-se para o prédio escolar, onde iria passar a noite. No caminho, um homem se apresenta como zelador da escola e diz:
Havia começado a Missão no povoado de Mucambo. Muito entusiasmo e muita participação. Terminadas as cerimônias daquela noite e apagado o lampeão, o missionário dirigiu-se para o prédio escolar, onde iria passar a noite. No caminho, um homem se apresenta como zelador da escola e diz:
— Padre missionário, eu não pude estar presente na Missão porque minha mulher descansou hoje. Mas amanhã não faltarei...
Não conhecendo ainda as expressões nordestinas (era a primeira Missão que pregava na Bahia), o padre julgou que ela tivesse falecido. Apresentou-lhe os pêsames e prometeu fazer uma visita na casa da falecida. O marido deu a entender que não compreendera aquele gesto de pêsames. A conversa parou por aí, e o missionário foi preparar todo o ritual que se usava quarenta anos atrás para "encomendar" um defunto: estola preta, água benta etc. Quando entrou no quarto da "defunta", teve um susto e uma surpresa. A mulher que havia “descansado”, sorria feliz com um nenezinho no colo. Só então o padre entendeu o sentido da palavra "descansar" para os nordestinos. Escondeu as alfaias litúrgicas da encomendação e trocou de semblante: da compunção e tristeza, passou para a alegria sorridente. Abençoou a mãe que sorria, e o menino que chorava pedindo a "merenda".
UMA CRIANÇA NASCEU
Em outra ocasião e em outra comunidade rural, o missionário foi chamado para atender a uma gestante. A criança estava dando trabalho para nascer. Achavam que a bênção apressaria o parto. A casa da gestante não ficava longe. O problema estava em atravessar um pedaço lamacento da estrada. O carro que levava o padre poderia trazer a gestante até um lugar de maiores recursos, caso fosse preciso. Enquanto debatiam se acabariam chegando a pé ou de carro, ouviu-se o estouro de foguetes na casa da gestante. O motorista tranqüilizou o padre:
Em outra ocasião e em outra comunidade rural, o missionário foi chamado para atender a uma gestante. A criança estava dando trabalho para nascer. Achavam que a bênção apressaria o parto. A casa da gestante não ficava longe. O problema estava em atravessar um pedaço lamacento da estrada. O carro que levava o padre poderia trazer a gestante até um lugar de maiores recursos, caso fosse preciso. Enquanto debatiam se acabariam chegando a pé ou de carro, ouviu-se o estouro de foguetes na casa da gestante. O motorista tranqüilizou o padre:
— Não precisamos mais ir lá. A criança já nasceu.
— E como você sabe?
— Quando nasce uma criança no sertão, o pai solta foguete de alegria: A mãe parou de sofrer. E o pai também...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Sua participação é muito importante para nós. Deixe seu e-mail para podermos lhe contatar.