PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBARDI CSsR
Doentes e idosos são um problema para a família?
Na atual economia tanto o doente como o idoso são considerados como um peso social. Eles não trabalham, não produzem e gastam. Para a sociedade moderna, sociedade do descartável, não há lugar para eles. Os que têm condições econômicas podem se amparar nas casas de repouso; os que não têm dinheiro estão condenados a desaparecerem rapidamente.
A sociedade se esqueceu de que eles já foram significativos pelos seus trabalhos e atuação e que agora têm o direito ao uso dos bens, a uma vida digna. Esse é o tempo de dar a eles o reconhecimento, pois a idade lhes conferiu dignidade que exige respeito da comunidade e da família. Ninguém vive sozinho e temos de pensar que amanhã chega a nossa vez. A humanidade tem que aprender a carregar solidariedade às dores e limitações de todos.
A doença é a desestabilização das forças da vida. Uma vez que podemos dizer que “saúde é abundância de vida”, sentimo-nos doentes quando essas forças de vida se desequilibram. Essa ruptura do bem-estar físico nem sempre está ligada ao nosso psíquico. E se estiver é porque também meu psíquico se desequilibrou. Disso se conclui que, em ambos os casos, não se procuram esses acontecimentos; são fatos que temos de aceitar.
O doente e o idoso não são indivíduos isolados; eles fazem parte do grupo família e quando estão fragilizados todo grupo também está doente ou idoso com ele. O mal, se é que se pode dizer assim, atinge a todos e eles são o sinal. Aqui doença é um sinal do mal que corrói o grupo; é preciso restabelecer o equilíbrio e a unidade ameaçada. O fenômeno da doença e da senilidade tem dimensão social; não adianta isolarmos ou distanciarmos dos doentes e idosos. O desestabilizador das forças da vida em alguém não pode desarticular o grupo.
O Evangelho mostra o carinho que devemos ter com essas pessoas. Jesus disse: “Eu estava doente e me visitaste”. É um caminho de integração onde os mais novos e sadios fazem a experiência antecipada do limite da natureza humana. Essa harmonia do acolhimento sadio e carinhoso restabelece o equilíbrio e estabiliza o grupo. É a sabedoria do Evangelho, é a mística de quem e para quem vive e trabalha ao lado dos doentes e idosos, fragilizados pela idade e pela doença.
A perda da autonomia e da família aprofunda neles a perda do sentido do viver. Temos de projetá-los de novo para que tenham o gosto da vida e percebam que os limites não os impedem de serem felizes ao nosso lado.
O melhor é conscientizarmo-nos que cada um é um pedaço da gente e que amor é o único caminho que restabelece a dignidade humana. Esse amor nos levará a aprender a conviver com o diferente e assumir os limites que emergem como desafios a serem enfrentados. “O que fizerdes ao menor de seus irmãos, é a Mim que o fazeis”.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
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EDITORA SANTUÁRIO
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