PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
SEBASTIÃO ARANHA FALA DO PE. PELÁGIO
Fomos convidados pelo Manoel Dias e levados pelo Dr. Carlos Pacheco para conhecer e entrevistar Sebastião Aranha, mais um veterano que conheceu Pe. Pelágio. O encontro foi uma agradável surpresa. Tem mais de 103 anos e goza de uma saúde invejável: Físico robusto, lucidez e memória perfeitas, bom de prosa, voz tonitroante, sadio como um peixe, ágil até no caminhar. Após os cumprimentos, foi logo dizendo:- Sempre fui um homem demais. Um atleta. Mecânico de carros durante muitos anos. Sou daquele tempo em que os carros tinham três pedais. Carros tipo “fordinho de bigode”. O “baianinho” de doze cilindros. Automóveis conhecidos por “baratinhas”. Caminhões a manivela. Carros de todos os tipos. O carro que outro mecânico não conseguisse consertar, vinha empurrado para minha oficina e voltava rodando. Sou daquele tempo, cem anos atrás, quando vieram os primeiros padres redentoristas alemães, trazendo o progresso espiritual e material. Só um exemplo: A primeira usina elétrica foi montada pelo Irmão Wenceslau, e forneceu luz para o enorme convento deles, a matriz e algumas poucas casas, inclusive o Colégio Santa Clara.
Loquacidade e vibração nas palavras
Seu Sebastião falava aos borbotões. Eu fazia uma pergunta e ele retornava com muitas respostas. - Conte alguma coisa da sua família.- Sou de Bela Vista. Meus pais foram Benedito Arantes Souza e Ana dos Reis Pereira. Aliás, tive três mães. A que me gerou e as duas que me criaram. Tive cinco irmãos. Sei de cor muitas poesias. Gosto de ler. Levanto-me às 2 horas da madrugada e rezo doze terços por muitas intenções, todas anotadas no papel. E tem mais: Quando eu cochilo, repito o que rezei antes do cochilo. - Fale um pouco do muito que sabe do Pe. Pelágio.- Pra começar, fui batizado por ele em Bela Vista , quando eu era menino. Fui seu coroinha. Ainda sei de cor as respostas em latim: “Ad Deum qui laetificat juventutem meam...” Sei imitar o seu sotaque, como de outros padres alemães daquele tempo. Quando o chamavam respondia dizia: “Um (bocadinio) bocadinho! Já vou!”. Fiz parte do seu coral em Trindade. Continuou, quase contendo a respiração:- Pe. Pelagio morou muito tempo no casarão construído em 1900 na Vila São José. Por volta de 1930 foi para Trindade. Lá ele era um “deus” para o povo. Resolvia tudo e todos os estimavam. Nunca foi de muito falar. Um pouco, por causa das dificuldades da língua, pois era alemão. Mas estava sempre pronto para atender, principalmente quando se tratava de um doente.
O caso do doente desenganado
- A esse respeito há um fato que dá o que pensar. Pe. Pelágio estava retiro esse dia. Conforme o regulamento dos redentoristas, prescrevia-se um dia de recolhimento por mês, alem de outros cinco dias cada semestre. Foi numa ocasião dessas que fomos falar com ele a respeito de um doente muito grave. O Irmão nos atendeu caridosamente, mas disse: - Hoje ele está recolhido e não gosta de ser incomodado. - Mas é um caso de doença. O doente é Francisco Ungarelli. O médico disse que ele não passa de amanhã. Ele quer receber a Unção.- Se é para isso, ele vai já. Vou avisá-lo – respondeu o Irmão. E assim aconteceu. Pe. Pelágio entrou no carro e fomos até a casa do doente. Chegando lá, cumprimentou a todos e pediu para ficar a sós com o enfermo. Administrou-lhe os sacramentos e após cerca de meia hora saiu do quarto dizendo:- Vocês foram enganados. Ele vai viver muito tempo ainda.Realmente, Francisco Ungarelli viveu mais 24 anos. Esses longos anos de vida foram atribuidos à poderosa intercessão do Pe. Pelágio junto do Pai Eterno.
Seu Sebastião ainda mostrou sua pequena biblioteca de livros sobre o Pe. Pelágio, devocionários, anotações, quadros de santos nas paredes. Admiramos a ordem e limpeza do seu quartinho, certamente zelado pelos familiares que moram com ele. Era preciso despedir-se. Mas ficou um convite para a gente voltar, pois o assunto não se esgotara ainda.
