PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
“Um Deus que ensina o amor”
Deus fez a mulher
Os textos da criação do mundo, do homem e da mulher são de um ensinamento tão grande que exigiriam mais do que uma simples reflexão. Jesus, no evangelho, reflete com os fariseus a questão do divórcio. Ensina que é a partir da Criação que se entende o matrimônio. Um dado importante que se deve ler no relato da criação é diferença entre o homem, a mulher e as outras criaturas. A mulher não é como os demais animais aos quais o homem dá o nome como sinal de posse. Ao dizer que é “osso dos meus ossos e carne de minha carne” (Gn 22,3), ensina a igualdade entre ambos. Na história do mundo a mulher quase sempre foi objeto. Para a Palavra de Deus, não há um sentido de posse e domínio, mas união: “Por isso deixará o homem a seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24). Percebemos um desligamento da família para constituir outra união. Há um segredo profundo na criação: Adão não sabe como foi feita Eva. Nem ela viu Deus fazer o homem. Cada um é para o outro um mistério a acolher e desvendar. O ser humano é obra das mãos de Deus. Nenhum está acima do outro. Cada um é um presente de Deus a ser acolhido e conhecido. O verdadeiro conhecimento só se dá pela comunhão mútua. Comungar é entregar-se e acolher. S. Agostinho comenta que Deus não tirou a mulher de um osso da cabeça para que ela não se considerasse superior; não tirou do pé para ela não a subjugasse, mas da costela, do lado, do sentimento do coração (é a mesma palavra que costela), para que constituíssem uma vida a dois na unidade. Há um princípio de igualdade. Para nós isso não é um problema, mas para o tempo sim. A Igreja iniciou a libertação da mulher. O homem vivia na solidão. Com a mulher, se liberta para a comunhão de pessoas na complementaridade.
Por que não divorciar?
Os fariseus justificavam o divórcio a partir de uma permissão de Moisés, Jesus diz que era por causa da dureza de seus corações, isto é, incompreensão do projeto de Deus. Ele supera da dureza de coração, pelo acolhimento do Reino de Deus como uma criança (Mc 10,15), isto é, sem obstáculos do coração. Jesus apóia-se na criação feita por Deus. Razão fundamental não é porque Deus não quer, mas porque o casamento se realiza em Deus. Esta é a vontade de Deus que estava na base da narrativa da criação. Ser uma só carne não é uma união superficial. Carne, em hebraico (bassar -בַסַר), significa a totalidade da pessoa, não só a carne material. Serem os dois uma só carne significa que formam um novo ser espiritual que une duas pessoas. Há uma relação com a Unidade da Trindade: Três pessoas e um só Deus. A infidelidade no casamento não é só o adultério, mas está na dissolução dos laços divinos da união espiritual. O que Deus uniu o homem não separe”! A razão é Deus.
Força da comunhão do casamento
Deus é remédio para a solidão, pois não quis que o homem ficasse só. O matrimônio funda-se não no casal, mas em Deus continua fiel em cada casal, pois se casam em Deus para que ele continue no mundo sua obra de amor fiel. A força do casamento está no desejo e no empenho permanente de comunhão. A relação física é imagem da união de alma que se realiza no casal. O que sustenta a carne no casamento é a mútua união em Cristo. A união a Cristo torna os atos humanos divinos. A Comunhão Sacramental reforça a união do casal que é continuação da união a Cristo.
Leituras:Gênesis 2,18-24; Salmo 12; Hebreus 2,9-11; Marcos 10,2-16
1. Os textos da criação do mundo e do primeiro casal refletem realidades fundamentais. Neles encontramos a doutrina sobre a superioridade do ser humano sobre os animais e da igualdade do casal. Um é um dom de Deus para o outro. O verdadeiro conhecimento se dá no mútuo acolhimento para o conhecimento do mistério que cada um é.
