PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Temos todos os direitos?
Por toda a parte da vida humana semeiam-se falácias e ilações que até dão uma aparência de verdade ou de direito da pessoa. Não as questionamos, não as avaliamos, mas amparados nelas montamos nosso agir.
Assim escutamos alguém dizer que ganhar dinheiro é um direito de cada um e isso já é suficiente para justificar os meios para adquiri-lo, não importando com os direitos lesados dos outros, com a ética e com a moral.
Não vamos analisar todos os direitos que não temos e que julgamos ter. Cada um se analise à luz do critério de que, enquanto se avança no supérfluo, pessoas há que ficam sem o mínimo necessário para viver. Que jargão poderia justificar atitudes descabidas que tomamos? Só porque tenho dinheiro, tenho também o direito de esbanjá-lo? Esse não é um critério válido dentro da ética e da moral.
Que pesar nos dá sabermos dos gastos para a manutenção de animais de estimação: comida, banhos, tosa, hospital, hotéis etc. Mais chocante ainda quando tomamos conhecimento da situação de crianças sem escola por causa do trabalho infantil; crianças sem tratamento dentário, desnutridas e carentes do essencial. Por que não adotar uma delas?
Saí revoltado do metrô em Roma, quando uma italianona comentava tranqüila que preferia criar um cão a ter um filho. Hoje me entristeço ao ver esses animais com direitos assegurados, direitos que a pessoa humana não tem. Quando questionamos os proprietários, eles dizem que têm direito a ter esses animais e direitos de segurança pessoal e familiar feita por cães especiais.
Os bens da humanidade pertencem a todos; não é justo que se esbanje ou que se privem pessoas do que lhes é fundamental para viver dignamente. Essa cabeça formada no pensamento egoísta de que o dinheiro ganho é de quem ganhou e que cada um pode fazer o que quiser com ele, é o viveiro da deformação de sentimentos e de consciência gerando um agir egoísta, exclusivista e criando bolsões de violência.
Daí aparecem as lágrimas dos dois lados. Lágrimas de quem não tem o que comer; lágrimas de quem foi vítima da violência, que é fruto da exclusão e da desigualdade social. Gostaríamos que os pobres também tivessem direitos.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R
http://www.redemptor.com.br
EDITORA SANTUÁRIO
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