POR CAUSA DA MÃE, É LUGAR ESPECIAL PARA CELEBRAR JESUS
Nasci em Aparecida e desde pequeno me acostumei a ver minha cidade cheia de gente. Não entendia bem, mas sabia que vinham para visitar Nossa Senhora no alto da colina. Como me lembro dos trens, com as locomotivas enfeitadas, com bandeiras e estandartes, chegarem nas madrugadas de domingo à estação, donde os romeiros saiam em procissão, subindo a ladeira, que leva até a basílica (hoje matriz-basílica)! Quando, principalmente o trem, estava muito enfeitado ou os ônibus ou “jardineiras”, como eram chamados, chegavam em caravana, todos em fila, muito disciplinadamente, ouvia as pessoas dizerem com ar de seriedade: É a romaria do Rosário...é a romaria dos Liguistas (Liga Católica Jesus Maria José), é a romaria do Apostolado (Apostolado da Oração) !
Eram peregrinações organizadas, muito concorridas, em que as pessoas vinham mesmo para rezar. Não que as outras não viessem com igual intuito, mas é que essas se destacavam por acontecerem todos os anos e seus participantes terem uma programação com procissões, via-sacra no Morro do Cruzeiro, missa; programação que era cumprida com muita piedade e unção.
Como me lembro dos caminhões (paus-de-arara) repletos de romeiros, que estacionavam pela cidade, geralmente próximos dos hotéis ou pensões (é! havia então muitas pensões!), de onde as pessoas se dirigiam à igreja para ver a “Santa”!
Mais tarde compreendi que minha cidade era mesmo diferente das outras, até lhe deram o nome de Capital Mariana do Brasil, Cidade Santuário, isto é, lugar sagrado, predestinado, onde algo de diferente, de especial havia acontecido ou acontecia.
De fato, Aparecida é lugar sagrado, onde Deus resolveu fazer uma intervenção, chamando a atenção dos brasileiros para o seu projeto de um reino onde todos pudessem ser felizes e amar-se uns aos outros. Quando nessa terra brasileira, batizada de Terra de Santa Cruz, no novo mundo há pouco tempo descoberto, seu Evangelho tão bem ensinado por Anchieta e outros, não inspirava a vida do povo mas, ao contrário, a cobiça, a opressão, a escravidão eram o cotidiano de sua gente, algo diferente, algo especial aconteceu. Foi exatamente o feliz achado de uma imagem de argila, enegrecida, tosca e quebrada (a cabeça separada do corpo), que representa Maria Santíssima, a Imaculada Mãe de Deus e nossa, aparecida das águas pardacentas do rio Paraíba nas redes de três humildes pescadores em outubro de 1717. E Maria, através dessa imagem tão singela entronizada no altar de uma capelinha de taipa no alto do morro, com ternura, porém, com seriedade e amor materno, passou a nos lembrar constantemente do que seu Filho Jesus nos ensinou e do que Ele tem esperado de nós em nossa vida... Sua mensagem predileta: “Fazei tudo o que Ele vos disser...” e o Brasil não foi mais o mesmo e a Igreja, no Brasil, também não foi mais a mesma.
Não vou aqui seguir contando os fatos depois acontecidos, porque são muito bem de conhecimento de todos. O que quero dizer é que aquela minha surpresa de criança hoje é encantamento! Morando perto do Santuário, tenho participado de muitos eventos, ouvido pelo rádio e visto através destas nossas queridas TVs católicas, a Rede Vida, TV Aparecida, TV Horizonte, Canção Nova, como o Santuário da Mãe Aparecida é mesmo o centro da Igreja no Brasil, o lugar escolhido pelo povo, para aprofundar a sua fé em Jesus Redentor e afervorar o seu amor para com Ele, para reafirmar sua esperança em dias melhores e pedir a bênção de Sua e nossa Mãe Aparecida. É assim que para essa basílica (hoje uma igreja enorme, a 2ª maior do mundo e não mais aquela igreja, de taipa, ainda estimada, postada no alto da colina!) convergem não apenas o querido Apostolado da Oração ou os Liguistas, Legionários, Vicentinos ou a Arquiconfraria do Rosário, mas dioceses inteiras, com o seu bispo e clero, congregações religiosas, movimentos eclesiais, como a Renovação Carismática e as diversas Pastorais, instituições públicas e privadas, as crianças, os jovens, muitas organizações de assistência social como orfanatos e creches, instituições hospitalares, sindicatos, peregrinos das mais diversas classes sociais, como operários, ruralistas, militares, estudantes, esportistas e tantos outros. Não há dia em que algum grupo de irmãos católicos não esteja em Aparecida celebrando a sua fé e renovando seu compromisso cristão. E entre preces e cânticos, muita devoção e alegria, depois de passarem pelo trono, fazem de sua estada no santuário um momento singular de encontro com Cristo, quer pela aproximação do sacramento da penitência, quer O recebendo na Eucaristia...realizam uma experiência concreta de Deus. E certamente saem fortalecidos e motivados para a caminhada, para a continuação da caminhada até o destino final junto à Trindade Santa no céu, sob o olhar carinhoso daquela que por esses dias celebramos como NOSSA SENHORA APARECIDA, A PADROEIRA DO BRASIL, A MÃE E RAINHA DO POVO BRASILEIRO.
Nota: quando escrevi esse texto, ainda não havia a TV Aparecida; Bento XVI não havia visitado Aparecida (aliás, ele nem era Papa ainda) nem havia sido realizada a V ª Conferência do Episcopado Latino-americano e do Caribe, nem havia o projeto do centro de conferências para a CNBB, em substituição ao de Itaici. Comprovando a singularidade da pequena Aparecida, onde muitos de nós passaram a meninice.
Autoria: Paulo de Oliveira (Paulinho)
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