2. Jesus discute a questão do divórcio com os fariseus. Estes justificavam o divórcio por uma lei de Moisés. Jesus atribui esta lei à dureza de seus corações. O matrimônio se realiza em Deus de onde se tira sua unidade. A unidade não faz pela matéria. Ser os dois uma só carne quer dizer que há uma nova realidade espiritual que não se separa. Não depende do querer humano, mas de Deus.
3. Deus é remédio para a solidão do homem, pois lhe dá a plenitude no novo ser criado a dois. Deus continua fiel e o casal continua a fidelidade de Deus. O que sustenta a carne é a mútua união em Cristo. Todo o que Deus toca, se torna divino.
Osso duro roer
Muita gente critica a Igreja por ser antiquada. Não aceitar o divórcio e não seguir o mundo que evolui. (Evolui para onde?). Há muita razão nisso. Mas não toda a razão. Ela seria a primeira a permitir o divorcio se fosse ela a dona de Deus. Deus é o Senhor que nos deu princípios que correspondem à dignidade do homem e a Ele que nos ama. Ela é a grande servidora do matrimônio.
Jesus, retomando um texto do Gênesis, diz que os dois serão uma só carne. Carne, em hebraico, bassar, significa a realidade total da pessoa. Ser uma só carne quer dizer que o casal forma uma unidade tal que não se separa. Por isso não pode haver divórcio. É como partir um corpo ao meio. A cola dessa unidade dos dois é Deus.
Que tem a ver a costela de Adão? A palavra costela tem também o sentido de sentimento. Não significa que Deus esculpiu a mulher de um osso (aí sim, osso duro de roer). Mas que, em sua solidão o homem era incompleto. Sentiu falta de alguém que lhe fosse semelhante. O homem não era um bruto como os outros animais.
O texto traz também um belo exemplo de Jesus que acolhe os pequeninos. Ensina a receber outro como a criança recebe um presente. O casamento é Reino de Deus que é amor. Acolher o amor é acolher Deus. O amor de Deus é a cola que une o casal
Deus fez a mulher
Os textos da criação do mundo, do homem e da mulher são de um ensinamento tão grande que exigiriam mais do que uma simples reflexão. Jesus, no evangelho, reflete com os fariseus a questão do divórcio. Ensina que é a partir da Criação que se entende o matrimônio. Um dado importante que se deve ler no relato da criação é diferença entre o homem, a mulher e as outras criaturas. A mulher não é como os demais animais aos quais o homem dá o nome como sinal de posse. Ao dizer que é “osso dos meus ossos e carne de minha carne” (Gn 22,3), ensina a igualdade entre ambos. Na história do mundo a mulher quase sempre foi objeto. Para a Palavra de Deus, não há um sentido de posse e domínio, mas união: “Por isso deixará o homem a seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24). Percebemos um desligamento da família para constituir outra união. Há um segredo profundo na criação: Adão não sabe como foi feita Eva. Nem ela viu Deus fazer o homem. Cada um é para o outro um mistério a acolher e desvendar. O ser humano é obra das mãos de Deus. Nenhum está acima do outro. Cada um é um presente de Deus a ser acolhido e conhecido. O verdadeiro conhecimento só se dá pela comunhão mútua. Comungar é entregar-se e acolher. S. Agostinho comenta que Deus não tirou a mulher de um osso da cabeça para que ela não se considerasse superior; não tirou do pé para ela não a subjugasse, mas da costela, do lado, do sentimento do coração (é a mesma palavra que costela), para que constituíssem uma vida a dois na unidade. Há um princípio de igualdade. Para nós isso não é um problema, mas para o tempo sim. A Igreja iniciou a libertação da mulher. O homem vivia na solidão. Com a mulher, se liberta para a comunhão de pessoas na complementaridade.
Por que não divorciar?
