PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
O copo d’água
A vida cristã realiza o caminho de santificação na simplicidade dos pequenos gestos. São como os grãos de areia que fazem as praias, como as gotas d’água que fazem o mar. Jesus mesmo explica quando diz “que o copo d’água fresca dado ao pequenino, não ficará sem sua recompensa”. É necessário estar convencido dessa maneira de ser para não cairmos em uma espiritualidade de economia, como se a santidade fosse acúmulo de bens espirituais. Como cada gota d’água, por mínima que seja é totalmente água, assim também o pequeno gesto é um paraíso de santidade. Onde há esse pequeno gesto, há santidade e se realiza o caminho espiritual de acordo com Jesus. Os homens e as mulheres que chegaram a grande santidade realizaram esse projeto. A gente mesmo se preocupa pelo fato de não conseguir fazer grandes coisas. Comecemos pelas pequenas. Desde o sorrir a um humilde, uma pequena doação a uma instituição, o respeito para com a pessoa do outro. Essa atitude, quanto mais oculta e desconhecida, mais valor tem. No mundo atual somos muito voltados para o individualismo. A atitude de pensar nos outros é ser contra corrente. É uma evangelização dessa cultura que destrói o amor fraterno. Jesus o nota, no evangelho, quando fala da viúva que deu, com pequenas moedas, mais que os ricos que colocavam grande somos no coleta. Assim deu o que lhe fazia falta.
Onde está a bacia?
Junto ao copo d’água, encontramos uma bacia. No momento em que Jesus na última ceia e instituía o memorial da salvação, quis significar toda Sua vida em um gesto que seria o distintivo do discípulo. Cingiu-se com uma toalha, pos água na bacia e começou a lavar os pés dos discípulos. “Sabeis o que vos fiz, diz Ele, eu que sou Mestre e Senhor? Se eu que sou vosso mestre, vos laveis os pés, deveis lavar os pés uns dos outros. Nisto conhecerão que sois meus discípulos se lavardes os pés uns dos outros” (Jo 13,14). Nisso significava o sentido de sua vida, morte, o sentido da Eucaristia,da autoridade sacerdotal e o caminho da espiritualidade. Temos que gritar: “Onde esconderam a bacia?” O Cristianismo tomou tantas estradas atrapalhadas do autoritarismo, rituais, edifícios, artes e políticas. A bacia foi ficando cada vez mais esquecida. Jesus já dissera: “Entre vós não será assim. O que for o maior, seja o servo de todos”. É chocante ver o autoritarismo se nos colocarmos lado a lado com Jesus com a bacia lavando os pés dos discípulos. Não se vê ninguém brigar por isso. E, o que é pior, justificam-se essas atitudes. O que diria Jesus? As outras Igrejas também precisam se preocupar e examinar seu modo de ser. A união de todos vai acontece quando todos brigarem por servir os irmãos. E não por servir-se dos irmãos.
Resistência pacífica
Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Jesus em Suas palavras iniciou o movimento da paz. Quando falamos de tanta violência e terrorismo, chegamos ao momento de construir a paz em todas as dimensões. Não adianta ser contra a violência e a guerra. É preciso ser a favor da paz como caminho de espiritualidade porque somos santos. Pacificando nosso coração seremos uma vulcão de paz! Vejamos dentro de nossas casas e em nossas comunidades a quantas anda a agressividade. Jesus proclama: “Felizes os construtores da paz porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Serão semelhantes ao Pai do Céus
Art.nº435 - Setembro/2005
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