JOÃO MAC DOWELL SJ
Como posso sentir-me bem numa Igreja onde existem tantos defeitos e pecados?
Você conhece a história do encontro de Jesus com a mulher adúltera, no evangelho de S. João. Os responsáveis pelos bons costumes queriam apedrejá-la, como mandava a lei, e perguntaram a opinião de Jesus. "Quem dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra", respondeu ele. Todos acabaram indo embora. Então ele disse à mulher: "Onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?" Ela respondeu:"Ninguém, Senhor". E Jesus: "Pois nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar".
Essa é a atitude que devemos ter para com a Igreja. Ela é a comunidade dos discípulos de Jesus, formada de seres humanos como nós, fracos e pecadores, mas que acreditam no seu perdão e na força do seu Espírito de amor. Por isso a própria Igreja reconhece que é ao mesmo tempo santa e pecadora.
Ela é pecadora porque nós, seus membros, somos muitas vezes incoerentes com aquilo que cremos, desobedecendo aos mandamentos de Deus. Jesus sabia tão bem que os seus discípulos haveriam de pecar que instituíu o sacramento da reconciliação, a confissão, e disse que devemos perdoar o nosso irmão não só sete vezes, mas setenta vezes sete. De fato, ao longo da história, até hoje, o rosto da Igreja foi manchado muitas vezes pelo pecado, não só dos fiéis em geral, mas também de seus pastores, que têm uma responsabilidade especial.
Mas a Igreja é também santa, por causa do Espírito Santo, que Jesus lhe prometeu. Ele sustenta a fé da Igreja, que guarda fielmente a palavra de Jesus e a anuncia a todos os povos. Ele também atua através dos sacramentos comunicando a vida nova aos que creem. Ele suscita assim testemunhas admiráveis da santidade de Deus, pessoas comuns, que vivem a sua fé no dia a dia, fazendo o bem com simplicidade, e também homens e mulheres que chamam a atenção pela irradiação extraordinária de sua vida. São os santos de ontem e de hoje, uns escondidos, outros como o Papa João XXIII e Madre Teresa de Calcutá.
A Igreja pecadora é chamada por Cristo a um processo permanente de purificação e conversão. Não pertencemos à Igreja, porque ela é perfeita, mas porque Cristo a ama, como sua Esposa, e a sustenta no cumprimento de sua missão salvadora. Quem ama a Igreja, como mãe, sofre com suas falhas, mas também se alegra com todo o bem que ela faz em nome de Deus. Não fixa o olhar nas sombras, mas no brilho da graça de Cristo que nela resplandece. Como membro da família, não a critica sem piedade, mas ajuda-a a melhorar, dando a contribuição de seu exemplo e serviço.
João A. Mac Dowell S.J.
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EDITORA SANTUÁRIO
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