Os fariseus justificavam o divórcio a partir de uma permissão de Moisés, Jesus diz que era por causa da dureza de seus corações, isto é, incompreensão do projeto de Deus. Ele supera da dureza de coração, pelo acolhimento do Reino de Deus como uma criança (Mc 10,15), isto é, sem obstáculos do coração. Jesus apóia-se na criação feita por Deus. Razão fundamental não é porque Deus não quer, mas porque o casamento se realiza em Deus. Esta é a vontade de Deus que estava na base da narrativa da criação. Ser uma só carne não é uma união superficial. Carne, em hebraico (bassar -בַסַר), significa a totalidade da pessoa, não só a carne material. Serem os dois uma só carne significa que formam um novo ser espiritual que une duas pessoas. Há uma relação com a Unidade da Trindade: Três pessoas e um só Deus. A infidelidade no casamento não é só o adultério, mas está na dissolução dos laços divinos da união espiritual. O que Deus uniu o homem não separe”! A razão é Deus.
Força da comunhão do casamento
Deus é remédio para a solidão, pois não quis que o homem ficasse só. O matrimônio funda-se não no casal, mas em Deus continua fiel em cada casal, pois se casam em Deus para que ele continue no mundo sua obra de amor fiel. A força do casamento está no desejo e no empenho permanente de comunhão. A relação física é imagem da união de alma que se realiza no casal. O que sustenta a carne no casamento é a mútua união em Cristo. A união a Cristo torna os atos humanos divinos. A Comunhão Sacramental reforça a união do casal que é continuação da união a Cristo.
Leituras:Gênesis 2,18-24; Salmo 12; Hebreus 2,9-11; Marcos 10,2-16
1. Os textos da criação do mundo e do primeiro casal refletem realidades fundamentais. Neles encontramos a doutrina sobre a superioridade do ser humano sobre os animais e da igualdade do casal. Um é um dom de Deus para o outro. O verdadeiro conhecimento se dá no mútuo acolhimento para o conhecimento do mistério que cada um é.
2. Jesus discute a questão do divórcio com os fariseus. Estes justificavam o divórcio por uma lei de Moisés. Jesus atribui esta lei à dureza de seus corações. O matrimônio se realiza em Deus de onde se tira sua unidade. A unidade não faz pela matéria. Ser os dois uma só carne quer dizer que há uma nova realidade espiritual que não se separa. Não depende do querer humano, mas de Deus.
3. Deus é remédio para a solidão do homem, pois lhe dá a plenitude no novo ser criado a dois. Deus continua fiel e o casal continua a fidelidade de Deus. O que sustenta a carne é a mútua união em Cristo. Todo o que Deus toca, se torna divino.
Osso duro roer
Muita gente critica a Igreja por ser antiquada. Não aceitar o divórcio e não seguir o mundo que evolui. (Evolui para onde?). Há muita razão nisso. Mas não toda a razão. Ela seria a primeira a permitir o divorcio se fosse ela a dona de Deus. Deus é o Senhor que nos deu princípios que correspondem à dignidade do homem e a Ele que nos ama. Ela é a grande servidora do matrimônio.
Jesus, retomando um texto do Gênesis, diz que os dois serão uma só carne. Carne, em hebraico, bassar, significa a realidade total da pessoa. Ser uma só carne quer dizer que o casal forma uma unidade tal que não se separa. Por isso não pode haver divórcio. É como partir um corpo ao meio. A cola dessa unidade dos dois é Deus.
Que tem a ver a costela de Adão? A palavra costela tem também o sentido de sentimento. Não significa que Deus esculpiu a mulher de um osso (aí sim, osso duro de roer). Mas que, em sua solidão o homem era incompleto. Sentiu falta de alguém que lhe fosse semelhante. O homem não era um bruto como os outros animais.
O texto traz também um belo exemplo de Jesus que acolhe os pequeninos. Ensina a receber outro como a criança recebe um presente. O casamento é Reino de Deus que é amor. Acolher o amor é acolher Deus. O amor de Deus é a cola que une o casal
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