Fomos convidados pelo Manoel Dias e levados pelo Dr. Carlos Pacheco para conhecer e entrevistar Sebastião Aranha, mais um veterano que conheceu Pe. Pelágio. O encontro foi uma agradável surpresa. Tem mais de 103 anos e goza de uma saúde invejável: Físico robusto, lucidez e memória perfeitas, bom de prosa, voz tonitroante, sadio como um peixe, ágil até no caminhar. Após os cumprimentos, foi logo dizendo:- Sempre fui um homem demais. Um atleta. Mecânico de carros durante muitos anos. Sou daquele tempo em que os carros tinham três pedais. Carros tipo “fordinho de bigode”. O “baianinho” de doze cilindros. Automóveis conhecidos por “baratinhas”. Caminhões a manivela. Carros de todos os tipos. O carro que outro mecânico não conseguisse consertar, vinha empurrado para minha oficina e voltava rodando. Sou daquele tempo, cem anos atrás, quando vieram os primeiros padres redentoristas alemães, trazendo o progresso espiritual e material. Só um exemplo: A primeira usina elétrica foi montada pelo Irmão Wenceslau, e forneceu luz para o enorme convento deles, a matriz e algumas poucas casas, inclusive o Colégio Santa Clara.
Loquacidade e vibração nas palavras
Seu Sebastião falava aos borbotões. Eu fazia uma pergunta e ele retornava com muitas respostas. - Conte alguma coisa da sua família.- Sou de Bela Vista. Meus pais foram Benedito Arantes Souza e Ana dos Reis Pereira. Aliás, tive três mães. A que me gerou e as duas que me criaram. Tive cinco irmãos. Sei de cor muitas poesias. Gosto de ler. Levanto-me às 2 horas da madrugada e rezo doze terços por muitas intenções, todas anotadas no papel. E tem mais: Quando eu cochilo, repito o que rezei antes do cochilo. - Fale um pouco do muito que sabe do Pe. Pelágio.- Pra começar, fui batizado por ele em Bela Vista , quando eu era menino. Fui seu coroinha. Ainda sei de cor as respostas em latim: “Ad Deum qui laetificat juventutem meam...” Sei imitar o seu sotaque, como de outros padres alemães daquele tempo. Quando o chamavam respondia dizia: “Um (bocadinio) bocadinho! Já vou!”. Fiz parte do seu coral em Trindade. Continuou, quase contendo a respiração:- Pe. Pelagio morou muito tempo no casarão construído em 1900 na Vila São José. Por volta de 1930 foi para Trindade. Lá ele era um “deus” para o povo. Resolvia tudo e todos os estimavam. Nunca foi de muito falar. Um pouco, por causa das dificuldades da língua, pois era alemão. Mas estava sempre pronto para atender, principalmente quando se tratava de um doente.
O caso do doente desenganado
- A esse respeito há um fato que dá o que pensar. Pe. Pelágio estava retiro esse dia. Conforme o regulamento dos redentoristas, prescrevia-se um dia de recolhimento por mês, alem de outros cinco dias cada semestre. Foi numa ocasião dessas que fomos falar com ele a respeito de um doente muito grave. O Irmão nos atendeu caridosamente, mas disse: - Hoje ele está recolhido e não gosta de ser incomodado. - Mas é um caso de doença. O doente é Francisco Ungarelli. O médico disse que ele não passa de amanhã. Ele quer receber a Unção.- Se é para isso, ele vai já. Vou avisá-lo – respondeu o Irmão. E assim aconteceu. Pe. Pelágio entrou no carro e fomos até a casa do doente. Chegando lá, cumprimentou a todos e pediu para ficar a sós com o enfermo. Administrou-lhe os sacramentos e após cerca de meia hora saiu do quarto dizendo:- Vocês foram enganados. Ele vai viver muito tempo ainda.Realmente, Francisco Ungarelli viveu mais 24 anos. Esses longos anos de vida foram atribuidos à poderosa intercessão do Pe. Pelágio junto do Pai Eterno.
Seu Sebastião ainda mostrou sua pequena biblioteca de livros sobre o Pe. Pelágio, devocionários, anotações, quadros de santos nas paredes. Admiramos a ordem e limpeza do seu quartinho, certamente zelado pelos familiares que moram com ele. Era preciso despedir-se. Mas ficou um convite para a gente voltar, pois o assunto não se esgotara ainda.
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